Pela entrevista que Neymar pai concedeu ao Paulo Vinícius Coelho no site do ESPN, dá pra entender um pouco os motivos dos chiliques do Neymar filho:
* Pai diz que Neymar faz terapia, sofre ameaças e nunca vai ser perfeito
por Paulo Vinicius Coelho
Neymar dos Santos Silva, o pai, atendeu ao telefone enquanto se preparava para uma reunião com parte da diretoria do Santos. Atendeu e falou sobre o filho. Desabafou. Contou que Neymar filho tem sofrido ameaças, atribuiu isso às críticas que recebe e reclamou de quem fala sobre o jogador sem conhecê-lo. Dirigiu-se ao técnico Renê Simões.
Também contou que Neymar tem contado com sessões esporádicas de terapia. “Nós não divulgamos isso, porque alguém poderia dizer que está indo ao psicólogo, que tem algum problema.”
Veja abaixo a conversa em que o pai defende o filho e dá sua visão dos problemas que ele tem tido em campo.
PVC – Como vocês estão encarando o dia seguinte ao episódio do jogo contra o Atlético Goianiense?
NEYMAR PAI- Como um dia normal. Mas está claro que muita gente tem uma predisposição contra o Neymar. Que existe um certo preconceito, uma certa ideia pré-concebida de que está sendo irresponsável.
PVC – Você acha que é preconceito???
NEYMAR PAI – É claro que nós estamos avaliando cada caso de maneira separada. Mas, veja, ele só tem cometido erros dentro de campo. E erros em episódios diferentes. Não está repetindo os mesmos erros. Se alguém dissesse que o Neymar está sendo irresponsável, não está treinando, que se envolve com gente errada, com drogas… Mas nada disso ocorre. Ele tem 18 anos e está aprendendo com cada episódio. O erro do jogo contra o Ceará, ele não vai repetir. O de ontem também não. Mas, aos 18 anos, é preciso orientá-lo. Ele não está repetindo o mesmo tipo de erro.
PVC – Ontem, o que me chamou a atenção foi o episódio com o técnico. Me lembrou o Edmundo, no jogo da Libertadores contra o São Paulo, em 1994, quando colocou o dedo em riste no rosto do Luxemburgo. O Edmundo tinha fama de encrenqueiro e esse não é o caso do Neymar. Cometer erros assim não serve para criar esse tipo de visão sobre o Neymar?
NEYMAR PAI – Ontem o Neymar não era o Neymar. Mas outra vez o erro aconteceu dentro de campo. Ele se irritou, levou a bronca, discutiu com o Edu Dracena, ficou chateado por não bater o pênalti. Ele também vai aprender que na situação de ontem, com o placar mostrando 4 x 2, não era hora de dar o drible. Que nesse caso ele pode levar uma pancada, machucar-se. Que o Santos precisa de seus dribles quando o jogo está apertado, para abrir uma defesa, eventualmente conseguir uma expulsão… Mas pegar um episódio assim e fazer dele exemplo de tudo o que está errado no futebol brasileiro é um exagero.
PVC – Nesse caso você está falando do Renê Simões.
NEYMAR PAI – É. O que eu acho é que as pessoas estão pegando o Neymar como um exemplo de tudo o que acontece no futebol brasileiro. O Neymar não é o futebol brasileiro. Ele é um jogador brasileiro. Quando se aponta para ele, sem conhecê-lo, e se diz “Olha o que estamos fazendo com o futebol brasileiro”, isso é um exagero muito grande. E fazer dele esse exemplo provoca ameaças para ele e para a sua família. Olha, temos recebido ameaças todos os dias. Ontem, conseguimos gravar uma delas. Um torcedor que o ameaçava porque não quis dar uma camisa de presente. Meu Deus, o Neymar não pode dar camisa para todos os torcedores. E quanto mais se tira exemplos sobre o que acontece com o Neymar e se tira de contexto, mais isso pode acontecer. Se as pessoas olham o cabelo dele e julgam que ele é imaturo por isso. Calma! Querem que ele seja perfeito. Ele não é perfeito. E vai cometer erros, como todo mundo.
PVC – Contra o Ceará, minha avaliação foi de que ele cometeu um erro, mas teve uma atitude de homem. Não posou de vítima, foi para cima do João Marcos como um homem. Um erro grave. Mas um erro de homem…
NEYMAR PAI – É, mas ele não pode cometer o erro. Ele precisa saber disso, porque tudo o que acontece com ele tem repercussão maior. Ninguém vai lembrar do que o João Marcos pode ter feito, mas todo mundo vai se lembrar do Neymar. Vão dizer o que errou, que precisa de psicólogo…
PVC – Mas se o Santos colocar um psicólogo à disposição dos garotos todos, isso não vai ser ruim.
NEYMAR PAI – Não, vai ser bom. Mas nós todos aqui em casa fazemos terapia, temos contato com psicólogos. Eu, a mãe dele, ele também, sempre que tem tempo para isso. Nós nunca divulgamos isso, porque não é preciso. Mas o acompanhamento com ele sempre houve. Importante frisar uma coisa. Ele não mudou. Ele não é um garoto de 18 anos que ganhou uma cobertura. Ele tem uma cobertura desde os 13 anos! Aos 18 anos, ele tem uma carreira com começo, meio e fim.
PVC – Mas dizer que ele tem 18 anos… A história de cada pessoa é a sua própria, mas… Aos 18 anos, você trabalhava. Eu era um homem, trabalhava, estudava…
NEYMAR PAI – Você devia estar na faculdade, mas sua adolescência foi diferente da dele. Estava na faculdade e tinha a perspectiva de ter uma profissão. Aos 18, ele tem a dele, uma história com começo, meio e fim. É diferente. Nós o estamos orientando, ele está aprendendo com cada erro. Mas ele vai errar. Ele não é perfeito.
PVC – O que mais preocupou foi ele ter xingado o técnico.
NEYMAR PAI – Ele não xingou o Dorival Júnior.
PVC – Não xingou?
NEYMAR PAI- Não! Ele falou palavrões, estava bravo, desabafou mais do que deveria, mas não xingou o técnico. Por isso, ninguém está conseguindo mostrar nas matérias o Neymar xingando o técnico. Não tem imagem disso, porque não foi o que aconteceu.
* http://espnbrasil.terra.com.br/pauloviniciuscoelho/post/148697_PAI+DIZ+QUE+NEYMAR+FAZ+TERAPIA+SOFRE+AMEACAS+E+NUNCA+VAI+SER+PERFEITO