Mário Marra se foi!
Porém para o mercado mais promissor e rico do país, também em nossa área: São Paulo.
Certamente fará lá o mesmo sucesso que fez em Belo Horizonte, que o tornou um dos comentaristas mais ouvidos e de maior credibilidade do nosso rádio.
Um grande jornalista e grande caráter, que impossibilitado de se despedir de todo mundo, mandou um de seus ótimos textos, em forma de poema, que retrata a história de todos nós que, desde criança, iniciamos a vida de trabalhador:
“Amigos,
não pude despedir de quase ninguém. Foi tudo muito rápido.
Estou em São Paulo, realizando um sonho.
Apostei minha vida, meus esforços em um sonho e aceitei uma proposta da CBN SP.
Continuo escrevendo sobre os times de Minas e atento a tudo.
Sou o mesmo e já entrei na correria.
Atualmente estou em um Flat no Jardins e tentando achar um apartamento para alugar.
O blog continua ativo com a colaboração dos amigos Claudinei e Vander.
Muitas coisas estão por acontecer e espero trazer notícias sempre.
No twitter sou @marramario, no blog: www.geraisdoesporte.blogspot.com
Meu telefone é o mesmo, a mente aberta e sedimentada. O olhar continua intenso e o coração preso aos mesmos amores.
A televisão está ligada, mas meus olhos ficam perdidos no espelho.
Olhando para mim mesmo, me pego tentando entender para explicar.
Além da tv e do espelho, só a cama e um rádio relógio no novo quarto.
Desço um pequeno degrau e em oito passos abro a porta.
O tamanho do flat é inversamente proporcional ao futuro que se avizinha.
Nem sei quanto tempo olharei do espelho para a tv.
Mas imagino que meus passos vão tomar outro rumo, talvez outra dimensão.
No espelho lembro de um menino que aprendeu a conviver com a solidão.
Um menino que oferecia sorriso e lealdade, só queria papo, atenção e bola.
Voltava para casa em busca da mãe e tudo o que ela representava: tudo.
Os sonhos passavam pela bola. Sonhava com ela, dormia com ela, pensava só nela.
Por estar sempre muito só, aprendi a pensar.
Pensar e conversar. Como pensar e conversar me ajudaram!
O fim do mês me obrigou a trabalhar cedo.
Com tergal azul claro passei a subir e descer escadas.
Um documento era deixado ali e outro lá. Aqui não existia.
As escadas ajudavam a pagar as contas.
Minha mãe dava claros sinais de que não era eterna.
Deus ocupou um espaço vital.
Entre loucuras e delícias a paz buscava espaço. Chegou.
Deixei as escadas e encarei máquinas de calcular. Carimbava muito rápido.
Entre um número de banco e outro, os sonhos com a bola mudavam a direção.
Não daria mais para correr com ela, mais sábio seria pensar e conversar sobre ela.
Após escadas, carimbos, máquinas, vidas e bulas o momento passava a ser de fios e sons.
Era bom escrever, ler, ouvir, falar, ver mais a bola em minha vida.
Colocar teoria nos pensamentos se tornou obsessão.
Deus, que sempre esteve presente, fez o milagre de coincidir os fatos e os sentimentos.
Após desistências, questionamentos e retornos, formei e a porta se abriu.
Atlético, Cruzeiro e América foram ótimas escolas. Sempre guardarei comigo o carinho por eles.
As montanhas de Minas serão sempre o contorno do meu quadro.
Precisava esticar meu olhar. Precisava expandir meus sonhos.
Nunca quis abandonar meu canto, talvez agora entenda que meu canto agora é outro.
Voltei para onde o mundo me recebeu e espero tornar o furacão e a velocidade mais dóceis com meu olhar, meu pensar e meu conversar.
Não pude despedir dos amigos, mas eles são como a bola.
Guardo todos comigo, todos os dias.
Do espelho vejo lágrimas, mas percebo que o mundo se oferece.
Com Deus, com “jeitim”, pão de queijo, com olhar e com vocês…”