Senhoras e senhores,
li no excelente 1822 do Laurentino Gomes, que Dom Pedro I só se decidiu a declarar a Independência do Brasil depois de percorrer Minas Gerais, entrar em Vila Rica, a nossa atual Ouro Preto, e ter certeza que os mineiros o apoiariam. Sem Minas, nada feito! Foi uma viagem épica. Saiu da Corte, no Rio, no dia 25 de março (por coincidência, mesmo dia da fundação do Atlético, porém em 1822, contrariando incontáveis recomendações, pois seus principais conselheiros achavam que ele seria trucidado “naquelas montanhas”.
Veio, viu, gostou da recepção colorosíssima que recebeu e meses depois, na volta, passando por São Paulo, teve que antecipar o grito da independência, que seria dado no Rio de Janeiro.
Uma pena que no Brasil a história seja tão pouco valorizada. Dom Pedro foi muito mais importante do que aprendemos com os nossos professores nas escolas; Minas é muito mais do que o nosso conhecimento alcança e os livros escritos pelo Laurentino (1808, 1822 e 1889) deveriam ser devorados por todo brasileiro. Certamente tentaríamos fazer um país melhor.
Lembrei-me dessas coisas depois de ler esta ótima coluna do Vinicius Mota, na Folha de S. Paulo do dia 1º de setembro, para nos situarmos no Dia da Independência, amanhã:
* “Do Planalto à Província”
O meteoro Marina Silva parece prestes a destruir as pretensões de Aécio Neves. A cristalizar-se o quadro do mais recente Datafolha –o que saberemos nos próximos 15 dias–, antecipa-se o embate binário, típico do segundo turno, entre Marina e a presidente Dilma.
Seria um baque histórico para os tucanos, que foram vencedores ou finalistas das últimas cinco eleições presidenciais. Para o PSDB, o melhor obviamente seria que seu candidato se recuperasse e voltasse a brigar por uma vaga no segundo turno.
Se isso não for possível, o objetivo passará a ser sustentar as preferências por Aécio no mínimo em 15%. Uma desidratação moderada da candidatura retiraria poder de barganha do partido na etapa final, além de repercutir negativamente nas votações para o Congresso Nacional.
Já uma degradação acentuada do apoio ao senador mineiro agregaria o risco de a eleição ser liquidada no primeiro turno. Na situação de hoje, Marina e Dilma estão a menos de dez pontos percentuais de obter a maioria dos votos válidos. A hipótese de definição em 5 de outubro passa a ser plausível, por exemplo, se Aécio perder metade de seu cacife para Marina.
O Planalto não é a única preocupação atual do presidenciável do PSDB. Seu grupo arrisca-se a perder o governo de Minas após 12 anos de mando.
O petista Fernando Pimentel corre à frente de um tucano envelhecido, Pimenta da Veiga. Com chances de ser derrotado na corrida presidencial, o PT vislumbra em Minas uma compensação razoável, uma base rica e populosa onde abrigar quadros e recompor-se para 2018. Descarrega um caminhão de recursos na disputa regional.
O assédio para que Aécio cuide prioritariamente de sua aldeia será inversamente proporcional à sua viabilidade nacional. A ascensão de Marina tende a empurrar para a Província a guerra entre petistas e tucanos. Sinal dos tempos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/183396-do-planalto-a-provincia.shtml
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