Em primeira mão para nós do blog, a ótima coluna do Fernando Rocha, que será publicada amanhã, no Diário do Aço, de Ipatinga:
* Ganhar moral
A classificação para a próxima fase na Copa do Brasil deu novo ânimo ao Cruzeiro, cuja situação no Brasileirão, a cada mau resultado, torna-se mais preocupante, por ocupar a zona de rebaixamento.
Ficou claro pelos últimos acontecimentos fora de campo, que a diretoria perdeu o comando e o clube virou uma espécie de barco à deriva, perdido no oceano da incompetência e da irresponsabilidade de seus cartolas.
A situação é tão grave, que só uma vitória hoje diante do Sport, no Mineirão, um adversário direto na briga contra o rebaixamento, não vai apaziguar totalmente o clima beligerante instaurado entre a torcida, diretoria, comissão técnica, com reflexos diretos no rendimento dos jogadores em campo.
São muitas as perguntas sem respostas, como por exemplo, sobre o contrato totalmente prejudicial ao clube, firmado pela diretoria com o técnico Paulo Bento, cuja demissão só não ocorreu ainda, pois iria causar um prejuízo de R$ 13 milhões aos cofres do clube.
Péssimo futebol, elenco limitado, contratações equivocadas, escolhas mal feitas de treinadores, falta de experiência da direção de futebol, são algumas das causas apontadas para esta situação vivida pelo Cruzeiro, que pode ser amenizada hoje com uma vitória sobre o Sport, mas em caso de derrota ou empate, vai botar mais lenha na fogueira.
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Sem dúvida, o jogo mais aguardado nesta rodada do Brasileirão será este Galo e Palmeiras, disputado pela manhã com previsão de estádio lotado na capital paulista.
O momento é propício para uma vitória alvinegra sobre o líder da competição, mesmo sendo fora de casa, pois existe a necessidade de ganhar prestígio, moral, mostrar serviço, de uma parte das madonas do atual elenco atleticano, cuja qualidade técnica é indiscutível, e pode fazer a diferença, sobretudo em grandes jogos.
A conta é simples: se vencer o Galo fica seis pontos atrás do Palmeiras, entra no G-4 com chances reais de brigar pelo título. Mas… e tem sempre um quando se trata de futebol, se perder este confronto deixa o clube paulista numa situação extremamente confortável, literalmente com a mão na taça.
É fato que sob o comando de Marcelo Oliveira, o Atlético ainda está devendo um futebol convincente, e já existe um consenso da necessidade do treinador rapidamente encontrar soluções, até porque mesmo com todos os problemas, o elenco é considerado um dos melhores do futebol brasileiro.
- A pequena torcida do América está dividida em relação ao momento vivido pelo clube, lanterna e virtual rebaixado neste Brasileirão. A parte racional defende a dispensa da maioria do elenco e o aproveitamento dos jogadores jovens e promissores da sua base. Outra, vê pelo lado emocional, onde se inclui a diretoria, que tem (pasmem!) dez presidentes, e não quer jogar a toalha, mas continuar torrando o dinheiro que não tem, trocando treinadores, contratando jogadores de qualidade duvidosa, a fim de tentar reverter a situação. O ex-técnico do Ipatinga, Enderson Moreira, que já rodou por tudo quanto é lado, agora é o “salvador da pátria”, neste universo do Coelho onde o mais comum é anoitecer e não amanhecer.
- No programa “Troca de Passes” do Sportv, após mais uma rodada do Brasileirão, o eterno “capita” da seleção, Carlos Alberto Torres, criticou o amadorismo dos nossos dirigentes, até no modo de se comportar em publico, e citou o presidente do Flamengo, Bandeira de Melo, que costuma ir aos jogos do clube de maior torcida do país, vestido como se fosse um integrante das “organizadas”, de bonézinho e tudo mais. O capitão do tri no México lembrou que na Europa, e nos grandes centros, o dirigente máximo do clube vai para a tribuna nos estádios, de terno e gravata, respeita e se faz respeitar.
- Dou-lhe inteira razão, mas tem ainda outros agravantes, por conta desse grau elevado de amadorismo dos nossos cartolas, o que causa muitos prejuízos aos clubes, pois uma coisa é gostar, ser apaixonado, outra muito diferente é entender de futebol. Nossos cartolas são amadores, ao ponto de não gostar de se cercar ou não dão autonomia, aos verdadeiros profissionais formados e especializados em gestão do futebol, pois a maioria não passa de torcedores apaixonados, além de vaidosos, sendo que uma grande parte é também corrupta, e não abre mão deste circulo vicioso e arcaico, que ao longo de décadas mantém privilégios e os perpetua no poder, como se os clubes fossem suas propriedades particulares.
- Os nossos cartolas são também reféns da oligarquia e corporativismo, que predomina na administração do futebol desde a dona Fifa, CBF, federações, onde as decisões e diretrizes estabelecidas se pautam exclusivamente pelo critério político, quando deveria ser o contrário. Enquanto não houver uma revolução administrativa de verdade, não vejo solução para a atual crise, onde até uma classificação para o Mundial da Rússia está em perigo. Mais um gol da Alemanha: 8 x 1. (Fecha o pano!)
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