Antes das 10 da manhã, li no twitter, hoje, o Adroaldo Leal, da 98FM, anunciando que, sob o número 44.490. 706/0001-54 nascia o Cruzeiro Esporte Clube – Sociedade Anônima do Futebol. Coincidentemente eu conversava com o contador/administrador Luiz Dutra, um dos maiores cruzeirense que conheço e perguntei o que ele achava. “Desde que seja entregue para gente competente, pode ser um grande negócio”, respondeu, na bucha, e na torcida para que investidores de peso se interessem e que ponham executivos que entendam de gestão de futebol à frente.
Quase que simultaneamente, o marketing do Cruzeiro usou o twitter para se manifestar: “Nosso novo CNPJ nasceu! E nasceu com números interessantes antes e depois da barra..”
Não entendi o que seriam estes “números interessantes”, como aliás, nunca entendi muita coisa deste setor do Cruzeiro, como, por exemplo, uniformizar o presidente para que ele batesse bola com o Fábio, no início do mandato. Na semana passada tentou ironizar a conquista do Brasileiro pelo Atlético e recebeu críticas de peso, óbvio, que por causa da situação em que os dois clubes vivem. Como esta, do Diogo Garcia, no Uol:
* “Garcia: Cruzeiro passa vergonha ao minimizar conquista do Galo
O Cruzeiro passou vergonha na noite desta quinta-feira, ao alfinetar a conquista do arquirrival Atlético-MG em suas redes sociais. “Agora, são 16 títulos de expressão em Minas Gerais. Deixa eu contar quantos tenho aqui na Toca”.
O tweet não foi de um torcedor fanático, e sim da conta oficial do time celeste no Twitter – que teoricamente fala pelo clube -, logo após a conquista do Galo. A zoeira com os rivais é saudável e faz parte do futebol, mas tem que ter noção. Primeiro, porque o Cruzeiro está no fundo do poço e precisa se recuperar o quanto antes para viver novamente de grandes títulos, e não de piadinhas enquanto seus rivais levantam taças; Segundo, porque quem é grande não precisa lembrar que é grande. O clube celeste vive uma crise que não parece ter solução tão cedo. Assolado por dívidas, processos judiciais, guerra política, casos de corrupção e até greve de jogadores, o Cruzeiro virou mais frequente nas páginas policiais do que nas esportivas.
Do outro lado de Belo Horizonte, o Galo vive no céu. Nesta quinta, venceu o Bahia em virada épica e se sagrou campeão incontestável do Brasileirão, com três rodadas de antecedência e superando supertimes como o Flamengo, do melhor elenco do país, e o Palmeiras, bi da Libertadores. Não só isso, talvez tenha sido o mais simbólico título de um Campeonato Brasileiro, ao menos na era dos pontos corridos. Nunca nenhum time ficou tanto tempo sem levantar a taça mais importante do futebol nacional, após 50 anos de espera. O Atlético ainda tem uma final de Copa do Brasil para jogar, onde é favorito diante do Athletico-PR. E, por pouco, não disputou a decisão da Libertadores – caiu no critério de gols fora de casa, após dois empates contra o Palmeiras, futuro campeão.
O Cruzeiro, enquanto isso, coitado, está afundado na segunda divisão, onde terminou na ridícula 14ª colocação. Conseguiu levar mais gols que tomou e vergonhosamente acabou com saldo negativo. Ganhou só 10 de 38 jogos. Enfim, um vexame. A pior campanha de um grande na história da B por pontos corridos. Em 2022, o time celeste vai jogar a Segundona pela terceira vez consecutiva, algo inédito entre grandes clubes.
No ano passado, fez campanha parecida com a atual, somando apenas um ponto a mais e acabando na 11ª colocação. Em ambas as temporadas, ficou longe do acesso. Na Copa do Brasil, foi eliminado pelo CRB em 2020 e pelo Juazeirense em 2021. Ficou distante, muito distante das finais. E conseguiu a façanha de não ficar nem entre os três primeiros colocados nas duas últimas edições do fraco Campeonato Mineiro. Hoje, o América é a segunda força do Estado. No ano passado, fez bonito ao alcançar a semifinal da Copa do Brasil. E, neste ano, briga por uma vaga na próxima Libertadores – atualmente, em oitavo, está conquistando lugar na fase prévia do torneio.
Ninguém precisa lembrar que o Cruzeiro tem uma história linda. Faturou duas Libertadores, quatro Brasileiros, seis Copas do Brasil, 38 Mineiros. Mas, atualmente, é um time pequeno, que não consegue ficar nem no G-10 da segunda divisão.
Por favor, devolvam o Cruzeiro!.
* Diogo Garcia
https://www.uol.com.br/esporte/colunas/diego-garcia/2021/12/03/garcia-cruzeiro-passa-vergonha-ao-minimizar-conquista-do-galo.htm
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