Perdi minha irmã Dirce, mas estou ressuscitando no segundo dia
Somos quatro irmãos. Amigos, confidentes, cúmplices e inseparáveis em torno de 70 anos, que é a idade do Gilmar, o mais velho. Sou o caçula, o privilegiado, porque além da atenção especial do meu pai, Vicente e minha mãe, Terezinha, eles cuidaram de mim como nenhum irmão ou irmã do mundo cuida ou cuidou.
Gilmar, Dirce, Edilse e eu. Pai, Vicente Barbosa Duarte e mãe, Terezinha Maia Barbosa. Nossa origem regional, Prudente de Morais (pai) distante menos de 10 Km de Sete Lagoas/Silva Xavier (mãe).
Ela estava internada, às 18 horas da terça-feira, 5 de setembro, e conversamos por whastsapp:
__ E aí, como estão as coisas?
__ Está tudo bem!
Bom tratamento.
Preparo bem feito.
A cirurgia será às 13:00 mais ou menos.
Bjo!
__ Ótimo. Falei com Martinelli agora há pouco e ele me deu notícias.
Bj
***
Martinelli é o filho mais velho dela.
Uma instalação de válvula no coração, cirurgia delicada, mas todos os devidos cuidados tomados, preparativos, médicos e médicas das melhores recomendações, inclusive um amigo querido que ajudou a salvar a minha vida beirando dez anos atrás.
Mas, como qualquer cirurgia, ainda mais cardíaca, deu problema. E, sem jeito!
Às seis e alguma coisa, meu sobrinho André (filho da Edilse), também médico, que também salvou minha vida beirando aqueles meus momentos difíceis de 2014, ligou:
__ Deu ruim. Me ligaram aqui. Situação de Dircinha complicou.
__ PQP! Quê isso!?
__ Foda, fique ligado, dou notícias!
Incrédulo, sentei na cama. Pedi a ajuda a Deus que perdoasse a minha incredulidade e que desse um jeito. Eu não podia perder a minha irmã!
Daí a pouco, mensagem do André:
__ Vem pra cá!
__ Tá, chamo Vanessa? (filha dela)
__ Chama!
A partir daí, drama, desespero e choro, entre notícias positivas e nem tanto, até que houve um momento de sossego quando a equipe médica conseguiu detectar o problema e aparentemente o pior tinha passado.
Não tinha. E ela se foi.
Inacreditável! A primeira reação era de incredulidade. Depois, vontade de ir junto, que durou até agora há pouco, depois de velório e sepultamento. Porém, força espiritual e ou presencial de tanta gente, a quem sou grato eternamente, segura a barra!
Dor semelhante, só quando perdemos nosso pai, Vicente, em 2002. Aliás, quando achei que iria morrer, em 2014, me contentei. Iria feliz porque me encontraria com ele. Agora, tenho mais um motivo para morrer sem preocupações porque possivelmente me encontrarei com ela também.
Pelo menos é isso! Ao que a gente pode se apegar nessas horas. Fora disso, só morrendo também!
Não preciso me estender para falar o que a Dircinha é pra mim, pro Gilmar, Edilse, nossa mãe Terezinha, pro marido Celso, pros filhos Celsinho, Cristiane e Vanessa, netos Vitor e Pedro, netas Sara e Maria Eduarda, nora Priscila, genros Davi e Rodrigo.
Pro cunhado Nonô, marido da Edilse e sobrinhos André, Bruna, Bernardo, Lívia, Andrezinho e Alice.
Sempre torcendo, fazendo o que podia e rezando pela felicidade da sobrinha Bruna, sobrinho Bernardo, da sobrinha neta Alice.
Professora da Escola Estadual Governador Juscelino, ex-diretora da Escola Municipal Tia Lourdinha, esposa do Celso “Gaguinho” da Cedro e Cachoeira. Exemplo maior que o mundo já viu da famosa frase de casamento: “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe”! Passou os últimos oito anos da vida cuidando do Celso, acometido inicialmente por uma hidrocefalia e logo depois por uma demência, que o jogou numa cama e vida vegetativa. Coisas do destino, aos quais qualquer um de nós está sujeito.
Guerreira, amiga, bom senso, exemplo de irmã, filha, mãe, avó e cidadã, melhor pessoa do mundo.
Que saudade minha querida! Até um dia. Que seja breve, porque estou morrendo de saudade de você!
Nessas fotos, aí estamos nós, família simples, mais feliz do mundo até outro dia quando os problemas de saúde e mortes começaram a nos levar. Assim é a vida! E vida que segue!
Um dos incontáveis encontros na chácara do Seu Vicente e D. Terezinha em Prudente de Morais. André, o primeiro sobrinho. Hoje, grande médico. Em em pé, Seu Vicente, sentadas, D. Terezinha e Dircinha. Edilse deitada, rindo e de olho no André.
Para mim, nada a reclamar, muito a agradecer pelo prazer, honra e privilégio de ter pai, mãe, irmão, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, sobrinhos netos e netas como tive e tenho!
E Dircinha foi e é demais!
Edilse, eu, Celsinho, Celso e Gilmar
Ela com a neta Sara ao lado da Vanessa com o Pedro e o genro Davi
Com D. Terezinha na Cantina Vó Déia
No aniversário do marido Celso, este ano. Quase 8 anos cuidando dele nesta situação
Este ano em encontro com as primas de Prudente de Morais, na casa da Edilse em Funilândia
Com Gilmar e Edilse. Até hoje não conheci irmãos tão unidos como nós
Com Celsinho, a nora Priscila e a Cleide, mãe da Priscila
Ao lado de Josefa, uma amiga querida da família, de São Paulo, que dedicou todo carinho à Alice, neta de Edilse, durante quatro anos lá. Com Nonô, Edilse e a sobrinha neta Lívia, filha maravilhosa do André, outra preciosidade nossa. Com uma virtude a mais, atleticana. Única contrariedade do pai, cruzeirense da gema.
Com Davi, Vanessa, Cris e o gremista Rodrigo, gaúcho gente ótima, marido da Cris
No lançamento do livro da Bruna, “Aos seus pulmões”, no dia 17 de maio deste ano. (https://blog.chicomaia.com.br/2023/05/17/hoje-lancamento-do-livro-da-minha-sobrinha-e-afilhada-bruna-em-sao-paulo-aos-seus-pulmoes/)
Com Dudinha (da Cris e Rodrigo), ao lado da Vanessa e Sara
Na casa dela, cena de toda tarde/noite de domingo, faça chuva, faça sol, nosso vinho com Dona Terezinha. Hoje, só eu e mãe, em homenagem a ela. Está doendo demais, mas a força da nossa mãe nos joga para cima.
Cena frequente, em minha casa, em Fazenda Velha. Nos aguarde Dircinha querida. Vá colocando a prosa em dia com Seu Vicente, que um dia estaremos todos juntos novamente.
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