Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Réplica e tréplica sobre a tentativa de banimento dos investidores do futebol pela Fifa

O Paulo Afonso Tonela fez o seguinte comentário sobre o texto “ * Banimento dos investidores do futebol. E agora?

* “No meu entendimento eles não justificaram a razão para ser contra a proibição de investidores no futebol… Inclusive quando eles falaram “os clubes de futebol não conseguem recursos espontaneamente sequer para arcar com suas contas mais básicas, tais como salários, tributos, contribuições previdenciárias e etc.”, achei a argumentação a mais fraca possível… Eu quero uma Ferrari mas não tenho condições de comprar e mantê-la, aí eu preciso que um investidor me ajude a ter? Por que eu não fico dentro das minhas possibilidades? Se um clube não tem receita para comprar jogadores caros e pagar seus altos salários, por que compram? Administrativamente falando, as despesas têm que ser compatíveis com as receitas… O Brasil nunca vai deixar de formar jogadores… Os clubes precisam investir nas suas categorias de base e nos seus olheiros… Os contratos vão dar as garantias para serem realizados bons negócios… Futebol espetáculo não se faz com jogador de nome e, sim, com grandes equipes… Mesmo assim, como não apresentaram argumentações para concordar com esta norma da FIFA, continuo não concordando por enquanto com estas limitações também…”

– – –

INV

E um dos autores do texto, o advogado Marcelo Luiz Pereira, gentilmente respondeu:

* “Paulo Afonso, esta é a ideia.

Promover o debate, somente assim conseguiremos trazer à tona a importância do tema e, enfim, decidir pela concordância ou não do que ora é proposto pela FIFA/CBF. Agora é a hora de opinar e todos precisam fazer isto!

Permita-me tecer mais alguns comentários na qualidade de coautor do artigo.

Você mesmo apresentou uma forte argumentação para a manutenção dos investidores. “Os clubes precisam investir nas suas categorias de base e nos seus olheiros”. Eis ai o cerne da questão. Uma verdadeira reação em cadeia.
Com o banimento dos investidores, os clubes (sempre focados no seu time principal, pois na verdade é dali que sua principal fonte de renda é gerada) não terão condições de manter seus principais jogadores no Brasil, tendo em vista o fato de que os grandes clubes estrangeiros tornar-se-ão os grandes propulsores do mercado com todo o seu poderio econômico (muito mais do que já são atualmente!!), visto que qualquer proposta estrangeira superará em muito as possibilidades do clube brasileiro. Com a saída dos principais atletas para o exterior, consequentemente gerar-se-á menos receita com os valores relativos a indenizações por transferências de atletas, bilheteria, marketing, gerando menos interesse no futebol brasileiro, inclusive por parte de empresários, o que pode afetar a principal receita dos clubes, qual seja, as cotas de televisão. Este cenário, fará com que o clube, por uma questão de sobrevivência, passe a priorizar ainda mais a sua categoria principal, deixando de lado a sua categoria de base, revelando cada vez menos atletas e gerando um verdadeiro retrocesso no futebol brasileiro. Aqueles que forem revelados, por certo não ficarão aqui por muito tempo e, portanto, de nada adiantará revelar talentos se estes não praticarem o futebol no Brasil, concorda?

Cito ainda, dentre vários outros, de forma sumarizada, alguns argumentos relevantes na manutenção do TPO:

• Proibir o TPO significa pactuar com o fato de que uma regulamentação privada possa violar princípios constitucionais e fundamentos jurídicos importantes, tal como a livre iniciativa, a liberdade de contratar e o direito à propriedade. Estes princípios não foram facilmente incorporados aos direitos dos cidadãos. Lembre-se que foram objeto de muita luta no passado, e, portanto, não podem ser simplesmente “esquecidos” pelas instituições que gerem o futebol e impostos de forma sumária como se tem feito atualmente. Trata-se de uma verdadeira defesa à Constituição da República e que deve ser sempre priorizado pela sociedade em prol do Estado Democrático de Direito. Esta é a argumentação principal!
• O TPO beneficia os clubes que não pertencem às principais ligas europeias. Isso lhes permite competir com maior “igualdade”.
• TPO pode ser encarado como uma nova forma de financiamento, mas em sua essência não é substancialmente diferente de um empréstimo.
• TPO pode beneficiar os jogadores na medida em que os investidores podem promover um melhor futuro ao jogador de futebol de forma mais eficaz do que o clube sozinho poderia promover.
• TPO é um negócio legítimo e uma excelente fonte alternativa de renda e instrumento financeiro aos clubes.

Esperamos ter contribuído um pouco mais com o debate. Reitero, o importante é que o tema seja bastante debatido pelo público interessado.”

Estamos à inteira disposição.

Marcelo Luiz Pereira


» Comentar

Comentários:
2