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Os dois burros do Levir Culpi: um na sombra e outro com sorte

Infelizmente não será possível comparecer ao relançamento do livro “Burro com Sorte”, de autoria do Levir Culpi, hoje, no Itatiaia Rádio Bar. Mas vou lê-lo porque deve ser muito bom, pelo conhecimento e vivência do treinador no futebol e acima de tudo pela pessoa que é o Levir, anti-hipócrita, sincero e transparente, gente cada dia mais rara no mundo do futebol.

Especialmente esta semana ele tem dado aulas públicas ao meio futebolístico do Brasil inteiro, falando coisas que o público, imprensa e acima de tudo os dirigentes precisam ouvir. Na coletiva depois do Atlético 2 x 1 Palmeiras foi claro: contratar e não ter dinheiro para pagar só piora tudo, no presente e no futuro da vida de qualquer clube. Estamos cheios de exemplos país afora.

Sentiu-se traído pelo lateral Marcos Rocha, que ao invés de falar com ele, que é adepto do diálogo com os jogadores, preferiu dar entrevista dizendo que o grupo não estava se dando bem no sistema de marcação “por zona”, pois todos preferiam a marcação individual. Ora, ora, já deveriam ter falado isso com ele desde que chegou e não agora depois de tantos gols tomados em bolas cruzadas na área e precisos pontos perdidos!

LEVIR

Nessa mesma coletiva alertou a jornalistas que é preciso que em nossa profissão respeitemos mais a inteligência de ouvintes, leitores e telespectadores e tenhamos mais cuidado ao perguntar. Valeu para muitos que perguntam já respondendo a pergunta e também para aqueles que não prestam atenção no trabalho e perguntam o que já foi perguntado e respondido naquela mesma coletiva.

Levir Culpi sempre foi assim. Quando trabalhou pela primeira vez em Belo Horizonte pegou o Atlético na “repescagem” do Brasileiro, depois do fracasso na primeira fase daquela fatídiga “Selegalo”. Seus métodos de trabalho puseram para correr folgados que não queriam nada mais com a dureza, como Renato Gaúcho, Neto, Gaúcho e vários outros. Com ex-juniores e contratados desconhecidos, chegou em 4º lugar.

O Atlético perdeu de 1 x 0 para o Corinthians, no Morumbi, depois de um frango do goleiro Humberto, numa bola chutada de longe pelo lateral Branco. No ano seguinte Levir foi campeão mineiro com o Galo, mas ali começava a “Era Paulo Curi”, de contratações malucas, milionárias e a origem das complicações financeiras que o clube vive até hoje. Levir foi demitido por divergir publicamente das irresponsabilidades do presidente.

O Atlético foi o primeiro clube grande do Levir como treinador, que teve uma passagem “tampão” pelo Inter. Mas demonstrava a mesma personalidade de agora, quando está realizado profissionalmente e não precisa escalar seus times para segurar resultados, ou esconder o que pensa para não desagradar a jogadores, torcida, dirigentes ou a imprensa. Zero de hipocrisia ou fazer média com alguém!

Mas (sempre tem um “mas”, não é?), em compensação não tinha um defeito que anda demonstrando atualmente em suas entrevistas. Tem repetido muito que “saio se não me quiserem aqui”; um arroubo que não combina com ele, mesmo estando com o “burro na sombra”, fruto do seu trabalho brilhante e honesto por onde passou.

Soa como ameaça, como se ele fosse um salvador da pátria ou que será o último treinador da história desses jogadores ou do Atlético.


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Comentários:
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  • ZédoGalo disse:

    Os gestores do Galo, a cada comentário negativo devem estar falando: ah! mas o botafogo, ah! mas o flamengo, ah! mas o palmeiras…
    Ora, que se fodam os outros, estou preocupado é com nossa casa. Esses maus gestores, assim como os maus jogadores passam, e o Galão da massa fica.

  • luiz ibirite disse:

    stefano que o senhor avalia como campeonato fácil para o cruzeiro eu avalio que no comando do cruzeiro tem profissionais serios, preparados e competentes, planejamento e estrategias bem definidas e isso hoje tem de caminhar junto para que a coisa funcione. estão ai os resultados, crescimento em todos os aspectos, receitas, torcidas, consequentemente títulos e reconhecimento.

  • Pedro Vitor disse:

    Levir Culpi vem mudando a forma de pensar de muita gente.

    Eu mesmo, fui contra ele em algumas decisões que teve, ate por teimosia dele mesmo. Pois a gente vê futebol a muito tempo, entendemos um pouco, mas não estamos vivenciando o dia a dia.

    Comentamos muito o resultado, ate porque este é o papel do torcedor.

    Analisando o trabalho do Levir ele esta reorganizando o time e isso leva tempo. Me lembro quando o Cuca chegou, ele teimou em escalar Renan Ribeiro por 20 ou 30 jogos, e quando colocou o Giovanni, o time melhorou por inteiro. André que vinha mal, fez gols importantes. Ate o Daniel Carvalho fez boas partidas.

    Então acredito que o Levir possa reorganizar o elenco no restante do ano. E a continuidade pode ser reflexo do que ele conseguiir este ano, mas temos condições de estar melhor do que estamos, e podemos galgar grandes conquistas ano próximo.

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Eu gosto da sinceridade do Levir, os treinadores brasileiros são cheios de nove horas, quando vão falar da realidade dos clubes que treinam. Vi hoje que o Levir vetou novas contratações, tá certo, o clube que não está pagando salário em dia e contrata está fora da realidade.
    O que vimos ontem com o Inter e o Fluminense sendo eliminados da Copa do Brasil, é o reflexo do que acontece no futebol brasileiro, nivelado por baixo, por isso, quando eu falo que o cruzeiro está ganhando um campeonato muito fácil, como ganhou no ano passado, os azuis ficam com raiva, mas é verdade. Times milionários perdendo pra time de refugo. De outro lado o cruzeiro, apesar de não ter nenhum craque no elenco, é um time organizado em campo, é o que está valendo ultimamente, cada um sabe o que vai fazer em campo.

  • Paulo Afonso disse:

    Sobre o seu “porém”, acho que entendo as colocações do Levir… Na verdade acredito que ele esteja dizendo que é o responsável pelas decisões e, mesmo que não fosse, no Brasil a cultura é a de trocar de técnico após qualquer sequência (ainda que curta) de resultados negativos… Ele tem consciência disto e está preparado para receber uma notícias destas sem espanto… Lembrando que isto acontece depois dele ficar 7 anos no Japão sem conseguir um título sequer… Apesar da “fraca” campanha, seu time o deixaria mais 7 anos “com muito prazer”, já que os japoneses têm outra cultura, sendo mais éticos e valorizando, entre outros aspectos, o caráter da pessoa…

  • Paulo Afonso disse:

    O Levir sempre demonstrou ter caráter… Entendo que, ao demonstrar publicamente suas opiniões ainda que estas atinjam diretamente pessoas com poder de decisão, ele confirma isto… Muito se falou em “revolução” no futebol brasileiro… Também existe a questão do “Bom Senso Futebol Clube”… O Levir está contribuindo com tudo isto… Ele está fazendo um trabalho mais humano com os atletas, indica erros na montagem do calendário, fala abertamente que os clubes não podem gastar milhões em contratações e salários se não têm receita para isto e até mostra ser uma versão do Telê Santana quando diz que “jogador de futebol é empregada doméstica que ganha milhões” (preocupado com o fato do atleta não ser preparado para viver neste novo patamar financeiro)… Acho que falta mais gente assim no meio do futebol…

  • kleber Bsb disse:

    Também concordo com o Levir e serve de exemplo para o próximo presidente que virá no lugar do Kalil. Primeiro pagar o salário em dia, assim você poderá cobrar de seus funcionários o resultado. O programa sócio torcedor do Galo é irrisório, porque não copiar os times do sul? Ficar chorando o dinheiro do Bernard até quando?

  • Rafael disse:

    Levir voltou mais teimoso, mas já tinha essa característica. Se não me engano, em 95, escalou em vários jogos o limitado lateral-direito Dinho na lateral-esquerda, enquanto na base o Dedê já jogava bem.

    E Levir custou a colocar o Éder Aleixo naquele time, ainda em 94.

  • Paulo Cesar disse:

    Concordo com seus comentarios a respeito da personalidade, caráter, virtudes, defeitos e métodos de trabalho do Levir, Chico, e no campo do “mas”, também incluo uma caracteristica mais forte nesta passagem no Galo: a teimosia.

  • Adalton disse:

    Concordo. Gostaria de tecer um comentário sobre a “solução mágica” que alguns insistem que seria a volta do campeonato brasileiro com uma fase de classificação, seguida por outra de mata-mata: a Copa do Brasil, do jeito que é disputada(com os clubes da Libertadores entrando na parta final), não seria praticamente a mesma coisa com muitos mata-matas? Se o Brasileiro também for de mata-mata, não vejo lógica. Penso, que é muito interessante do jeito que está. Agora, o futeb ol precisa passar por mudanças, como todos apregoam, mas muito mais na parte estrutural, categorias de b ase dos clubes, equilíbrio financeiro dos clubes, etc.

  • EDUARDO - BH disse:

    Post perfeito. Concordo plenamente. Levir tem reconquistado a torcida com sua franqueza e principalmente realismo.

  • Márcio Luiz disse:

    O Levir deveria colocar também o departamento médico do CAM na parede.

    A torcida merece uma explicação melhor nesse caso do Réver e de outros jogadores que demoram séculos para se recuperar.