* Recebi a foto por e-mail e adoraria saber onde é e quem é o autor, para dar o crédito.
Está na também imperdível coluna do Marcos Caldeira, d’OTrem Itabirano:
* (A copa vista do meu sofá)
CLÉBER MACHADO ENTREVISTA JÚNIOR
No intervalo de Bélgica x Japão, o narrador Cléber Machado entrevistou o comentarista Júnior. Reproduzo na íntegra. Cléber Machado: “Júnior, quando você jogava, você gostava de fazer gol?”. Júnior: “Sim”. Cléber Machado: “E de tomar gol?” Júnior: “Não”. Juro, pode conferir. Há leitor que duvida, acha que é invenção. Quem me dera se eu soubesse criar algo assim.
NOTA DEZ PARA O PSICÓLOGO QUE ESTÁ TRATANDO NEYMAR
(Já marquei um gol de bicicleta no campo do Caveirinha)
Um resto de gripe no time do México fê-lo se esquecer de quem estava enfrentando hoje e a pátria de Diego Rivera começou agredindo o Brasil. Foi melhor até os 23 minutos e 32 segundos (exatamente esse tanto) do primeiro tempo. Vendo aquele atrevimento todo, alguém chegou à beira do campo e avisou: “Ei, essa camisa amarela aí não é da Colômbia não, nem da Suécia”. Bendito seja esse cujo. A partir daí só deu a nossa seleção, que matou a peleja em 2 a 0. Não foi mais porque o goleiro Ochoa, quando enfrenta os canarinhos, pensa ser Dasaev, Fillol ou Pfaff. No segundo tempo, um mexicano tentou desestabilizar Neymar, dando um pisão desleal no brasileiro caído, e por essa pilantragem devia não só ter sido expulso como obrigado a fazer a rota Rússia/Acapulco a pé. Nota dez para o psicólogo que assumiu a cabeça de Neymar após o jogo contra a Costa Rica. Desde então, ele parou de cair à toa e de xingar o apitador. Tem de ter o miolo muito no lugar para tomar, sem reagir, aquelas pancadas que os adversários desferem no craque da 10. Se o Brasil passar pela Bélgica, já estará na semifinal. Gabriel Jesus ainda não estreou. Foi ao orelhão telefonar e até agora não voltou para jogar a copa.
JAPÃO: QUE O MUNDO DESAPAREÇA DE NOSSAS RETINAS
O que a Bélgica fez hoje contra o Japão foi uma maldade só. Ambos estavam muito assustados na reta final do segundo tempo e pactuaram de prorrogar o jogo, em que cada qual teve seu bom momento e o aproveitou para marcar dois gols. No intervalo, antes dos 30 minutos, tomaremos calmante e tudo dará certo, pensaram. No entanto, os europeus decidiram quebrar o trato e, faltando 15 segundos para o fim da partida, enfiaram a bola na meta dos asiáticos, após contra-ataque cinematográfico. Escolheram esse momento para não dar aos oponentes nenhuma possibilidade de reação. Letais os belgas, assinaram a eliminação mais dolorosa até agora nesse mundial. Após tomarem o terceiro gol, os japoneses só tiveram tempo de cobrir a cabeça com a camisa, numa tentativa de fazer o mundo desaparecer de suas retinas. Num jogo em que tudo ocorreu no segundo tempo, chegaram a ter 2 a 0, com possibilidade de aumentar, mas farão check-in em algum aeroporto russo nas próximas horas. Deu dó, sentimento que se dissolve completamente se sairmos do campo. Em 2011, quando numerosas cidades do Japão foram arrasadas por tsunami, estava para começar a reforma da assassina BR 381, que liga Itabira a Belo Horizonte. O país do Kashima Antlers consertou tudo lá em seis meses – e com ferro do minério itabirano, diga-se. Já a nossa estrada continua nas obras que nunca terminam e sendo notícia quase diariamente por acidentes pavorosos e matança de pessoas.
MARQUEI UM GOL DE BICICLETA NO CAMPO DO CAVEIRINHA
Inveja, confesso. Passei a ter dos moradores do conjunto predial Juca Batista ao deambular por lá hoje cedinho e ver que eles têm um belíssimo campinho de terra nos fundos. Não é “inveja branca”, não, é da modalidade mais cinza, pesada e perfurocortante. Mas que saudade – posso, tenho direito, estou autorizado a ter sentimento? – dos campinhos de minha adolescência, principalmente o do Caveirinha, soterrado pelo asfalto da avenida Mauro Ribeiro. Era onde mandava seus jogos o time da Capa Égua, que tinha até torcida, pouca, mas ruidosa. Ganhar no Caveirinha sempre foi problemão – as pessoas lá eram gentis como alguns frequentadores do La Bombonera. Goleamos o brioso Capa Égua uma vez – marquei três, um de bicicleta (não, não há registro) – e nosso centroavante entrou numas de humilhar. Para não apanharmos, corremos como quenianos pela linha do trem – chuteira fazendo plac-plac na brita e deslizando no lodo dos dormentes. Todos os campinhos dos bairros em que morei em Itabira foram extintos. Não sobrou unzinho sequer; puseram prédios no lugar. Moradores do Juca Batista, protejam o campinho de vocês com, como diria o finado cronista Guido de Caux, “unção de devoto”. Ter um no bairro hoje é prova de milagre reconhecido pelo Vaticano.
Por Marcos Caldeira d’OTREM ITABIRANO
* Dos últimos campinhos de terra que sobraram em Itabira.
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