Ambiente tenso, protestos e dúvidas do Cruzeiro após a derrota para o Santos
O futebol é dinâmico como a vida e os humores mudam em alta velocidade de acordo com os resultados do time dentro de campo. Como diz o técnico Muricy Ramalho: “A bola pune”.
Um ano atrás o Cruzeiro começava a arrancada para o bicampeonato, só alegria. Ontem, clima tenso, apreensivo, todo tipo de segurança para proteger a jogadores, comissão técnica e diretoria. O presidente Gilvan de Pinho Tavares preferiu não dar entrevistas. Vanderlei Luxemburgo repetiu um dos discursos de uma das derrotas anteriores.
Sexta-feira o Orlando Augusto entrevistou o Dr. Gilvan, e a conversa foi ao ar ontem à noite no Meio de Campo, programa da Rede Minas, o qual tive o prazer de participar, junto com os companheiros Alexandre Simões e Maurício Miranda. Perguntado se o treinador estaria garantido no cargo mesmo se perdesse para o Santos, Gilvan foi taxativo: “Sim”.
Até aí, tudo bem, mas preocupante foi o complemento da resposta: “o time está se encaixando e já já os resultados positivos vão aparecer”.
Sei não, mas como tudo é possível no futebol, vamos aguardar! Com este elenco, será difícil. O momento exige calma e razão, dentro e fora de campo, mas com um jogador destemperado como o Fabrício, que arruma uma expulsão como essa de ontem, não dá para facilitar.
O Globoesporte.com detalhou a saída da delegação do Mineirão ontem:
* “Silêncio de Gilvan e ira contra Luxa e Tinoco: os ecos da crise da Raposa”
Escolta da polícia, barreiras físicas para impedir que “estranhos” entrassem no espaço destinado ao ônibus, presidente, diretores e jogadores cabisbaixos com semblante de preocupação e poucas palavras. Essa foi a situação do Cruzeiro, após a derrota por 1 a 0 para o Santos, neste domingo. O resultado negativo fez a equipe conviver novamente com os protestos da torcida. Após a partida, não faltaram hostilizações ao presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, ao técnico Vanderlei Luxemburgo e a alguns jogadores. Menos um ano depois de estar nas graças da torcida, o Cruzeiro vive outra realidade. Está na luta contra o rebaixamento – tem 22 pontos e está empatado na pontuação com o Goiás, primeiro dentro do Z-4, que tem uma vitória a menos que a Raposa.
Impedido de manter contato por barreiras físicas móveis, colocadas antes do ônibus do Cruzeiro estacionado, um pequeno grupo de cruzeirenses fez barulho. A Polícia Militar, assim como ocorreu na eliminação na Copa do Brasil, na última quarta-feira, estava presente, já que faria a escolta do time até a Toca da Raposa.
O ápice das manifestações ocorreu quando o técnico Vanderlei Luxemburgo e o diretor de futebol do clube, Isaías Tinoco, saíram do vestiário em direção ao ônibus. Os torcedores gritaram “adeus, Luxa” e depois “vai embora”. Antes haviam gritado: “Tinoco, seu pipoqueiro, quem é você para mandar no meu Cruzeiro”. O primeiro a sentir a ira foi o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, que deixou o estádio em um carro particular. Acompanhando de alguns seguranças do clube, o dirigente foi interpelado pela imprensa, mas preferiu não conceder nenhuma declaração após a derrota para o Santos.
Depois foi a vez dos jogadores. Todos eles estavam com um semblante cabisbaixo, demonstrando que o momento não é bom – a equipe não vence há seis jogos na temporada. Muitos deles saíram em carros particulares, mesmo com o ônibus do clube à disposição – fato que ocorre costumeiramente no estádio. Quem entrou no campo de visão dos manifestantes era alvo de vaias e xingamentos. Alguns atletas tiveram de ouvir que não eram jogadores para atuar no Cruzeiro, segundo o grupo de torcedores. O goleiro Fábio, capitão do time, foi um dos únicos que foram poupados do protesto.
– Tem que apoiar o tempo todo, a gente sabe da situação, do que o torcedor queria para a temporada. Mas, infelizmente, as coisas não fluíram como a gente esperava. Mas não adianta ficar analisando as coisas. Temos que unir para sair dessa situação – disse o goleiro cruzeirense.
Quando o ônibus deixou o estádio, a manifestação havia acabado. Mesmo assim, a delegação seguiu acompanhada pela Polícia Militar. A situação semelhante ocorreu na última quarta, também. O Cruzeiro não vence há quatro jogos no Campeonato Brasileiro, e seis na temporada (dois deles pela Copa do Brasil).
Para não correr risco de entrar na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro, na próxima rodada, o Cruzeiro precisa da vitória sobre a Ponte Preta, às 19h30 (de Brasília), no Moisés Lucarelli, em Campinas. O técnico Vanderlei Luxemburgo não terá os laterais Mena (convocado para a seleção chilena), Fabrício (expulso), Arrascaeta (estará na seleção uruguaia), Alisson (chamado para a seleção brasileira olímpica) e Marinho (suspenso pelo terceiro cartão amarelo).
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