Blog do Chico Maia

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Neymar e o fim dos sonhos dos donos do Paris Saint Germain

Sheik Nasser Al-Khelaifi, homem de confiança do emir do Catar e comandante do PSG, no dia em que apesentou Neymar como jogador do PSG em 3 de agosto de 2017. Foto: https://twitter.com/PSG_inside 

Senhoras e senhores, esta postagem está salva no “rascunho” do blog há uns bons dias, desde a semana em que o Jaeci Carvalho me deu a honra de ser citado na coluna dele no Uai, lembrando que eu sempre dizia que o  Neymar era um “foguete molhado”, em termos de conquistas, diga-se, pois só pensava em si próprio e não no time. Na época, ele ainda era do Santos.

O “menino” Ney cresceu, ficou mais velho, chegou aos 31 anos, e aí?

Escrevi logo depois do Paris Saint Germain perder em casa para o Bayern, o jogo de ida pelas oitavas da Champions. Era o primeiro sinal de que o projeto dos donos do clube francês, podres de rico, estava fracassando mais uma vez. Queriam ser o melhor time do mundo em cinco anos. Ferro. Não basta ter dinheiro para se conquistar títulos. Ainda bem que seja assim.

Escrevi também, no dia seguinte em que o Messi ganhou novamente o prêmio de melhor jogador do mundo. Ele é o oposto do Neymar em termos de comportamento e coletividade.

Para o jogo de volta contra o Bayern o PSG não contou com ele, que estava machucado de novo. É sempre assim, na hora “agá” quando se precisa muito dele. Há vários grandes jogadores que pouco se machucam, porque treinam muito e fazem trabalhos especiais com fisioterapeutas especializados em prevenção. Para não ir longe, Hulk é um bom exemplo. Aos 36 anos, com aquele corpanzil, só mesmo com muito trabalho especial para jogar tanto e em quase todos os jogos do Atlético na temporada.

Messi, 35 anos, também faz este tipo de trabalho.

Vejam o que estava no “rascunho”:

Esta semana a FIFA entregou a Lionel Messi a sua 7ª Bola de Ouro, como o melhor jogador de futebol do mundo. Neymar não passou nem perto e está caminhando para receber o rótulo de maior enganador da história, na relação custo/benefício para a conquista de títulos para quem aposta nele. Sempre tem um problema extracampo ou se machuca nos momentos decisivos, tanto nos clubes, quanto na seleção brasileira. Disputou três Copas do Mundo e “crefou”, apesar da bajulação que sempre tem da maior parte da mídia, impulsionada por alguns dos maiores patrocinadores do mundo.

Quem assistiu o documentário sobre ele na Netflix, viu que o pai toca muito bem os negócios das empresas deles, especialmente a Neymar Sport e Marketing Ltda. Perguntado sobre as dificuldades para se administrar tantos negócios e tantos detalhes, Neymar pai falou, na bucha: “Administrar as empresas é fácil, difícil é administrar o Neymar…”

O PSG gastou uma fortuna com ele, visando conquistar a Champions, mas pelo visto, não vai dar, de novo.

Aos 31 anos de idade, o individualismo, a preocupação com a própria imagem e números pessoais, fazem dele uma máquina de ganhar dinheiro. Mas, como o futebol é coletivo, os times que ele defende penam na hora do “vamos ver”.

Comportamento bem diferente do Messi, outra máquina de ganhar dinheiro, porém, discreto e adepto do jogo coletivo e valorização de todo o grupo.

Aliás, hoje, o André Rizek retwittou uma postagem do @UOLEsporte, com o seguinte comentário e informações, envolvendo o técnico Tite: O único cidadão do planeta que nunca considerou Messi o melhor do mundo… Ps: CR7 não conta, obviamente

@UOLEsporte

Votos de Tite para Melhor do Mundo:

2016 – 1º CR7, 2º Neymar e 3º Griezmann

2017 – CR7, Neymar e Messi

2018 – Modric, Salah e CR7

2019 – Van Dijk, Messi e Mané

2020 – Neymar, Lewandowski e De Bruyne

2021 – Lewandowski, Salah e Benzema

2022 – Neymar, Messi e Mbappé


Muito bom jogo do Atlético no 1 a 1 com o Millonários em Bogotá

Foto: twitter.com/Atletico

O Millonários é infinitamente melhor  que o Carabobo, assim como o futebol colombiano dá de cem a zero no Venezuelano. E mesmo assim o Atlético fez um belo jogo em Bogotá, numa partida que nem se compara à pelada que foi aquele jogo de ida 0 x 0, em Caracas.

O time entrou com vontade contra o segundo maior ganhador de títulos da Colômbia, 15 nacionais, atrás apenas do Nacional de Medellin, que ganhou 17. O primeiro argentino a ser comparado com Pelé, Di Stéfano, jogou lá de 1949 a 1953, antes de ir fazer sucesso mundial no Real Madri.

Portanto, pelo que jogou e pelo nível do adversário, este 1 a 1 desta noite foi muito bom resultado. Poderia ter vencido, pois criou oportunidades, mas não conseguiu concluir. E não terá vida fácil no Mineirão, na quarta-feira que vem. Decisão dificílima.

Tomou o gol num vacilo do Jemerson que perdeu o tempo da bola na cobrança de escanteio pelo Cataño. David Silva estava atrás dele, dentro da pequena área e marcou.

Aliás, que bom jogador é este camisa 10, Cataño, o motor do time. Interessante é que já tem 32 anos e não tem histórico na seleção colombiana.

O empate do Galo saiu aos 22 minutos do segundo  tempo, belíssimo, do Paulinho, que aproveitou um lançamento espetacular do Jemerson.

Eduardo Coudet fez mexidas a partir dos 32 do segundo tempo: Vargas no lugar do Paulinho, Mariano no de Saravia, que fez muito boa partida, Igor Gomes no de Allan, e Hyoran no lugar de Patrick, que está precisando começar a justificar o investimento que o Atlético fez nele.

Hulk, mesmo muito bem marcado, fez bom jogo e apanhou muito, sob as vistas grossas da arbitragem chilena de Piero Maza, auxiliado pelos compatriotas José Retamal e Claudio Urrutia. Deixou o pau cantar em cima do Hulk e ainda deu cartão amarelo para ele e para o Paulinho.


Com a lembrança dessas pioneiras, guerreiras e brilhantes do jornalismo esportivo, a nossa homenagem a todas as mulheres

Na redação da Rádio Alvorada FM, meados dos anos 1990, da esquerda para a direita, Ricardo Bandeira, a estagiária Zildinha, Tânia Mara e Maria Helena Dias. A Tânia é muito especial nessa história e durante a leitura deste post, as senhoras e senhores vão entender o motivo do destaque.

Todo dia é dia delas, porém, o 8 de março é especial, consagrado mundialmente.

Por meio de todas as companheiras de imprensa, que atuaram e atuam no esporte, presto a minha homenagem às mulheres do mundo, cada dia mais importantes e fundamentais em todas as áreas, na maior parte do planeta.

Hoje as mulheres ocupam as redações, microfones, bancadas esportivas, gramados, quadras e pistas quase na mesma proporção e até mais, em muitos casos, que os homens. O mundo mudou, e felizmente, assim como no meio masculino, há brilhantes e incompetentes atuando em rádios, TVs, jornais, revistas e internet, para todos os gostos.

Infelizmente, em muitos países, elas ainda não têm espaço e são tratadas como subalternas. No Catar, por exemplo, onde pude constatar pessoalmente, ano passado, durante a cobertura da Copa do Mundo. Único ponto negativo do país, que realizou um Mundial que beirou a perfeição. Quando der espaço e tratar as mulheres como elas merecem e têm de ser tratadas, será um grande país para se viver.

Meu Trabalho de Conclusão de Curso de jornalismo, na saudosa Fafi-Bh (hoje UNI-BH), foi sobre “A presença da mulher na imprensa esportiva de Belo Horizonte”. Lá destaquei as pioneiras, começando pela querida Nilza Helena, esposa do Ronam Ramos, o grande “Repórter da camisa amarela”, da TV Itacolomi, dos anos 1960/70.

Foto de 1990, do portal do Minas Tênis Clube: “Ronan Ramos, chefe do cerimonial da Prefeitura (de óculos ) sua esposa e jornalista do Hoje em Dia, Nilza Helena e o filho Ronan Jr., além dos amigos José Lincoln Magalhães, e esposa Fátima e os filhos Lincoln, Israel e Ana Luiza.”

 

No meu começo, na Rádio Capital, em 1979, tive o prazer de trabalhar com a Vânia Turce, que foi também da Rede Globo. Brilhante, além de uma pessoa espetacular, com quem aprendi demais.

Tive o privilégio de conviver e ser amigo da Tânia Mara, jornalista fantástica, da Rádio Alvorada FM, jornal Hoje em Dia, correspondente do Jornal do Brasil e Estadão em Minas. Sabia tudo de futebol, além de ter uma voz e uma postura diante dos microfones, incríveis. Infelizmente ela passou por um drama, que a tirou das atividades precocemente. Aos 29 anos de idade foi diagnosticada com esclerose múltipla, essa terrível doença, que nenhum ser humano merece sofrer. Passou os últimos 16 anos de vida acamada, sem entretanto, reclamar do destino ou baixar o astral, enquanto teve forças. Morreu em 2016, aos 51 anos de idade. Seu pai, senhor Nery, se foi em 2009; a mãe, D. Lúcia, em 2012. Ficaram as irmãs Lucinery e Cíntia e o irmão Thiago, além do marido Jairo.

Em todo mês de junho me lembro de forma especial dela e família, já que ela promovia sempre uma grande festa junina na casa dos pais, no Bairro Glória, para reunir os colegas de imprensa.

Grande amiga, formada na PUC, descansando em paz, há quase sete anos, desde julho de 2016.

 

Outra pioneira com quem tive o prazer de trabalhar é a Rosália Dayrell, na TV Bandeirantes, repórter “atrevida”, que não se intimidava em fazer perguntas incômodas a jogadores, dirigentes e técnicos. Ficaram famosos os embates dela com o Telê Santana, sempre pouco paciente com perguntas incômodas ou consideradas sem sentido para ele. Num certo dia, em 1987, depois de uma derrota do Atlético, no Mineirão, a Rosália perguntou a ele porque o time jogou “tão recuado”. Vixe! Ele que detestava times recuados, ficou furioso e devolveu a pergunta:

__Você sabe o que um time recuado, minha filha, você sabe o que é uma retranca, aliás, você sabe o que é um impedimento ou um sistema tático, ou qualquer coisa de futebol?

 

Mesmo assustada, ela não baixou a guarda, continuou insistindo, perguntando e enquanto o Telê não respondeu o que ela queria, ela não sossegou.

Nos dias seguintes, passada a raiva, Telê passou a respeitá-la e tratá-la com a gentileza com que sempre trava a todos os profissionais da imprensa que cobriam o Galo e demais times que ele treinou.

Em abril de 2016, Rosália Dayrell nos tempos da BH News TV – Canal 9 da NET, entrevistou o empresário Euler Nejm, dono do Apoio Mineiro/ Super Nosso.

Das atuais, que continuam fazendo sucesso no esporte, ou em outras áreas, em suas respectivas emissoras, como não me lembrar e abraçar de forma especial à Dimara Oliveira e a Úrsula Nogueira!.

Com Dimara, convivi por quase 20 anos na Band, Minas Esporte, onde ela foi produtora, repórter e apresentadora. Está atualmente na Rádio Super FM 91,7. Excelente comentarista, ser humano ímpar.

A Úrsula simplesmente ocupou o cargo que foi do Osvaldo Faria, como diretora do departamento de esportes da Rádio Itatiaia, uma novidade lançada pelo Emanoel Carneiro na época, que surpreendeu a todo mundo e foi um sucesso.

Tive o prazer de dividir a bancada de debatedores do programa Rádio Vivo, do saudosíssimo José Lino Souza Barros, na Itatiaia, durante seis anos. Atualmente ela é diretora da Rede Itasat, que cuida das afiliadas e filiais da Itatiaia em Minas.

Eu, José Lino, Patrícia Diou, Úrsula Nogueira e Stephanie Mendes (à frente).

A todas as mulheres de Minas e do mundo, a nossa singela homenagem aqui do blog, por meio dessas pessoas maravilhosas que citei agora. Grandes profissionais, guerreiras e exemplos de vida.


SAFs no Brasil: esperança de profissionalização dos clubes ou risco para investidores?

No fim dos anos 1990, Alexandre Freire era diretor regional do SENAC, Regional Sete Lagoas, que cobre vários municípios de Minas. Em 1999 convidou Dario para apresentar o livro autobiográfico escrito pelo artilheiro, numa palestra direcionado aos participantes do Projeto Cidadania, criado por ele para atender adolescentes em situação de risco ou com necessidades especiais, como surdos, mudos e cadeirantes. Foi um grande sucesso.

Agradeço a ele, que a nosso pedido, escreveu o que pensa sobre a lei que criou a SAF e do andamento das primeiras experiências no futebol brasileiro.

“SAFs no Brasil: esperança de profissionalização dos clubes ou risco para investidores?”

* Por Alexandre Freire

Não é de hoje que a insegurança jurídica nesse país atrapalha negócios e afasta investidores, principalmente os estrangeiros.

Tendo participado de inúmeras transações de M&A (fusões e aquisições) ao longo de minha vida, sendo várias delas no exterior, nada mais perigoso para um ambiente de negocios quando estamos diante de uma negociação com insegurança jurídica.

Respeito as regras é conceito fundamental para uma economia livre e fator crítico de sucesso para tomada de decisão de qualquer investidor.

Mudanças abruptas nas leis no meio do caminho é histórico em nosso país.  Presenciei situações constrangedoras onde alguns milhões de dólares em investimentos foram transferidos para outro país por única e exclusivamente essa razão.

Colocando em termos metafóricos, seria como se no meio do Campeonato Brasileiro a CBF mudasse o regulamento sobre quem seria considerado campeão, quem iria para a libertadores do ano seguinte, quem seria rebaixado ou mudanças na premiação dos clubes.

No ano seguinte, clubes investiriam menos, possível fuga de patrocinadores, diminuição de espaço nas grades das TVs, menos torcedores nos estádios, só para elencar algumas consequências.

Investidor aceita risco inerente ao negócio, mas abomina o risco gerado pela insegurança jurídica.  John Textor, investidor da SAF do Botafogo já demonstra preocupação e não o culpo por isso.

Como ele vai justificar um aporte maior no clube se as regras da lei da SAF poderão ter sua espinha dorsal quebrada por interpretações da justiça trabalhista?

Em um processo de M&A, o fluxo de caixa é planejado com a lei e regras vigentes.  Uma mudança estrutural e impactante pode desestabilizar por completo o projeto de qualquer SAF no país.  Tanto os vigentes como os potenciais futuros que estão por vir.

Não me venham com essa balela de que a SAF pode quebrar os clubes.

O futebol brasileiro está em processo falimentar há alguns anos.  Os clubes estão endividados porque a gestão foi amadora e irresponsável, servindo como rota rápida e facil para a riqueza pessoal de muitos que já passaram.

O torcedor acha que o clube é da torcida.  Nunca foi!  O clube é dos associados e representado pelo Conselho.  Aliás, como pode um Conselho ser útil e prático com 400 membros?

A lei da SAF, pode até não ser a melhor, mas carrega consigo uma esperança de profissionalização da gestão e organização das finanças dos clubes brasileiros.

E sim…  Dependemos do capital externo para isso.

* Alexandre Freire foi professor da Fundação Getúlio Vargas e Fundação Dom Cabral. É dono do canal do youtube – A vida como ela é!

https://www.youtube.com/@avidacomoelae1

Contato: Alexfreire01@gmail.com


Ex-presidente Wagner Pires de Sá condenado a reembolsar o Cruzeiro, e Sérgio Santos Rodrigues comunica ao Conselho

Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro.

A notícia é de hoje, que envolve um passado bem recente, mas passa a uma sensação estranha, já que se trata de uma parte do cube que já não mexe diretamente com o torcedor, pois é a associação Cruzeiro, que não trabalha mais com futebol. O valor do reembolso é pequeno, R$ 150 mil, mas tem um significado enorme, pois é o prenúncio de que punições realmente vão acontecer. Wagner pode recorrer, mas há mais ações contra ele e outros ex-dirigentes.

O presidente Sérgio Santos Rodrigues, da associação, enviou comunicado ao Conselho Deliberativo do clube:

* “Caros Conselheiros e Conselheiras”,

Encaminho com muita alegria Acórdão do TJMG publicado hoje confirmando condenação do Sr Wagner Pires de Sá a restituir ao Cruzeiro quantia utilizada indevidamente para pagar advogados pessoais com o dinheiro do clube.

Ressalto que já temos várias decisões favoráveis em face dele e de outros ex-dirigentes que prejudicaram muito o clube, mas essa é a primeira que o mérito é confirmado de forma definitiva no Tribunal mineiro.

Isso confirma nosso objetivo de ser implacável contra quem lesou o clube; movemos várias ações e temos tido sucesso, ainda que provisório, em todas até hoje. Isso sem contar ações trabalhistas indevidamente movidas em que saímos vitoriosos.

No âmbito criminal, constituímos um dos escritórios mais respeitados do Brasil para defender nossos interesses, entretanto, a velocidade de tramitação independe do nosso esforço.

Esperamos continuar dando boas notícias sobre este tema tão caro pra todos nós! Se depender do nosso trabalho, eles jamais sairão impunes.

Por fim agradeço muito ao nosso Departamento Jurídico nas pessoas do Dr Flávio Boson, que iniciou tudo isso, Marcos Lincoln, Silvio Arruda e Gustavo Chalfun. Vamos por mais !

Abraço

Sérgio Santos Rodrigues.

***

O ótimo portal Diário Celeste deu mais detalhes:

* “Wagner Pires de Sá é condenado a devolver R$ 150 mil ao Cruzeiro”

A ação foi aberta pelo clube em 2019, o ex-mandatário teve mais um recurso negado

O ex-presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, foi condenado a devolver R$ 150 mil ao clube. A ação foi aberta pela equipe em 2019, o ex-mandatário teve mais um recurso negado, mas ainda pode recorrer da decisão. a ação o Cruzeiro cobra o ressarcimento de valores que teriam saído dos cofres do clube, para pagar honorários advocatícios, contratados por Wagner Pires de Sá, durante a investigação que concluiu que houve irregularidades na gestão do clube.

Em março de 2022 o ex-presidente já havia tido um recurso negado. Na segunda tentativa, Wagner Pires de Sá teve o pedido negado pelo TJMG, mas sua defesa ainda pode apresentar recurso.

Wagner Pires de Sá foi mandatário do Cruzeiro durante as irregularidades que foram investigadas pelo Ministério Público de Minas Gerais. Foi na gestão do ex-presidente que o clube acabou tendo todos escândalos revelados por uma matéria no programa Fantástico, da Rede Globo.

Em fevereiro de 2022, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro votou e aprovou a expulsão de Wagner Pires de Sá, do quadro de conselheiros do clube. Ao todo foram 136 votantes e 113 conselheiros votaram SIM.

Ainda em 2022, o filho do ex-presidente, Humberto Magalhães Santos Pires de Sá, perdeu uma ação para o Cruzeiro. Na decisão ele teve que devolver ao clube cerca de R$ 300 mil, ele ainda poderia recorrer da condenação que saiu em setembro.

https://www.diarioceleste.com.br/noticias-do-cruzeiro/wagner-pires-de-sa-e-condenado-a-devolver-r-150-mil-ao-cruzeiro/

 


As contas bancárias de Ronaldo penhoradas e o risco de falência das SAFs por causa das dívidas trabalhistas

Ilustração: www.portal.fgv.br/noticias/nova-serie-seminarios-fifa-sobre-gestao-esportiva-e-tema-debate-online

Vida de jogador de futebol não é fácil, mas de empreendedor também não, em lugar nenhum do mundo, mas principalmente no Brasil. Ronaldo se tornou empresário em vários ramos de atividade na Europa e por aqui. Depois resolveu encarar o comando de clubes de futebol. Numa operação relâmpago, logo depois de aprovada a lei da SAF, pelo Congresso nacional, ele tratou logo de pegar o Cruzeiro.

Se informou sobre a dívida gigante do clube, mas não se atentou para a mais complicada, que é a trabalhista, direito líquido e certo de todo cidadão.

Hoje, recebi uma mensagem do Alexandre Freire, um especialista no assunto, alertando para o perigo que a desatenção a detalhes como este, pode complicar a vida dos clubes que optam pela SAF:

“A insegurança jurídica nesse país que vem desde 1500 é a coisa mais bizarra e terceiro mundista que pode existir. A justiça trabalhista tende a passar por cima da lei da SAF e se realmente acontecer, Cruzeiro, Vasco e Botafogo entram em processo falimentar. Embora já estivessem falidos antes da SAF. Tenho vivência de anos com mercado internacional e lidando com investidores estrangeiros. Os caras só levam na banda nesse país. Outro dia um grupo americano chegou até a mim por indicação. Eu simplesmente mandei os caras procurarem outro país pra botar o dinheiro deles.”

Pedi a ele para escrever mais detalhadamente sobre o tema e já já postarei aqui.

Enquanto isso, Ronaldo enfrenta problemas com a justiça por causa de outras empresas dele e com outro tipo de credor, conforme a imprensa vem mostrando desde quinta-feira.

Aqui o Diego Garcia, do Uol, com muitos detalhes:

* “Justiça acusa Ronaldo de desviar patrimônio; defesa nega irregularidade”

Diego Garcia Colunista do UOL

Ronaldo Fenômeno teve suas contas bancárias penhoradas por uma dívida de R$ 1 milhão na qual ele é sócio em uma das firmas devedoras. E, em decisão que foi importante para o bloqueio, a Justiça entendeu que o ex-atacante desvia o patrimônio de suas empresas. Em acórdão publicado em 1 de fevereiro, o relator Heraldo de Oliveira determinou a desconsideração da personalidade jurídica da Liv Drinks – na qual Ronaldo tem participação direta, segundo o tribunal – e de outras empresas ligadas ao ex-centroavante.

Para o relator, como Ronaldo é titular de outras empresas, como a Empório Ronaldo do Brasil, RDNL Participações, Mike Empreendimentos Imobiliários e R9 Sport e Marketing, ficou demonstrada uma existência de um grupo econômico que confunde seu patrimônio entre as participantes de forma que possa prejudicar eventuais credores. “Ficou demonstrada a existência de grupo econômico e inter-relações entre os agravados e os executados, configurando o abuso de personalidade jurídica, sendo caracterizada confusão patrimonial, desvio de finalidade com intuito de frustrar o pagamento das obrigações assumidas pelos devedores”, diz a decisão. A Justiça entendeu que as empresas estão sob a mesma direção, controle e administração. Além disso, os documentos juntados ao processo mostram que ficou evidente uma confusão envolvendo o patrimônio dessas firmas, o que pode atrapalhar na hora de uma delas assumir a responsabilidade por eventuais calotes. Dessa forma, o Tribunal entendeu que todas essas empresas e seus sócios, incluindo Ronaldo, estão lesando credores, e aplicou uma penalidade extremamente rara, que é chamada de desconsideração da personalidade jurídica, pela qual todos os sócios de uma empresa respondem pelo pagamento da dívida dela.

Com base na decisão, a Justiça de São Paulo determinou o bloqueio das contas bancárias de Ronaldo e outros três sócios, além de outras empresas no nome do atual dono do Cruzeiro SAF. Na terça-feira, o tribunal iniciou uma busca em 9 contas bancárias que possam ser relacionadas ao ex-atacante. Após ver a divulgação do bloqueio, os advogados de Ronaldo e suas empresas foram à Justiça protestar contra a penhora. A defesa do ex-atleta apontou que, anteriormente, uma decisão havia rejeitado a desconsideração da personalidade jurídica das empresas. E que, após o recurso da outra parte – que acabou aceito posteriormente -, eles não foram intimados para se defenderem. Portanto, a defesa de Ronaldo pediu que o arresto das contas bancárias do ex-atleta seja revogado até que o processo tenha um desfecho na esfera jurídica, já que eles não puderam contestar a decisão, que ainda cabe recurso. Eles também contestaram que, embora os bloqueios bancários tivessem que ficar em segredo de Justiça, a notícia saiu na imprensa na quarta-feira – eles juntaram uma imagem de redes sociais falando sobre a penhora. Assim, pediram um efeito suspensivo para que o arresto não aconteça – o que já foi negado pelo tribunal. Segundo a advogada Beatriz Pomelli, do escritório Brunno Brandi Advogados, que foi procurada pela coluna para comentar a decisão, Ronaldo é sócio de empresas que fazem parte do mesmo grupo econômico dos devedores desta ação. O problema é que, de acordo com a decisão judicial, essas empresas foram criadas para concentrar todo o patrimônio do grupo, dificultando descobrir o que pertence a quem. “Então, embora as empresas do Ronaldo possuam um patrimônio estimado de R$ 48 milhões, não foi encontrado nenhum bem em nome da empresa que consta como devedora no processo, assim como não foi localizado nada em nome do seu sócio”, disse a advogada. Pomelli explicou que, como regra, o patrimônio de uma empresa é diferente do patrimônio de seus sócios. “No direito, chamamos essa característica de princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica. Mas, para que essa característica não seja utilizada para prejudicar os credores das empresas ou dos sócios, existem situações em que essa autonomia patrimonial pode ser afastada. Tais hipóteses são chamadas de desconsideração da personalidade jurídica”, afirmou. Dessa forma, quando a desconsideração da personalidade jurídica é aplicada, os bens particulares dos sócios são utilizados para pagar as dívidas da empresa. Quem pediu pela inclusão de Ronaldo no processo foi a Upper Fundo de Investimento em Direito Creditório, que havia acionado a Liv Drinks e outra empresa, a Fergo Comércio Atacadista, na Justiça, por uma dívida de R$ 1,2 milhão.

Em petição, a Upper disse que Ronaldo e outros sócios da Liv Drinks realizam manobras patrimoniais e societárias para manter o alto padrão de vida e blindar seus patrimônios. O pedido para incluir o ex-atleta veio após a Justiça tentar localizar bens passíveis de penhora na empresa por aproximadamente dois anos. Em sua defesa, os advogados de Ronaldo disseram que a Upper não juntou provas das alegações e que as empresas do ex-jogador não possuem sequer atividades semelhantes ao das devedoras principais da cobrança. Ainda apontou que não foi apresentado nenhum indício de que as empresas atuaram em sentido contrário às suas finalidades sociais. “A medida excepcional não pode ser deferida com base na falta de ativos depositados em conta bancária para fins de arresto/penhora, e meras suposições e fotos de sites”, disse a defesa do ex-atacante. “As alegações da impugnada são totalmente infundadas e genéricas, não possuindo qualquer respaldo legal”, continuou. Em contato com a coluna, o estafe do ex-jogador afirmou que “Ronaldo é investidor minoritário da Liv, nunca participou de sua gestão, de modo que nem ele, nem suas empresas são responsáveis por qualquer débito perante o referido fundo. Ronaldo confia que essa decisão será revertida nas instâncias superiores e as medidas judiciais para tanto já estão sendo tomadas” ser deferida com base na falta de ativos depositados em conta bancária para fins de arresto/penhora, e meras suposições e fotos de sites”, disse a defesa do ex-atacante. “As alegações da impugnada são totalmente infundadas e genéricas, não possuindo qualquer respaldo legal”, continuou. Em contato com a coluna, o estafe do ex-jogador afirmou que “Ronaldo é investidor minoritário da Liv, nunca participou de sua gestão, de modo que nem ele, nem suas empresas são responsáveis por qualquer débito perante o referido fundo. Ronaldo confia que essa decisão será revertida nas instâncias superiores e as medidas judiciais para tanto já estão sendo tomadas”.

https://www.uol.com.br/esporte/colunas/diego-garcia/2023/03/05/justica-acusa-ronaldo-fenomeno-de-desviar-patrimonio-e-prejudicar-credores.htm


Morre Romualdo Arpi Filho, árbitro que ajudou o Flamengo contra o Atlético em 1980 e apitou a final da Copa do México 1986

Foto: Fifa.com

Era um bom árbitro e ficou conhecido como “coluna do meio” (alusão à loteria esportiva) porque adorava um empate. Sendo assim, foi escalado pela CBF para a primeira partida da final do Brasileiro de 1980, no Mineirão. Atlético e Flamengo tinham times espetaculares e qualquer fator extracampo poderia faria diferença. Um empate em Belo Horizonte seria considerado vitória pelos cariocas, que jogavam sem Zico, machucado. Fariam do Maracanã um “caldeirão” no jogo da volta.

E quase conseguiu. Romualdo Arpi Filho travou a partida do princípio ao fim, apitando faltas a todo momento. Segurou o Atlético, cujas principais características eram a velocidade e a habilidade da maioria dos jogadores. Cerezo, Palhinha, Pedrinho, Reinaldo e Éder não conseguiam jogar a bola deles, já que a todo momento havia interrupções. Foi só 1 a 0, gol do Reinaldo. O mesmo Rei que, em outro lance, tomou um soco na boca do volante Andrade, quando se preparava para invadir a área rubro-negra. Romualdo deu a falta, mas não expulsou o agressor.

Procópio Cardozo, que era o técnico do Galo, lembrou hoje, no twitter dele, ao falar sobre o árbitro: @procopiocardozo “Anulou dois gols do Atlético e não marcou um pênalti escandaloso no Reinaldo”.

Só 1 a 0 e os flamenguistas soltaram foguetes. No Rio, Zico jogaria e outro árbitro, José de Assis Aragão, completaria o serviço.

Em 1986, Romualdo Arpi Filho apitou a final da Copa do México, em que Maradona e cia. estraçalharam. Entre os brasileiros, só ele e Arnaldo César Coelho apitaram final de Copa. Arnaldo, em 1982, a conquista da Itália sobre a Alemanha.

Que o Romualdo descanse em paz. Era uma pessoa educada, gentil, mas carregou essa nódoa pelo resto da vida, de ter errado demais, estranhamente, naquele 1 a 0 no Mineirão.

Vida que segue.


Cruzeiro 1 x 1 Democrata/SL. Jogo muito ruim e empate correspondente aos dois times

Com os jogos no mesmo horário, optei pelo mais enigmático, de um Cruzeiro correndo risco de ficar fora da fase decisiva, contra o nosso Democrata, que luta contra o rebaixamento.

Do cruzeirense Luiz Ibirité

”Se o campeonato mineiro é pra testes, o Cruzeiro já testou todos (torcida, imprensa, jogadores e a própria diretoria) precisa de um time de reforços, o br 23 vai ser duro, com este time a série b de 24 terá um time garantido.”

O Luiz tem enorme dose de razão. O Cruzeiro enfrentou o pior time do campeonato e não conseguiu vencer. Por outro lado, o Democrata trocou de técnico e o futebol apresentado hoje foi outro, conforme atesta o democratense Ives Souza:

* “Chico, e o nosso Jacaré?

Irreconhecível.

A presença do Wallace modificou demais o grupo.

A saída anunciada de certos jogadores e a chegada de alguns foi ao ponto exato de um doce que estava ao fogo tempo demais.

A escalação foi impecável.

O time demonstrou a confiança e a vontade de vencer que não havia em jogos anteriores.

É muito difícil deixar de afirmar que a presença do Paulinho Guará não era bem-vinda entre eles.

O discurso do time foi outro: hoje começaria o outro campeonato.

E assim foi!

Até uma vitória no Espírito Santo seria possível.

Com a moral em alta após o empate contra o Cruzeiro, chegou o momento!

Patrocinense e Caldense são adversários que o time ainda não enfrentou neste módulo 1.

O que aumenta o desafio.

Vão ser 12 pontos em disputa.

O Jacaré de Wallace Lemos e João Carlos pode fazer acontecer ao menos 9 desses 12.

Que seja o suficiente para a permanência!

Assim, com a experiência adquirida, a presidência do Renato Paiva vai realizar um trabalho de vitórias de 3 pontos em 2024.

As conquistas administrativas valem ao clube muito mais que isso, mas não são o bastante.”

Tudo verdade!


Quem vai e quem corre risco: o Mineiro na reta final. E o fracasso do Thiago Ribeiro no Democrata Jacaré

Portal Futebol Mineiro  @portalfutebolmg

“FASE FINAL! A fase final do Campeonato Mineiro foi definida. Confira: • Semifinal: Atlético x Athletic América x Cruzeiro (Times à esquerda decidem em casa) • Troféu Inconfidência: Tombense x Pouso Alegre Villa Nova x Democrata-GV (Times à esquerda decidem em casa)”

Fred Ribeiro, do Globoesporte.com:

@fredfr

FMF comunica dias e horários da semifinal: – Cruzeiro x América (11/03, sab às 16:30) – Arena do Jacaré – Athletic x Atletico (12/03, dom às 16:00) – São João Del-Rei

E o Democrata de Sette Lagoas mandou a primeira leva embora:

Democrata Futebol Clube  @democratajacare

Foto: Democrata

Comunicado O Democrata Futebol Clube informa que os atletas Gustavo Silva, Khawan, Thiago Ribeiro e Felipe Muranga não fazem mais parte do plantel do clube para o campeonato mineiro.


E lá se foi a Fabi, do Fred Melo Paiva e do Francisco!

 

Tive o prazer de conhecer a Fabi em Caraíva, onde ela, o Fred e o filho Francisco moravam, com o pastor Fidel

Toda força (mais ainda) ao querido Fred Melo Paiva que se despediu da eposa Fabi. Na coluna dele de hoje, no Estado de Minas, contou um pouco o drama da família ao mesmo tempo que prestou uma belíssima homenagem à companheira.

* “Você estará viva no Francisco, e em cada gol do Galo”

“Vamos enterrar umas coisinhas suas embaixo do cajueiro, para que você se espalhe por seus troncos, eternos, e abrace a gente com sua copa gigante”

Naquela manhã eu ajudei o Francisco a vestir o terno, dei o nó na gravata, e tava pronta a sua fantasia. Antes que eu o levasse para a escola, ele foi se despedir da Fabi. Ela abriu os olhos ainda dormindo e viu aquele sujeito já bastante crescido, quase 1,80 metro, vestido, vamos dizer, como um advogado, um alto executivo, um jovem na sua armadura de homem. Entre o sono e a vigília, custou pra entender que era o seu menino.

Quando eu voltei, a Fabi me abraçou na cozinha enquanto eu lavava a louça. Com o jeito errático que a doença lhe havia proporcionado, me abraçou e chorou, emocionada: “Fred, hoje de manhã eu vi o Francisco adulto. Eu tinha tanto medo de não ver isso, mas hoje eu vi. E ele era um homem lindo”. Então eu disse pra ela que não era só o terno. Naqueles quase três anos de luta, ele tinha se tornado uma pessoa solidária e justa, íntegra e amorosa – e estávamos profundamente emocionados com isso.

A Fabi me viu chorar poucas vezes na vida. Quase 100% delas por causa do Galo. Nunca nas derrotas, porque faz tempo não choro nas derrotas, apenas nas vitórias. Ela estava comigo no Mineirão lotado quando o Galo foi campeão mineiro em 2010. Marques entrou no finzinho e fez o gol do título. Era a sua despedida. Então correu até o córner, pegou a bandeirinha de escanteio, pendurou nela a própria camisa, e fez daquilo uma bandeira. Eu chorei de soluçar e ela me olhou espantada. Ainda não entendia de Galo.

Viria a compreender o que aquilo significava quando a doença passou a provocar metástase para fora do corpo. Seis meses depois do diagnóstico, estávamos completamente falidos, já tínhamos dado o cano em todos os cartões de crédito, e não havia mais como pagar o aluguel. Eu guardava no quartinho da garagem os últimos 350 exemplares do meu livro do Galo, O Atleticano Vai ao Paraíso. O irmão Afonso Borges decidiu promover uma campanha de venda, expondo a delicada situação daquele atleticano que fora ao inferno.

Em pouco mais de 24 horas, enquanto a Fabi era submetida a uma nova cirurgia de cérebro, a torcida do Galo pagou todas as nossas dívidas. Fui inundado de mensagens vindas de dezenas de milhares de pessoas, numa corrente de amor que eu nunca havia experimentado. “Eu acredito, eu acredito”, repetiam o mantra de 2013, evocando o milagre de são Víctor. Eu não acreditava como o ser humano podia ser tão bom.

Eu tava sozinho na sala de espera. Podia ver o Mineirão lotado, e era como se aquela gente toda carregasse a Fabi numa palma da mão gigante, não tinha como dar errado. Eu vestia uma camisa do Galo, escondida sob a camisa de botões para que a equipe médica não me tomasse por um idiota. Quando a Fabi acordou da anestesia, eu disse pra ela: “A Galoucura pagou todas as nossas contas, e o amor dessas pessoas salvou a sua vida”. Ela disse que assim que melhorasse íamos agradecer in loco. Nunca conseguiu.

A Fabi não viu mais o Galo, mas viu Lula presidente (era importante pra ela que houvesse um país a deixar para o Francisco). Viu o Francisco um homem, ainda que uma miragem. E esperou pra me ver, já sem de fato ver, no último dia do hospital. Eu olhei pra ela, tentando fazê-la mirar os meus olhos, e soube do que se tratava. Lembrei os nossos 100 dias de hospitais e clínicas (teriam sido 200? 300?). A primeira tomografia nas minhas mãos, 8 da noite de um Réveillon, o diagnóstico chocante, a expectativa de vida na mensagem do médico, meu aniversário de 48 anos no hospital, meu aniversário de 49 anos no hospital, o Galo campeão no hospital.

A conversa com o Francisco: é irreversível, neguinho, a mamãe agora estará em cuidados apenas paliativos. Ele ficou paralisado, como que em estado de choque. Meu amor, a mamãe morreu.

Um amigo indigenista informa: há um povo que só considera que alguém morreu quando morre a última pessoa que se lembra da pessoa morta. “A vida sempre vence a morte”, me lembro do Chico Pinheiro falando da Páscoa quando deram o Lula por morto, na sua prisão.

Então me lembro do nosso primeiro beijo, na roda de samba da praça Roosevelt. A primeira vez que ela me mostrou Caraíva, ainda sem luz. O parto. A casa do Butantã. A casa da Vila Mariana. O apartamento da Bela Cintra. O de Perdizes. A casa onde estou. Os cachorros que se foram e os que estão vivos. O seu preferido, o estranho Fantasminha. Agora, na lousa em que ela anotava a lista do supermercado, permanece anotado com a esferográfica vermelha: “Bom fim de semana. Fabi. Mummy”.

É como a velha fotografia aérea que o Ferreira Gullar viu nos arquivos mortos que, funcionário público, tinha sido incumbido de eliminar. Mas ele, menino em São Luiz do Maranhão, devia estar lá embaixo (“Eu devo ter ouvido aquela tarde um avião passar”), “àquela hora dos legumes que ficaram sem vender, no sistema de cheiros e negócios do nosso Mercado Velho”. Agora tinha o papel em suas mãos, como a lousa na parede. “O papel que (se quisermos) podemos rasgar.”

Obrigado por tudo, Fabizinha, por tanto e por todos. Vou mandar fazer uma camisa do Galo escrito seu nome, para que você vá aos jogos e agradeça a essa gente maravilhosa. Francisco vai ficar com aquela sua assinada pelo Ronaldinho, usufruto deste que vos fala. Vou criar o bichinho como você faria. Cuide da gente. Peça ao homem aí em cima que nos livre da maldade das pessoas boas. São as piores.

Vamos fazer um samba em Caraíva. Vamos chamar o Caraivana e todos os amigos. Vamos enterrar umas coisinhas suas embaixo do cajueiro, para que você se espalhe por seus troncos, eternos, e abrace a gente com sua copa gigante. Você estará viva no Francisco e em cada gol do Galo, afinal a nossa religião. Obrigado por existir em nossas vidas. Seremos felizes em sua homenagem.

https://www.em.com.br/app/colunistas/fred-melo-paiva/2023/03/04/interna_fred_melo_paiva,1464465/voce-estara-viva-no-francisco-e-em-cada-gol-do-galo.shtml