Os clubes gaúchos sempre dando ótimos exemplos de profissionalização.
Por isso, vivem brigando por títulos mundiais, além da briga doméstica deles.
E usam ideias e profissionais mineiros.
O projeto “Sócio-Torcedor” foi lançado, primeiro, por Alexandre Kalil e Ricardo Guimarães, na gestão Nélio Brant.
Mas Kalil e Ricardo se desentenderam, e aquela que, vinha sendo uma ótima diretoria interrompeu o trabalho.
O Grêmio gostou do projeto, implantou com sucesso total no Rio Grande do Sul e foi seguido pelo Inter, que o aperfeiçoou e hoje é o maior sucesso da América do Sul.
Enquanto isso o do Galo ficou estagnado, até que Ziza Valadares tornou-se presidente e resolveu acabar com o que restou e criar o tal “Torcedor colaborador” (ou um nome parecido com isso), onde quem aderisse pagaria pela conta da Cemig. Fracasso retumbante e uma dívida com os Correios como herança!
O Grêmio caiu para a segunda divisão e voltou a usar mineiros para dar um novo salto administrativo de qualidade: contratou o INDG, possivelmente o mais respeitado escritório de consultoria em planejamento e gestão do Brasil, entre os melhores do continente. Uma das condições desta empresa mineira para firmar um contrato é que, depois de acertadas as condições de trabalho, não haja interferências políticas ou familiares. A diretoria do Grêmio topou, já que o INDG estava sendo contratado pelo gremista mais poderoso do país, o gáucho Jorge Gerdau, que chamado a ajudar naqueles momentos de “pré-falência” do clube, disse que ajudaria, mas à sua maneira. Ou seja: colocaria o INDG lá dentro para organizar o clube. Assim foi feito, e dois anos depois o Grêmio estava decidindo a Libertadores da América contra o Boca.
Foi vice, mas chegou a essa condição muito antes do prazo previsto pelos executivos e diretoria do clube.
Ziza Valadares também teve a ótima iniciativa de levar o INDG para dentro do Atlético, mas, político, não conseguiu garantir a não interferência externa no trabalho dessa turma boa de serviço, que pegou a sua papelada e caiu fora do Galo.
Muita gente continua perguntando como o Alexandre Kalil tirou o Atlético das páginas negativas e até policiais da imprensa. Paga jogadores, funcionários e fornecedores em dia, e pagou até 14o salário àqueles funcionários que ganham menos de R$ 1.000,00 em 2010.
À maneira dele, Kalil montou um grupo de apoio ao estilo INDG, com cinco colaboradores da sua estrita confiança, cada um top em sua especialidade, vencedores em suas profissões/ empresas e acima de tudo discretos. Nenhum deles é chegado a um holofote ou a pretensões políticas partidárias.
Poucas vezes, neste período Kalil, a torcida ouviu falar ou leu o nome de um desses amigos dele nas rádios, TVs ou jornais. Mas são tão importantes quanto os jogadores, pois sem eles, possivelmente o Galo continuaria sendo ridicularizado na mídia nacional.
Graças a eles, Kalil acabou com um monte de cargos de diretores muito bem remunerados que havia no Atlético e pode reduzir este quadro a dois: Adriana Branco, que substituiu Bebeto de Freitas, e mais recentemente, Eduardo Maluf, que foi contratado para corrigir um erro admitido pelo próprio Kalil: ele achava que os treinadores deveriam ser também os responsáveis por tudo na Cidade do Galo. Vanderlei Luxemburgo foi a maior prova que isso não funciona. É preciso alguém, de reconhecida competência, para cuidar exclusivamente do futebol, a razão de ser da existência do clube.
Falei tudo isso para valorizar a profissionalização crescente do futebol gaúcho, e tentar explicar um dos motivos do soerguimento do Atlético.
Pensei neste assunto porque li hoje, na coluna Painel FC, da Folha de S. Paulo, essas notas, onde numa delas, fala da contratação pelo Inter, de mais um mineiro brilhante:
“Currículo. O Internacional contratou um consultor para o departamento financeiro do clube. É Vicente Falconi, pai do “choque de gestão”, nome do programa de ajuste fiscal implantado por Aécio Neves no governo de MG e escolhido por Geraldo Alckmin para auditar contratos da gestão de José Serra.
Dupla. O clube gaúcho também fechou com o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda do RS e responsável pelo ajuste fiscal implementado pela ex-governadora Yeda Crusius.”