Foto: Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético
Transporto para o futebol a famosa frase de Tancredo Neves sobre política, para fazer uma analogia da situação do goleiro Rafael, do Atlético: “Não se faz política sem vítimas.” O saudoso governador se referia às articulações de bastidores que, em muitos casos, devido às circunstâncias, sacrificavam bons aliados, companheiros de luta, sérios e competentes, que entretanto, não poderiam ser nomeados para algum cargo ou indicados para alguma candidatura. Vítimas naturais do processo político.
O futebol também tem muitas situações de “vítimas do destino”, sejam atletas, treinadores e até clubes e seleções, que mereciam, mas algum fator extra impediu que o sucesso pleno ou o título fosse alcançado.
Rafael Pires Monteiro vai completar 32 anos no dia 23 de junho. Nascido em Cel. Fabriciano, 1,92 de altura, excelente goleiro, chegou para o Cruzeiro em 2008 onde ficou até 2020, quando se transferiu para o Atlético, aos 30 anos. Reserva de luxo do Fábio, titular incontestável da Raposa, só chegou perto de tomar a posição quando o companheiro fez uma cirurgia de ligamentos no joelho direito, em setembro de 2016, e ficou oito meses em recuperação. Mesmo assim, quando o Fábio se machucou, o Rafael estava para ser liberado pelo departamento médico, após se recuperar de uma fratura no quarto dedo da mão direita. Lucas França e Elisson ocuparam a posição, até que ele ficasse 100%. Em 2017, quando Fábio estava pronto pra voltar, o técnico Mano Menezes andou hesitando se retornaria com ele, já que Rafael estava bem demais. Fábio comeu banco em alguns jogos, mas acabou recuperando a posição.
Em 2020, com o Cruzeiro em apuros financeiros e o Atlético pensando em um sucessor para o Victor, juntaram-se a “fome com a vontade de comer”. E lá se foi o Rafael para a Cidade do Galo! Certamente ele, e todos que conhecem o futebol dele, tiveram uma certeza: chegou a hora! Rafael finalmente vai deslanchar na carreira, como sucessor do Victor, e justamente vestindo a camisa do maior rival do Cruzeiro.
Fábio (esq.) é padrinho de casamento de Rafael — Reprodução/Instagram
Ledo engano. Mal sabia ele que pouco depois de sua chegada ao Atlético surgiria um técnico que tinha outras preferências para a meta alvinegra. Jorge Sampaoli gosta de goleiros que saibam “jogar com os pés”. E mesmo com o Rafael se desdobrando bem para atender a essa exigência, o comandante, feito um menino birrento, bateu pé e exigiu que o Galo investisse no Everson, apesar de outras posições realmente carentes do time.
Sampaoli durou pouco, se foi, mas quando surgiu a oportunidade de Rafael disputar a posição em igualdade de condições com o Everson, ele machuca o ombro. Hoje foi anunciado que terá de passar por cirurgia, cujo tempo de recuperação previsto é de quatro meses. Ou seja: a temporada acabou para ele. Uma pena. Infelizmente a história do esporte, futebol em especial, mostra muitos jogadores marcados por situações semelhantes.
Força e paciência ao Rafael, além de ótima recuperação. Certamente são os votos de todos nós aqui do blog.
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