Senhoras e senhores, sempre vale a pena ler tudo que o Juca Kfouri escreve. Mas dois, desta semana trazem revelações e interpretação de negociações muito interessantes. Confira:
* “Não é brincadeira, Perrela!”
Entre as muitas apreensões determinadas pelo ministro Edson Fachin, em Minas Gerais, algumas na famosa fazenda de Cláudio, aquela do aeroporto, a mencionada abaixo chama a atenção pelas referências ao ex-presidente do Cruzeiro, em busca de voltar ao posto, Zezé Perrela, invenção de Aécio Neves para suceder Itamar Franco no Senado. Os ítens 17, 19 e 20 são particularmente intrigantes. Além de Aécio “Bom Venáculo” Neves, Perrela, o brincalhão que “só trafica drogas”, e seus amigos, estão em maus lençóis.
http://blogdojuca.uol.com.br/2017/06/nao-e-brincadeira-perrela/?cmpid=copiaecola
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* “Ao brigar com a Globo, CBF ou perdeu o senso ou tem certeza de impunidade”
“Boa noite”, diz William Bonner, com ar grave. E continua: “Enquanto a vida dos políticos e de empresários é passada a limpo no país, a dos dirigentes do futebol permanece sem a atenção das autoridades. O presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, não pode sair do Brasil, com pedido de prisão do FBI. O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira está na mesma situação e o antecessor de Del Nero, José Maria Marin, porque saiu do Brasil, está em prisão domiciliar em Nova York. Del Nero, Teixeira e Marin estão denunciados na Suíça, nos Estados Unidos e, agora, na Espanha. Mas nem o Ministério Público Federal, a Polícia Federal ou a Receita Federal do Brasil parecem preocupados com isso”.
Bastarão 50 segundos no “Jornal Nacional” para tornar um inferno a vida de dois dos cartolas que estão por trás da movimentação que pode levar à ruptura definitiva entre a Rede Globo e a CBF.
Porque Del Nero é um dos mentores, assessorado pelo ex-número 1 da Globo Esporte, Marcelo Campos Pinto –que também tem recusado convites para sair do Brasil e manda como seu representante aos encontros no exterior, como na Conmebol, o ex-global João Pedro Paes Leme.
Com eles, o empresário indiano, milionário e encrencado a ponto de não poder entrar na Índia, Lalit Modi, que quer negociar além de direitos de transmissão, a organização de uma liga de clubes de futebol no Brasil, como fez com o críquete indiano.
Acusado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, Modi vive situação inversa à dos parceiros Teixeira e Del Nero: ele não pode entrar em seu país.
Em tudo isso, um mistério: o que terá levado pessoas com vida tão complicada, mas ainda soltas, a desafiar o maior grupo de mídia da América Latina?
Sim, dinheiro, certamente muito dinheiro, mas a que risco?
Nenhum dos envolvidos está na penúria, ao contrário. E é estranho que batam de frente com a Globo por saberem de que sem forçar, apenas com bom jornalismo, seus veículos podem reduzi-los a pó –e obrigar as autoridades brasileiras a sair do imobilismo em relação a eles.
Por enquanto, o que se vê é um jogo de xadrez.
A Globo não transmitirá dois jogos amistosos da seleção brasileira, às 7h da manhã em dias úteis. Nada muito grave.
Mas, em março, teremos Alemanha x Brasil, a revanche…
É tempo suficiente para que cheguem a um acordo ou para deflagrar uma guerra com prejuízos muito maiores para a Casa Bandida do Futebol do que para a Globo.
Claro que os cartolas até surfam na onda de simpatia por enfrentar a Globo, porque sempre existem aqueles que tratam os inimigos de seus inimigos como amigos.
A ganância de Modi$Teixeira$Del Nero, mais o rancor movido pelo sentimento de rejeição de Campos Pinto, introduzem uma nova situação no futebol brasileiro.
Difícil imaginar que cartolas tão experientes padeçam da mesma “ingenuidade” sofrida por Michel Temer e Aécio Neves. Quem lhes garante a impunidade e respalda tamanha repentina coragem?
Sem esquecer de que a Justiça da França busca desvios na Rio-2016 -o que pode impedir outro cartolão nacional, Carlos Arthur Nuzman, de ir mostrar Paris para a sua nova namorada.
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