Quem me falou sobre Jorge Santana foi o nosso amigo comum João Duarte, grande conterrâneo, lá de Conceição do Mato Dentro, diretor da Arcelor Mittal, que mora em Vitória-ES.
Além de cruzeirenses dos mais apaixonados os dois escrevem ótimos textos para o site www.cruzeiro.org (do qual sou seguidor através do twitter), onde o Jorge tem o blog “Páginas Heróicas Digitais”, desde 17 de fevereiro de 2006.
De vez em quando aproveito alguns do João em meu blog e colunas nos jornais O Tempo e Super Notícia.
O Jorge é sociólogo, mas a qualidade do que ele escreve é de escritor profissional, desses da prateleira de cima.
Não foi à toa que o Juca Kfouri, recomendou que ele escrevesse sobre o Cruzeiro para a coleção “Camisa 12”, que destacou os maiores clubes do Brasil. O do Cruzeiro saiu com o título “Páginas Heróicas Imortais”.
Ele e o João são o tipo de gente que você gostaria de ter como torcedor do seu time, mas infelizmente, nisso, somos de lados distintos da Lagoa da Pampulha.
Fazer o quê?
Quero é agradecer, em nome dos meus conterrâneos, de Sete Lagoas, o que o Jorge Santana escreveu sobre a postura da diretoria do Cruzeiro em relação à nossa cidade e à Arena do Jacaré.
Emocionante, e com a devida permissão dele, será publicado na edição de sexta feira do jornal Sete Dias.
Confira:
“PERDÃO, SETE LAGOAS” – POR JORGE SANTANA
Cruzeiro e Atlético-MG não têm estádios. Pra tocarem seu negócio dependem do poder público, que os subsidia após arrecadar impostos de adeptos de todos os times e não apenas dos torcedores deles.
Quando o Mineirão estiver reformado para a Copa de 2014, Cruzeiro e Atlético-MG terão 54 mil confortáveis cadeiras pra venderem a cada partida.
Os demais clubes de Minas, nenhuma, embora seus torcedores tenham contribuído para o empreendimento.
Enquanto esse dia não chega, os dois grandes vão depender de favores de outros clubes.
Terão de jogar em estádios particulares como o do Democrata ou municipais como os de Uberlândia, Varginha, Ipatinga, Pouso Alegre ou Uberaba.
Pelo favor recebido, deveriam ser gratos. Ou, no mínimo, educados. Algo que a direção do Cruzeiro não foi quando seu Gerente de Futebol, Valdir Barbosa, desancou a Arena do Jacaré e, de raspão, também a bela, progressista e cruzeirense Sete Lagoas, na coletiva após o jogo contra o Grêmio.
Segundo jogadores e cartolas do Cruzeiro, a cancha da Arena é pequena. Comparada às do Mineirão e do Maracanã, pode até ser. Mas é oficial. E não é menor do que as do Olímpico, Baixada, Ressacada, Engenhão e outras nas quais os times mineiros jogam sem reclamar.
Disseram que o gramado é ruim. Realmente, ele não é nenhuma Brastemp. Mas não é esburacado, nem tem pontos carecas. Está perfeitamente apto para a prática do futebol. Só com muita cara-de-pau se pode dizer que ele prejudica o Cruzeiro, supostamente, um time mais técnico do que os outros.
Isto é desculpa esfarrapada. Qual é o time da primeira divisão que não joga com a bola no chão? Apontem um, por favor. Se o Cruzeiro fosse tão técnico quanto imaginam seus dirigentes e atletas, estaria na ponta e não na metade da tabela. Esse trololó é muleta antiga.
Valdir Barbosa criticou a estrada. Sete Lagoas está ligada a Beagá por duas rodovias, uma federal, outra estadual. Com um pouquinho de organização, chega-se lá em menos de uma hora. Obviamente, haverá casos de retenção, como aconteceu na rodovia federal nesse domingo. Em compensação, na estadual, o trânsito fluiu normalmente.
Segundo Valdir, não há hotéis pra receber a delegação caso ela queira viajar mais cedo pra descansar até a hora da partida. Não procede. A cidade dispõe de hotéis confortáveis. É só telefonar fazendo reservas. Como fez Wanderley Luxemburgo quando seu time jogou contra o Inter.
Domingo, a Arena recebeu 10 mil torcedores. Com todos os setores liberados, pode receber até 16 mil. O acesso ao estádio é fácil, existe estacionamento e a visão do campo é melhor do que a oferecida pelo Mineirão.
Os mais exigentes reclamam do sol. Ora, futebol não é esporte indoor. Queixa indeferida, pois. E ninguém pode reclamar de hostilidade. O público é bem mais educado do que o do estádio de Beagá.
Se alguém errou, foi a direção do Cruzeiro, que não colocou monitores pra orientar o público. Ou os torcedores que insistem em chegar a 10 minutos do início partida. Assim, nem nos estádios escandinavos se evita fila pra entrar.
Resta pedir desculpas ao povo de Sete Lagoas que, da euforia por receber seu time de coração, passou à decepção de receber carão de um cartola bem remunerado pra dirigir time de futebol, não pra queimar a imagem do clube que o paga.
O Cruzeiro pode jogar em outras cidades. Aproximar-se de sua torcida espalhada por toda Minas Gerais. Mas não deve cometer descortesias e nem fabricar desculpas pelo mau futebol que eventualmente esteja praticando.
Eu, torcedor cruzeirense de Belo Horizonte, peço desculpas ao povo de Sete Lagoas. Aos cruzeirenses, americanos, bela-vistenses, democratenses e até atleticanos, caso haja algum além do Chico Maia na cidade.
E estarei de volta, quando nosso (não apenas dos cartolas e jogadores) Cruzeiro jogar em Sete Lagoas.
Jorge Santana, no blog Páginas Heróicas Digitais – www.cruzeiro.org