Luiz Felipe Scolari disse que fez tudo certo e quem “gostou, gostou; quem não gostou que vá para o inferno!”. Depende do ponto de vista sobre o “tudo certo”. Se falarmos de teatro ele e Carlos Alberto Parreira realmente foram muito bem e merecem nota 10: disseram que o Brasil seria campeão, pois tinha essa obrigação; ensinaram os jogadores a cantar o Hino Nacional à “capela”, com todo o vigor; alguns , como o David Luiz, aos berros, com cara feia. Também ensaiaram bem a nova moda de se entrar em campo, trocando as mãos dadas inventadas pelo Dunga pela mão no ombro do companheiro à frente, em fila indiana. Inventaram também uma psicóloga para conter a tremedeira do grupo quando começou chegar a hora da verdade, como se um profissional desses resolvesse este tipo de problema em algumas seções coletivas e em público, como foi feito.
Mudaram a forma de atuar do assessor de imprensa, Rodrigo Paiva, até então um sujeito cordial e prestador de bons serviços à CBF como jornalista. Virou “leão de chácara”, para impedir perguntas inconvenientes de jornalistas e depois agredir jogador chileno no intervalo.
Acharam que foi o terço do goleiro Victor que salvou o Júlio César e o time nos pênaltis contra o Chile; aí tentaram transformar o Neymar, machucado, em mártir e santo milagreiro. Puseram os jogadores e toda a comissão técnica para entrar em campo contra a Alemanha com boné com o nome dele. Na hora do Hino, mais uma dose cavalar, com o capitão David Luiz e o Júlio César exibindo a camisa do Neymar.
E teve ainda o sal grosso que o preparador físico Paulo Paixão espalhou no gramado do Mineirão antes da entrada dos times. Na Idade Média era usado para afastar os maus espíritos, os demônios e as bruxas das casas, assim como nos dias atuais. Não consta que espante também goleadas de times bem treinados e com grandes jogadores bem escalados. Mas como teatro, vale!
Como teatrólogos e atores, os comandantes Scolari e Parreira merecem realmente nota 10, mas não foi para isso que eles foram contratados pela famigerada CBF. Como veteranos e rodados profissionais do futebol, só não merecem nota zero porque convocaram jogadores que a maioria dos treinadores convocaria. Faltou aos convocados um técnico competente que, que treinasse o time.
Para completar, aquela ridícula entrevista coletiva no dia seguinte aos 7 a 1. Foram 49 minutos de bobagens, quando tentaram convencer a todos que a goleada foi fruto apenas de um “apagão” de seis minutos que resultou nos quatro gols alemães. Tese também defendida pelos amigos e atores deles na imprensa. Com direito à tal carta elogiosa da suposta senhora “Lúcia”, lida pelo Parreira.
–
» Comentar