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Indignação contra o uso do futebol como instrumento da ditadura militar

Jairzinho, o “Furacão da Copa” de 1970, colaborou com a ditadura militar brasileira. O nome dele está em documentos do relatório apresentado pela Comissão da Verdade. A participação de jogadores, dirigentes e colegas da imprensa esportiva tanto no golpe de 1964 quanto na repressão que se seguiu é muito pouco falada; mistério, mas foi forte, já que o futebol era usado pelo regime para esconder o que se passava nos porões da ditadura.

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Recebi e-mail do Presidente do Sindicato de Engenheiros de Minas Gerais – Senge -, Raul Otávio da Silva Pereira, manifestando a sua tristeza, como cruzeirense, pela atuação do Jairzinho nesta triste página da história do Brasil. Confira, na íntegra:

“Lembro-me de ter escutado o jogo final (Cruzeiro 3 x 2 River Plate) em cima de um muro na minha casa, em Cuiabá, tentando fazer milagres para que o velho Transglobe da Philco pegasse algum sinal da transmissão. Até promessa fiz  na época, na inocência dos meus 15 anos – me comprometi a fazer a pé o caminho entre a minha casa e a Universidade Federal – algo como 5 quilometros, nada assombroso – ir ao clube da Universidade, nadar e voltar também a pé, sem tomar um único gole de água que fosse. Promessa feita, promessa cumprida. Foi minha forma de me penitenciar e agradecer pelo título inédito.

Foi uma decepção muito grande ver o nome do Jairzinho nesse documento. Nada de revanchismo e muito menos  “caça às bruxas” – apenas acho que todos brasileiros devem entender o papel que figuras de destaque nacional – como ele – desempenharam durante o regime de exceção no país.

Nunca é demais lembrar que nesse ano, em que a maioria de nós ainda era criança, vários crimes e situações anti-democráticas foram perpetrados pelo governo da época, presidido por Geisel. Basta consultar o Google. Quantas pessoas eventualmente podem ter sido presas, torturadas ou assassinadas por atos como esse ? Quantas “culpas” Jairzinho talvez carregue em sua consciência ?

Nada a pontuar a respeito. Cada um sabe da sua vida. Mas que esse momento da vitória na Libertadores – inesquecível para milhões de cruzeirenses como eu – pelo menos para mim ficou com uma mancha, um “gosto de guarda-chuva na boca”, não há como negar.

Recentemente, no dia 24 de dezembro, Jairzinho deu uma entrevista no rádio, no dia em que fez 70 anos de idade. Me chamou a atenção a forma pouco elegante na qual ele “chamou prá si” a responsabilidade e o comando daquele timaço campeão da Libertadores em 1976. Não dei muita atenção naquele momento, em respeito à sua idade. Mas ele falou como se Raul, Nelinho, Eduardo, Palhinha, Joãozinho, Zé Carlos, Vanderlei e outros – inclusive Roberto Batata, falecido durante o torneio – fossem meros coadjuvantes, apenas esperando que o “Furacão da Copa” os liderasse rumo ao título. Todos sabemos que não foi bem assim. Poderíamos dizer talvez que a chegada de Jairzinho naquele ano foi a “cereja do bolo” em um time que todos conheciam, respeitavam e temiam. E no final deu certo, o time foi campeão com sobras.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas é praticamente impossível não fazer uma ligação – o senhor septuagenário sem um pingo de humildade com o jovem adesista e delator da década de 70. Talvez seja uma falha de caráter característica desse cidadão – independentemente de quantos anos de idade tenha.

Que pena.” Raul Otávio da Silva Pereira

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Comentários:
12
  • Antônio CATÃO Jr. disse:

    Edson Dias,
    Você tem razão, “em qualquer país civilizado”, mas aqui é Brasil. Pegue o Projeto de Regulação da imprensa que está no Plano Nacional de Direitos Humanos e veja se não é censura.

  • edson dias disse:

    Vi cada comentário PRÓ ditadura militar que me fez ficar de cabelo mais arrepiado que os 6 x 1 que o Galo tomou do Cruzeiro em 2011… por fim, regulação da imprensa não tem NADA HAVER com censura da imprensa. Regulação da imprensa é algo que existe em qualquer país civilizado, estágio que estamos ainda muito distantes de atingir.

  • Antônio CATÃO Jr. disse:

    Pedro Paulo. Muito interessante e com informações importantes o seu comentário.
    Quando faço uma reflexão histórica sobre tudo, inclusive nos dias atuais, não nos resta mais esperança.
    Corrupção sempre existiu e continua existindo. A punição, por outro lado…
    Foram responsáveis pela “redemocratização” do Brasil, e que estão no poder agora, os mesmos que pegaram em armas há 40 – 50 anos, para instituir a ditadura do proletariado, como o próprio Gabeira confirmou em entrevista.
    O Ministro de Estado faz um pronunciamento de manhã e a presidentA o desmente à tarde;
    Benefícios previdenciários estão sendo cortados;
    A primeira ação do novo Ministro das Comunicações é a regulação, entenda-se censura, da imprensa;
    Coloca-se um opositor ferrenho das Forças Armadas, que inclusive prega a desmilitarização das Polícias Militares, para Ministro da Defesa;
    CHORA, Brasil…!

  • Mais uma versão, ajuda principalmente aos jovens;
    Ecos do 31 de Março.
    1964 – Um Testemunho
    Fernão Lara Mesquita
    Para entender o que aconteceu em 64 é preciso lembrar o que era o mundo naquela época.
    Um total de 30 países, parando na metade da Alemanha de hoje, havia sido engolido pela Rússia comunista por força militar. Invasão mesmo, que instalava um ditador que atuava sob ordens diretas de Moscou. Todos os que tentaram escapar, como a Hungria em 56, a Checoslováquia em 68, a Polônia em 80 e outros, sofreram novas invasões e massacres.
    E tinha mais a China, o Vietnã, o Camboja, a Coreia do Norte, etc, na Ásia, onde houve verdadeiros genocídios.
    Na África era Cuba que fazia o papel que os russos fizeram na Europa, invadindo países e instalando ditadores no poder.
    As ditaduras comunistas, todas elas, fuzilavam sumariamente quem falasse contra esses ditadores.
    Não era preciso agir, bastava falar para morrer, ou nem isso. No Camboja um quarto de toda a população foi executado pelo ditador Pol Pot entre 1975 e 1979, sob os aplausos da esquerda internacional e da brasileira.
    Os países onde não havia ditaduras como essas viviam sob ataques de grupos terroristas que as apoiavam e assassinavam e mutilavam pessoas a esmo detonando bombas em lugares públicos ou fuzilando gente desarmada nas ruas.
    As correntes mais radicais da esquerda brasileira treinavam guerrilheiros em Cuba desde antes de 1964. Quando João Goulart subiu ao poder com a renúncia de Jânio Quadros, passaram a declarar abertamente que era nesse clube que queriam enfiar o Brasil.
    64 foi um golpe de civis e militares brasileiros que lutaram na 2ª Guerra Mundial e derrubaram a ditadura de Getúlio Vargas, para impedir que o ex-ministro do Trabalho de Vargas levasse o País para onde ele estava prometendo levá-lo, apesar de se ter tomado presidente por acaso. Tratava-se portanto, de evitar que o Brasil entrasse num funil do qual não havia volta, e por isso tanta gente boa entrou nessa luta e a maioria esmagadora do povo, na época, a apoiou.
    A proposta do primeiro governo militar era só limpar a área da mistura de corrupção com ideologia que, aproveitando-se das liberdades democráticas, armava um golpe de dentro do sistema para extingui-las de uma vez por todas, e convocar novas eleições para devolver o poder aos civis.
    Até outubro de 65, um ano e meio depois do golpe, seguindo o combinado, os militares tinham-se limitado a cassar o direito de eleger e de ser eleito, por dez anos, de 289 pessoas, incluindo 5 governadores, 11 prefeitos e 51 deputados acusados de corrupção mais que de esquerdismo.
    Ninguém tinha sido preso, ninguém tinha sido fuzilado, ninguém tinha sido torturado. Os partidos políticos estavam funcionando, o Congresso estava aberto e houve eleições livres para governador e as presidenciais estavam marcadas para a data em que deveria terminar o mandato de Jânio Quadros.
    O quadro só começou a mudar quando em outubro de 65, diante do resultado da eleição para governadores, o Ato Institucional nº 2 (AI-2) extinguiu partidos, interferiu no Judiciário e tornou indireta a eleição para presidente. Foi nesse momento que o jornal O Estado de S. Paulo, que até então os apoiara, rompeu com os militares e passou a combatê-los.
    Tudo isso aconteceu praticamente dentro de minha casa, porque meu pai, Ruy Mesquita, era um dos principais conspiradores civis, fato de que tenho o maior orgulho.
    Antes mesmo da edição do AI-2, porém, a esquerda armada já havia matado dois: um civil, com uma bomba no Cine Bruni, no Rio, que feriu mais um monte de gente; e um militar numa emboscada no Paraná. E continuou matando depois dele.
    Ainda assim, a barra só iria pesar mesmo a partir de dezembro de 68, com a edição do AI-5. Aí é que começaria a guerra. Mas os militares só aceitaram essa guerra depois do 19º assassinato cometido pela esquerda armada.
    Foi a esquerda armada, portanto, que deu o pretexto para a chamada ‘linha dura” militar tomar o poder e a ditadura durar 21 anos, tempo mais que suficiente para os trogloditas de ambos os lados começarem a gostar do que faziam quando puxavam gatilhos, acendiam pavios ou aplicavam choques elétricos.
    A guerra é sempre o paraíso dos tarados e dos psicopatas e aqui não foi diferente.
    No cômputo final, a esquerda armada matou 119 pessoas, a maioria das quais desarmada e que nada tinha que ver com a guerra dela; e os militares mataram 429 “guerrilheiros”, segundo a esquerda, 362 “terroristas”, segundo os próprios militares. O número e as qualificações verdadeiras devem estar em algum lugar no meio dessas diferenças.
    Uma boa parte dos que caíram morreu atirando, de armas na mão; outra parte morreu na tortura, assassinada ou no fogo cruzado.
    Está certo: não deveria morrer ninguém depois de rendido, e morreu. E assim como morreram culpados de crimes de sangue, morreram inocentes. Eu mesmo tive vários deles escondidos em nossa casa, até no meu quarto de dormir, e já jornalista contribuí para resgatar outros tantos. Mas isso é o que acontece em toda guerra, porque guerra é, exatamente, a suspensão completa da racionalidade e do respeito à dignidade humana.
    O total de mortos pelos militares ao longo de todos aqueles 21 “anos de chumbo” corresponde mais ou menos ao que morre assassinado em pouco mais de dois dias e meio neste nosso Brasil “democrático” e “pacificado” de hoje, onde se matam 50 mil por ano.
    Há, por enquanto, 40.300 pessoas vivendo de indenizações por conta do que elas ou seus parentes sofreram na ditadura, todas do lado da esquerda. Nenhum dos parentes dos 119 mortos pela esquerda armada, nem das centenas de feridos, recebeu nada desses R$ 34 bilhões que o Estado andou distribuindo.
    Enfim, esse é o resumo dos fatos nas quantidades e na ordem exatas em que aconteceram, do que dou fé porque estava lá. E deixo registrado para os leitores que não viveram aqueles tempos compararem com o que andam vendo e ouvindo por aí e tirarem suas próprias conclusões sobre quanto desse barulho todo corresponde a sentimentos e intenções honestas.
    Fernando Lara Mesquita é jornalista.
    Escreve em http://www.vespeiro.com
    Publicado no jornal “O Estado de São Paulo” de 07 Abr 2014.
    Fonte: Clube Militar
    COMENTO: dedique menos de dez minutos para ver o vídeo abaixo. Obviamente é uma montagem. Foram usadas cenas de diversas fontes e há erros de português de sobra. Mas ele retrata o que ocorreu em diversos países no passado, o que ocorre hoje na Venezuela e o que certamente ocorrerá no Brasil em futuro muito próximo. Desfrute, se puder!
    http://www.youtube.com/watch?v=iaQF25XiZKo&feature=player_embedded

  • Ontem, hoje e sempre
    JARBAS PASSARINHO, um extraordinário brasileiro, escreveu:
    O Exército de ontem, de hoje e de sempre

    “Servi por vocação ao Exército por pouco mais de 28 anos, os melhores de minha mocidade. Comecei por um concurso universal para a Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre, em 1939, que me preparou magnificamente para o exame de admissão à Escola Militar do Realengo, no Rio, em 1940, quando 4.000 candidatos disputamos as 200 vagas existentes. Filho de um simples oficial de Marinha Mercante, fui aprovado enquanto três filhos de generais não o foram. Desde então me orgulhei de ingressar numa instituição que recrutava seus futuros oficiais unicamente pelo mérito e não pelo sobrenome importante ou pelo nível socioeconômico.

    Da minha turma de cadetes, os filhos de militares eram minoria. Não pequeno contingente descendia de pais pobres. Trinta anos depois, um estudo do brazilianist Alfred Stepan provava que os cadetes continuavam procedendo majoritariamente da classe média e do proletariado. Ontem como hoje, não fomos castas.

    O Exército permanecia o mesmo. Duas legendas o inspiraram sempre, uma passada de gerações a gerações, desde os tempos da cavalaria medieval: “Perca-se tudo, menos a honra”. Outra, dos tenentes de 1924: “À Pátria tudo se dá; nada se lhe pede”.

    Mudara, sim, ao longo das centúrias a formação acadêmica, dos antigos alferes bacharéis em matemática, dos mal-equipados soldados da cruenta guerra provocada por Solano Lopez, até os pracinhas da FEB, capazes de integrar qualquer exército moderno. Venceram e aprisionaram tropas regulares do poderoso exército alemão.

    Ontem como hoje, em nenhuma de nossas escolas aprendemos ou ensinamos que aos militares cabe precedência sobre civis. Fomos educados no respeito às autoridades constitucionais, sem porém nos tornarmos guarda pretoriana.

    Ao selar nosso compromisso com o Exército, prestamos o juramento de servir à Pátria, cuja honra e instituições defenderíamos se necessário com o sacrifício da própria vida. Juramento que foi cumprido sempre. Tragicamente em 1935, ao debelar a revolta comunista chefiada pelo capitão Prestes, obedecendo a ordens de Moscou. Muitos dos nossos tombaram mortos à traição pelos próprios camaradas rebelados em nome da ideologia comunista, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e no Rio de Janeiro. Poucos anos depois, na Itália, em 1943/45, bateu-se a FEB contra o nazismo que, tanto quanto o comunismo, são manchas indeléveis na história contemporânea, causadoras de carnificinas de proporções planetárias.

    Jamais nossos currículos escolares contemplaram teses políticas, o que não nos fez alienados à feição dos janízaros servis ao sultão. O ??tenentismo??, que desaguaria na Revolução de 1930, foi um protesto contra as injustiças sociais que revoltaram os tenentes. Ainda assim, foi a política que absorveu os tenentes e não o Exército que se politizou. Diferente dos países vizinhos em seguida à descolonização, não tivemos, no Brasil, a safra de ditadores fardados.

    Em 1964, a expansão do Movimento Comunista Internacional, depois do fim da 2ªGuerra Mundial, já no auge da guerra fria, foi um desafio iminente. Abrangia um vasto território desde as margens do rio Elba, na Alemanha, à China de Mao Tse Tung, à Ásia, à África, e chegara até Cuba. Lavrara, com sucesso, a guerra revolucionária na descolonização asiática e africana e ensaiava tomar o poder com as guerrilhas que assolavam a América do Sul, tendo Cuba como cabeça de ponte.
    O Brasil era um objetivo de eleição, que o presidente Nixon assim definira: ??Para onde o Brasil se inclinar, inclina-se a América do Sul??. Só os néscios ou os dissimulados negam a tentativa comunista de conquistar o Brasil. Ainda nos governos democráticos de Jânio Quadros e João Goulart, já houve brasileiros treinados no exterior comunista para guerrilha. O ditador Fidel Castro fez de Cuba o pólo de irradiação do comunismo na América do Sul. Financiou o blefe brizolista da ??guerrilha?? de Caparaó. Recebeu e treinou guerrilheiros brasileiros enviados por Carlos Marighella, rompido com Prestes.

    As Forças Armadas, fiéis ao seu juramento, tiveram de enfrentar terrorismo e guerrilha, luta armada irregular. Perderam seus mortos, hoje esquecidos.

    Venceram, porém, sem imitar o morticínio dos vencidos que Fidel e Guevara executaram no paredón em nome da ??justiça revolucionária??. Asseguraram a muitos, que agora a desmerecem, a tranqüilidade de que dispõem, os empresários para contabilizarem seus lucros, antes ameaçados se os guerrilheiros e terroristas comunistas fossem vencedores, e os intelectuais liberais, livres de conheceram o que Soljenitsin conheceu nos cárceres, o direito de criticarem ??os desmandos dos militares??. Isso é próprio da natureza humana.
    Pior, todavia, são os que afirmam levianamente que “o Exército de hoje não é o de ontem”. Como se este fosse de réprobos e sádicos e não aquele que combateu e venceu os que intentaram fazer do Brasil uma imensa Cuba, ou um satélite do tipo das Repúblicas Democráticas e Populares, que nada tinham de democráticas e menos ainda de populares. O Exército de hoje seria diferente, sim, se aqui fosse o Exército Vermelho de Trotski, o da estrelinha vermelha, que substituiu o exército do tsar assassinado com toda a sua família pelos bolcheviques vitoriosos.

    O de hoje, como o de ontem, continua sendo o do escudo verde e amarelo. Os que atualmente tentam enxovalhar o passado, que até lhes serviu de trampolim na vida, passam. O Exército é permanente. Na História do Exército, edição do Estado Maior do Exército, lê-se: “O exército brasileiro confunde-se com o próprio povo. A sua história é o reflexo da história da pátria. No seu caminho histórico (de quatro séculos) há uma voz que fala ao coração dos soldados brasileiros. Poderíamos ouvi-la nos Guararapes, em Tuiuti e nos brados da Revolução de 1964. As mudanças das épocas não alteram as visões, as reações, as perspectivas e os desígnios traçados: grandeza do Brasil”.

  • J.B.CRUZ disse:

    Obrigado Antonio Catão Jr. por alguns reparos em meu comentário e ao mesmo tempo agradecendo a você por ter inserido no seu comentário a frase de JARBAS PASSARINHO..””Para um mesmo fato, sempre existe 3 versões: a sua,a minha e a VERDADE””
    Conclusão, sempre aparecerá um comentário diferente do seu e do meu..
    Cada um tem a sua VERDADE..
    Excelente a sua conclusão:, sobre a conduta dos presidentes militares em comparação com os presidentes de agora….

  • Pedro Paulo disse:

    Chico, desculpe-me o comentário extenso…mas é preciso colocar alguns pingos nos “is”.

    Caros Antonio Catão e J.B.Cruz,

    Nunca de roubou tanto no Brasil como na época da Ditadura Militar.

    Vamos aos fatos:

    Fortunas foram erguidas durante os anos do “milagre econômico”; suspeitas de superfaturamento pairam até hoje sobre obras como a Ponte Rio–Niterói e foram, ainda, muitos os episódios de corrupção que vazaram para a imprensa apesar de todo o fechamento da estrutura comunicacional, como os casos Luftalla (1977), Jorge Atalla (1979), Banco Econômico (década de 70) e Coroa Brastel (1985), entre vários outros.

    Estes fatos não refrescaram a sua memória… ?!?

    Quem sabe ALGUNS livros que relatam a corrupção durante a Ditadura Militar no Brasil o façam…

    Um relato bem didático e sintético do que foi a corrupção durante a Ditadura militar foi feito pelo historiador Carlos Fico, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está no livro: “Como Eles Agiam: os Subterrâneos da Ditadura Militar” (Record, 2001). Por exemplo, para executar o trabalho relativo ao tal Artigo 8º, do AI-5, foi criada a Comissão Geral de Investigações (CGI). Para vencer a vilã corrupção, seus membros passaram a atuar como super-heróis justiceiros por todo o País.

    Conforme relata o livro de Carlos Fico, para moralizar o país as 20 subcomissões da CGI tiveram de lidar com casos de corrupção tão diversos como o aumento de salários da magistratura e de membros do Tribunal de Contas do Paraná; o atraso de salários da rede municipal de ensino de São José do Mipibu (RN); o adubo superfaturado comprado pela Secretaria de Agri­cul­tura de Minas Gerais e a alta do preço da carne em Manaus; co­brança de taxas escolares indevidas no Espírito Santo e irregularidades na administração da Federação Baiana de Futebol.

    A população se envolveu. Assim como quando se multiplicou em “fiscais do Sarney” pelo fim da inflação, acreditava que o fim da corrupção viria com a saga planejada pelos militares. “A força do discurso moral de combate à corrupção gerava simpatia em setores da sociedade, que encaminhavam, espontaneamente, denúncias à comissão”, relata Fico.

    O problema é que os super-heróis do regime exorbitavam. Cometiam excessos variados e chegavam a se achar tão poderosos quanto a alta cúpula do governo, a ponto de criar atritos com diversos órgãos federais. Governadores se sentiram perseguidos.

    Resultado de tudo: os militares acabaram se tornando prisioneiros da própria artimanha. Ainda no relato do historiador, em cinco anos (de 1968 a 1973) foram 1.153 processos. Destes, mil foram arquivados.

    Outros 58 viraram proposta de confisco e 41, alvo de decreto presidencial. Dez anos depois, a comissão era extinta, com o AI-5, pelo general-presidente Ernesto Geisel. Sem resultado concreto algum, ou porque os processos se mostravam mal fundamentados — e, então, vulneráveis a uma análise jurídica mais criteriosa — ou porque havia uma paralisação por conta de… injunções políticas.

    O presidente era Ernesto Geisel. E seu interlocutor, naquele dia, no prédio que abrigou o Ministério da Agricultura, era o almirante Faria Lima. A este, o comandante-chefe do Brasil admitiu, ao ser questionado se era mesmo hora de fazer a abertura política: “A corrupção nas Forças Armadas está tão grande que a única solução para o Brasil é fazer a abertura”, desabafou Geisel.

    Uma declaração fortíssima, registrada no livro “História Indiscreta da Ditadura e da Abertura” (Record, 1999), do historiador Ronaldo Costa Couto, doutor pela Universidade de Sorbonne, em Paris.

    Outra declaração, esta resgatada por Carlos Fico em seu livro “Como Eles Agiam: os Subterrâneos da Ditadura Militar”, mostra que os chefes do poder militar fizeram seu mea-culpa já no início do regime. “O problema mais grave do Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”, admitiu o ministro Estevão Taurino de Resende, o primeiro presidente da Comissão Geral de Investigação (CGI), que caçava tanto os que considerava subversivos como os supostos corruptos nos primeiros anos do regime.

    Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja, entre outros tantos construiram os seus impérios graças as benesses concedidas pelos militares. Os exemplos mais claros são dos meios de comunicação: a Rede Globo que tinha acabado de surgir tornou-se o império da Família Marinho que era ardente defensora do regime autoritário; A Folha de São Paulo tornou-se o maior jornal do paulista com o fechamento dos jornais opositores e, principalmente, por maquiar notícias e emprestar sua estrutura operacional para a ditadura, como o carro que transportava presos políticos para o DOI-CODI e para o DOPS. Várias outras organizações como o próprio SBT e a Editora Abril também se beneficiaram do dinheiro que rolava em propinas e na corrupção.

    Mas além dos meios de comunicação, já há muitos anos denunciados (uma boa forma de conhecer melhor é vendo o filme “Além do Cidadão Kane”, até hoje proibido no Brasil), houve o enriquecimento pessoal dos apoiadores e dos executores do regime. Empresários como o Eike Batista – que herdou a fortuna suja acumulada por seu pai, Eliezer Batista da Silva que era um forte colaborador da Ditadura – ou Henning Boilesen – que se tornou dono da Ultragás e foi um dos maiores financiadores da Ditadura.

    Várias empresas nacionais e multinacionais, com ênfase nas norte-americanas, também os maiores bancos do Brasil como o Bradesco, faziam enormes doações aos militares em troca de “segurança” para que mantivessem o controle do mercado nas suas áreas. Devemos lembrar também dos latifundiários que colaboravam com a Ditadura em troca da morte de militantes que atuavam nas Ligas Camponesas no interior do Brasil e no Nordeste.

    Mas houve também o enriquecimento e o ganho de poder político. Paulo Maluf foi um dos principais políticos da Ditadura, chegando a ser governador biônico de São Paulo. Delfim Neto, Orestes Quércia, as famílias Sarney (Maranhão), Magalhães (Bahia) foram outros que lucraram por servir fielmente à Ditadura.

    Houve também a segurança para membros das Forças Armadas como o torturador Sergio Fleury – que depois foi morto como “queima de arquivo” – ou Claudio Guerra que até hoje vive confortavelmente com sua pensão de militar aposentado e ainda ganha dinheiro com o lançamento de um livro onde conta várias mentiras sobre a morte de militantes de esquerda.

    A frase “bom era na época dos militares” carrega uma série de incongruências históricas e sociológicas, a tal ponto de não ser possível acreditar que alguém realmente pense que possa ser assim. Falar sobre “menos corrupção” apontando para a ditadura é como ignorar uma montanha de defeitos na antiga namorada para justificar uma birra com a atual por uma imperfeição que ambas carregam.

    O que incomoda, na verdade, é sabermos que temos uma democracia assim, imperfeita. Assim também era a democracia no começo dos anos 1960, quando havia a ascensão dos movimentos sociais juntamente com uma temperatura cada vez mais alta da Guerra Fria. Isso catalisou a saída dos militares dos quartéis para os palácios e retardou, em meio século, o progresso da democracia no Brasil: menos de 20 anos após sair do regime de exceção do Estado Novo, em 1945, o País voltava a ser tomado de assalto.

    A democracia é a pior forma de governo, sem contar todas as demais que já foram experimentadas, dizia o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. E na democracia brasileira que temos é preciso conviver com gente questionável que cresceu na política exatamente no período não democrático: assim foi com Antonio Carlos Magalhães, assim é com Paulo Maluf, José Sarney e tantos outros, que souberam jogar o jogo dos militares, cresceram durante o regime e entraram com muito poder na fase pós-ditadura, a ponto de distribuírem as cartas.

    O problema do Brasil não é a democracia: é a corrupção. Melhor até: não é nem a corrupção — que existe em qualquer local do planeta —, mas a impunidade à corrupção. Pedir o retorno do militarismo como resposta à corrupção na democracia é o mesmo que ver o bode em cima do sofá da sala e tirar o sofá. E para combater a corrupção nada melhor do que instituições fortes. Ano a ano depois de mais uma redemocratização, elas estão sendo construídas e ajudando a estabelecer novos paradigmas. Foi assim que houve o impeachment de um presidente, a transição tranquila de governo para um ex-preso político e a condenação de parlamentares em um caso de corrupção. Nada disso foi perfeito, mas tudo foi melhor do que antes. Porque, desta vez, nada foi feito por super-heróis, por seres messiânicos, mas pelo que há de melhor em uma democracia: suas sagradas instituições, os poderes Legislativo, Executivo e Ju­diciário.

    Bons relatos sobre a corrupção durante a vergonhosa Ditadura Militar Brasileira estão aqui:

    https://falandoverdadesbr.wordpress.com/2012/12/02/a-corrupcao-na-ditadura-militar/

    http://www.revistaforum.com.br/mariafro/2014/11/24/ditadura-militar-e-corrupcao-os-crimes-que-precisam-ser-investigados/

  • Antonio CATÃO Jr. disse:

    Julio Melo, muito coeso e ponderado em suas considerações.
    J.B. Cruz, o nome do General Geisel é com “S” e não “Z”. O único General de 8 estrelas que o Brasil teve. As quatro dele e as outras quatro do irmão que foi quem costurou sua ida à Presidência para suceder o General Médici, conseguindo eleger um General que já se encontrava na reserva remunerada, dando um “chapéu” no General Sylvio Frota (que veio a ser Ministro do Exército do Gen. Geisel e chegou a falar em reunião ministerial que Geisel era Comunista, devido a sua política de abertura e anistia), na esperança de conseguir um cargo importante no Governo, o que não se concretizou tendo cortado relações com o irmão somente voltando a reatá-las, quando pela hora da morte, teve que ficar morando no palácio do Presidente na República no Rio de Janeiro.
    Na verdade quem “costurou” a abertura política foi o Gen. Golbery do Couto e Silva (já sentindo a ausência de apoio financeiro dos EEUU).
    O Coronel Jarbas Passarinho há uns 10 anos, durante uma Palestra por ocasião da comemoração de aniversário da Revolução de 31 de Março de 1964, falou uma coisa muito importante: “para um mesmo fato, sempre existem 3 versões: a sua, a minha e a verdade.”
    Para quem quiser se aprofundar mais a respeito dessa época da nossa história, indico, com a permissão do Chico, claro, alguns livros:
    1) A série do Elio Gaspari “Geisel e Golbery, o sacerdote e o feiticeiro” ( A ditadura envergonhada, A ditadura escancarada, A ditadura derrotada e A ditadura encurralada)
    2) Rompendo o Silêncio de Carlos Alberto Brilhante Ustra
    3) A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça, de Carlos Alberto Brilhante Ustra
    4) Ideais Traídos, de Sylvio Frota
    5) 1964 – História do Regime Militar Brasileiro, de Marcos Napolitano

    Saudações Alvinegras.

    P.S. Somente para reflexão: há algum militar que fez parte do Governo entre 1964 e 1985, com acusações de enriquecimento ilícito ou aumento de patrimônio pessoal ou familiar?

  • J.B.CRUZ disse:

    Apesar das partes ilegíveis do documento, dá para se notar que o nome de JAIRZINHO , aparece em meio a outros nomes de celebridades da época, como ‘perseguidos’ pelos jornalistas esquerdistas, que na época de ERNESTO GEIZEL, já “tinha abrandado” a perseguição aos subversivos…

    Obs; Para os mais jovens; ERNESTO GEIZEL, foi que “costurou’ com líderes E com a sociedade civil de um modo geral; a ABERTURA POLÍTICA, que desencandeou no MOVIMENTO DIRETAS – JÁ…Em relação á guerrílha e aos exilados e terroristas, começou a ‘alinhavar’ a ANISTIA; AMPLA GERAL E IRRESTRITA, finalmente convertida em LEI em 1.979 já no governo do GENERAL JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA FiGUEIREDO.. “uniu’ BRASILEIROS de ambos os lados, perdoando erros, que no meu modo de ver, serviu como um bálsamo nas ‘feridas de parentes e amigos’, que mesmo cicatrizadas, serve para os descendentes, daqueles mártires para uns,heróis para outros, meditar irmanadamente, um futuro melhor para a NOSSA PÁTRIA !!…

    P´R-A FRENTE BRASIL !!!…

  • julio jose de melo disse:

    Vivemos em outros tempos, hoje os politicos roubam lesam o erário e o povo bate palmas, agentes politicos enriquecem seus filhos também, e nada, não podemos esqueçer para não cometermos injustiças de que a ditadura só veio pelo anseio popular, inclusive de jairzinho, vivíamos uma baderna generalizada, como hoje, mas hoje os sindicatos, estudantes, partidos politicos, ONGs, etc, beneficiárias de gordas verbas governamentais se calam e assistem a tudo inertes, em 64 não, meu pai e minha mãe sentiam na pele e gritaram, hoje se calam, a uma passeata contra corrupção vão 500 pessoas enquanto noutras avacalhadas e amorais e costumes vão 3milhões, e ai? é este o Brasil que desejamos para nossos filhos e netos ?criaram a Comissão da Verdade, não criaram ? mas nela deveria ter militares e agentes de orgãos de segurança que participaram da revolução, não,nela tinha apenas advogados especialistas em causas de Anistia com milhares de clientes com seus bolsos recheados e indenizações altíssimas, temos centenas de testemunhos de que eram doutrinados a dizerem, fomos barbaramente torturados, ai foram indenizados,quem é barbaramente torturado morre ou fica com sequelas, os nosso nem arranhão possuem, e os agentes do estado assassinados pela esquerda ?a Lei da Anistia perdoou a todos e agora querem mudar apenas do lado do estado? isto é justo? nada de indenização aos mutilados e mortos do estado, so um lado caro Chico, a história foi contada pela metade por esta comissão, falta a do lado dos que foram nos defender de um comunismo, que era o que eles queriam, quem lutou pela redemocratização foram outros, Ulisses, Tancredo, Covas Dante de Oliveira, estes que ai estão são bandidos e gostam muito de lesarem o erário, a prova está evidente nos dias atuais,alguém tem dúvidas ainda ? temos comunistas que ficam ricos,é de mentirinha, so usa a sigla para se eleger ?, Aldo Rebelo na câmara pegando fogo pediu ajuda a Deus ? mas ele é comunista ou não? Caro Chico, meu pai e meu avô me disseram em 64, vamos estudar e trabalhar, se alguém “soltar foguetes” que segure a vara depois e não chore, alguém fez alguma coisa forçado ? ou por ideais revolucionários? os militares estão na vida do país desde o Império, nos anos 60 a 84 o pai´s cresceu, toda a infra estrutura foi construida, hoje tiram os nomes dos generais para colocar de anarquistas que nada fizeram de útil a nação, que pena, parabéns aos militares que elevaram nosso país da 45 posição para a oitava economia do mundo, sem roubos

  • Pedro Paulo disse:

    É um equívoco tratar as Forças Armadas como “responsáveis exclusivas” pelos crimes cometidos durante a Ditadura Militar brasileira.

    Sem o apoio dos empresários, dos meios de comunicação, e de MUITOS civis dedo-duro, o golpe militar não teria fôlego.

    http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/a_face_civil_da_ditadura_militar.html

    http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/comissao-da-verdade-folha-ditadura-militar.html

    http://www.brasildefato.com.br/node/25869

    Por isso, a CNV teve um papel fundamental de alinhar a história e divulgar ao máximo os fatos possíveis, para que erros políticos grotescos, como foi o caso do golpe militar, não se repitam nunca mais:

    http://www.cnv.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=571

  • Paulo Afonso (original) disse:

    Uma coisa é fato: verdade é relativa e depende do ponto de vista e dos fatos disponíveis… Qual a verdade sobre a ditadura no Brasil ninguém jamais saberá, pois não existe uma única verdade… Mas que o futebol sempre teve os bastidores bem podres, disto aí ninguém duvida…