A dica é do Fernando Rocha, na coluna dele que circulará amanhã, no Diário do Aço, de Ipatinga. Um filme paulista, mas que reflete o que ocorre em todo o país:
* “Perfeita desordem”
Sobre este afastamento da torcida dos estádios e a elitização do futebol nacional, a partir da construção das novas “arenas”, recomendo o documentário “Adeus, Geral” www.youtube.com/watch?v=9dzo-pgoKLw
O filme de 42 minutos foi produzido por cinco alunos do ensino médio paulista e mostra com exatidão o que representa esse muro social, a partir da premissa de que o futebol é uma expressão da cultura brasileira. Interessante é que “Adeus, Geral” teve início a partir de um trabalho escolar de Geografia, e acabou mostrando a forma cruel como os torcedores das camadas mais pobres da população foram excluídos dos estádios.
Embora não contenha depoimentos de dirigentes e torcedores mineiros os problemas e as causas são os mesmos.
Já tivemos dias melhores, onde todos nós, mineiros, sobretudo aqui nestes grotões banhados pelo Rio Doce, deixávamos tudo de lado para acompanhar o jogão cercado de adrenalina pura.
Craques não faltavam e sobravam de ambos os lados; o Mineirão pulsava, fervia com mais de 100 mil torcedores presentes; as torcidas divididas ao meio faziam um duelo à parte. Bons tempos, mas hoje isso já não nos pertence mais.
Contudo, tirando o que não presta (o que não é pouco!), o saco de maldades aberto para atazanar a vida do torcedor toda vez que os nossos dois maiores rivais se encontram, este clássico tem ingredientes suficientes para torná-lo dentro de campo um dos melhores dos últimos tempos.
O Galo, pensando no título nacional, que persegue há 45 anos sem sucesso; do outro lado, o Cruzeiro , tentando se afastar da zona de rebaixamento, que voltou a perturbar o sono da sua torcida após as duas últimas derrotas consecutivas.
Sinal dos tempos, nunca se viu tantos “gringos” de ambos os lados, – juntos Galo e Raposa possuem dez jogadores estrangeiros em seus elencos -, na disputa deste clássico, o que lhe confere um ar diferente jamais visto antes.
Certo mesmo é que hoje teremos, não o maior e mais desejável, mas um grande jogo e um bom público no Mineirão, com direito a todo tipo de reclamações, ou como diria o mestre José Rodrigues do Amaral, o Carioca:- Tudo na mais perfeita desordem.
E continuaremos ouvindo o mesmo blá-blá-blá de sempre das tais “autoridades”, que nunca vão conseguir explicar como e porquê gastaram nas reformas do Mineirão e Independência, algo em torno de R$ 800 milhões do erário público, e mesmo assim ambos são considerados impróprios e inseguros para abrigar duas torcidas rivais. Uma vergonha!
Mas, peço licença para usar a espetaculosa expressão da moda, cunhada pelos nossos nobres procuradores, pois se não tenho “provas”, ao menos tenho plena “convicção” de que essa gente não gosta de futebol, não gosta de povo, dos torcedores e está se lixando para o espetáculo.
Se dentro de campo a expectativa é de um grande clássico, fora dele os dirigentes se esforçaram ao máximo para sacanear e atazanar mais uma vez os torcedores, hoje curiosamente chamados de “consumidores” no texto da lei 10.671 de 2003 conhecida por “Estatuto do Torcedor”. Como o mando é do Cruzeiro, coube desta vez à diretoria celeste usar seu vasto repertório de maldades, dificultando ao máximo a compra dos ingressos pelos torcedores atleticanos, limitados a 3.500, quando deveria ter liberado 10% da carga total de ingressos, como determina o regulamento da competição.
A diretoria do Cruzeiro justifica sua atitude baseada em um laudo da Polícia Militar, que recomenda essa diminuição de torcedores do clube visitante, a fim de aumentar a área de isolamento entre uma torcida e outra. Não sou profissional de segurança mas acho isso um absurdo, a demonstração cabal da falta de competência de quem comanda o policiamento na capital. Porém, não tenho a menor dúvida de que se fosse o mandante, a diretoria do Galo faria a mesma coisa.
E depois reclamam que os torcedores não estão “prestigiando”, que estão diminuindo cada vez mais. Um exemplo disso foi o público pagante de apenas 11.389 torcedores, no Independência, na última quinta-feira, quando o Atlético derrotou o Sport por 1 a 0 e entrou novamente na briga pelo título nacional.
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