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Torcida vibra com a contusão do seu próprio jogador

 

Já ouvi muitos atleticanos, cruzeirenses e americanos dizendo que ficaram satisfeitos com a contusão ou expulsão de algum jogador do seu próprio time, porque sem o fulano o time fica melhor. “Se o técnico não tira, o destino o faz”.

Mas nunca vi a torcida em peso num estádio vibrar com a contusão de um jogador do seu time, como se fosse um gol. Pois a torcida do Grêmio fez isso semana passada e o José Geraldo Couto, um dos melhores cronistas do Brasil, escreveu sobre isso em sua coluna, sábado, na Folha de S.Paulo:

JOSÉ GERALDO COUTO

Cruel, muito cruel


A festa gremista pela lesão do atacante William ilustra como a maldade da massa ignora até a cor da camisa


O ESTÁDIO Olímpico de Porto Alegre foi palco de um fato insólito anteontem.
Aos cinco minutos do segundo tempo de Grêmio 3 x 0 Votoraty, pela Copa do Brasil, o atacante gremista William sentiu uma lesão e teve que deixar o campo. A torcida do seu time o apoiou? Lamentou? Gritou seu nome? Não, muito pelo contrário: comemorou sua contusão como se fosse um gol.
Desde que surgiu, há dez anos, no Santos, William sempre foi um jogador controvertido, daqueles que, mesmo marcando muitos gols, são contestados por boa parte dos torcedores. Chegaram a criar no Orkut uma comunidade chamada “Eu jogo melhor que o William”.
Seu caso daria margem à reflexão sobre o lugar dúbio que os atletas tidos como “grossos” ocupam no imaginário popular, mas isso é assunto para outra coluna. O que interessa aqui é a crueldade da massa.
Desde as arenas romanas, sabemos que cidadãos pacatos, quando aglomerados em multidão e submetidos a determinados estímulos, se convertem em linchadores em potencial. A mesma energia que leva à festa, à celebração dionisíaca, pode suscitar a emergência dos piores impulsos vingativos e destrutivos.
Manifestações da sanha descontrolada das massas podem ser vistas em filmes como “Fúria” (1936), de Fritz Lang, e “O Dia do Gafanhoto” (1975), de John Schlesinger. Ou, sem ir longe, nas imagens do público que acompanhou fora do tribunal o julgamento do casal Nardoni.
Um exemplo de que nunca me esqueço, apesar de ocorrido há 30 anos, é o da final do Campeonato Brasileiro de 1980, no Maracanã. Jogavam Flamengo e Atlético-MG, dois timaços. Quando Reinaldo pegava na bola, a galera rubro-negra não perdoava: “Bi-cha-do, bi-cha-do”, gritava, em referência às sucessivas contusões do craque.
Reinaldo, mesmo mancando por causa de uma distensão, fez os dois gols atleticanos na derrota por 3 a 2 para o Flamengo. Ao marcar o segundo, de empate, demorou para voltar a seu campo (o empate daria o título ao Atlético). O árbitro José Assis Aragão considerou que ele estava fazendo cera e o expulsou. E a galera: “Bi-cha-do, bi-cha-do”.
Isso com um jogador fabuloso, um dos maiores atacantes que o Brasil viu jogar. Não é o caso de William, claro, mas o inédito e assustador, na comemoração do Olímpico, é a hostilidade vir da torcida de seu próprio time. A maldade da massa ignora até a cor da camisa.
Há ofensas corriqueiras, protocolares, que os destinatários já nem ouvem mais: o goleiro chamado de “frangueiro” pelo torcedor adversário, o craque do time rival xingado de “veado”, o juiz cuja mãe é lembrada por todos. Mas as ofensas que fogem do script ferem como um soco ou uma tijolada. A festa gremista de anteontem deve ter tido um efeito assim sobre William. Em tempo: a frase que dá título a esta coluna é um bordão célebre do locutor Januário de Oliveira, gaúcho de Alegrete (terra de João Saldanha) que fez carreira no rádio e TV do Rio.
E agora um minuto de silêncio por Armando Nogueira (1927-2010), cronista que teve, entre muitos outros, o mérito de nunca hostilizar ou ridicularizar um profissional do futebol.


Outro time

O América foi outro time, principalmente até fazer 2 a 0. A partir daí se intimidou e facilitou a virada do Atlético ainda no primeiro tempo. Com 3 a 2 nas costas voltou a jogar como grande, empatou e poderia até ter vencido. Mas alguns jogadores ficam deslumbrados e não controlam suas reações. Laércio é um exemplo disso: bom jogador, importante para o time, fez o primeiro gol e tirou a camisa para comemorar. E sabia que levaria o cartão amarelo. Dá pra entender?

Bem demais

Muitos jogaram bem no 3 a 3 do clássico, mas dois merecem destaque especial: o goleiro Flávio e o volante Fabiano. Como jogaram!

Mas os times mostraram muitas deficiências também. Vanderlei Luxemburgo precisa melhorar a defesa do Atlético, que sem o Jairo Campos fica desfigurada, além do meio campo, que com a saída do Júnior, para a entrada do Ricardinho, sumiu.

O América precisa cuidar basicamente da cabeça dos seus jogadores, que só jogam bem em situações como a atual: com a corda no pescoço. Eles precisam ter em mente que jogam num dos clubes mais tradicionais do país, que só voltará a ser chamado de “time grande”, quando encarar todos os adversários como fizeram hoje.

Gramado

Outro que mereceu destaque no clássico foi o gramado do Mineirão. O “dilúvio” que caiu na Pampulha, antes, durante e depois do jogo, não chegou nem a ameaçar o andamento da partida, graças à excelente drenagem. Uma pena que daqui algumas semanas este gramado não existirá mais, com a reforma do Mineirão para a Copa de 2014.

Razão

A arbitragem do senhor Joel Tolentino da Mata Júnior receberia uma nota 10 não fossem as vistas grossas que ele fez ao lance violento do Diego Tardelli contra o Danilo, ainda no primeiro tempo. O atacante do Atlético não teve a intenção de agredir o colega de profissão, mas agrediu, e bem na cara do apitador, que poderia tê-lo expulsado. Uma jogada que fez lembrar aquela do Gilberto, do Cruzeiro, contra o Vélez, em Buenos Aires, pela Libertadores.

Problema crônico

Vamos ver se as autoridades, forçadas pela Copa de 2014, vão corrigir um problema grave de Minas Gerais: a falta de placas de sinalização indicativas nas estradas, entradas e saídas das cidades. Para chegar hoje cedo ao Circuito Trilhas da Serra, entre Santa Luzia e Jaboticatubas, foi uma luta para todos que queriam assistir à Copa Tribo/Geraldinho Starling de motocross.

Mais absurdo é que o lugar fica num dos roteiros mais importantes do turismo do estado que é a Serra do Cipó. Não há sinalização ao menos razoável. Nem parece que essas cidades têm prefeitos e vereadores, que já deveriam ter agido há tempos, resolvendo eles mesmos ou cobrando do Estado e da União.


Lampejos de grandeza

A arrancada inicial da fase que interessa do Campeonato Mineiro teve jogos muito bons, do jeito que deveria ser durante toda a disputa. Os times não se poupam quando os jogos são decisivos. Os que entram em desvantagem dão tudo que tem e proporcionam espetáculos até então inéditos em relação aos jogos anteriores.

O Uberaba mostrou isso ontem e deu enorme trabalho ao Cruzeiro. Se tivesse jogado as partidas passadas desse jeito, teria sido o grande destaque do interior na primeira fase; ou não teria sido eliminado facilmente da Copa do Brasil pelo Fluminense, no Uberabão, sem necessidade de jogo de volta no Rio.

Hoje foi a vez do América mostrar essa faceta. Começou jogando como time grande, fez dois a zero, mandou bola na trave do Atlético, mas não teve coragem de continuar pressionando e recuou. Levou a virada ainda no primeiro tempo.

Voltou para o segundo tempo novamente com espírito de grande e chegou ao empate através do Rodrigo. A entrada do Ricardinho no lugar do Júnior deu um branco no meio campo do Atlético.

A atitude do atacante Laércio mostra que o América precisa trabalhar muito a cabeça de seus jogadores. Marcou o primeiro gol e, empolgado, tirou a camisa não se sabe para quê. Levou o cartão amarelo, como manda a regra, completamente desnecessário. No intervalo deu entrevistas dizendo que o time “precisa ter atitude de vencedor”. A dica vale em primeiro lugar para ele próprio.


Lamentável

* Nada pode justificar a falta de solidariedade humana. A notícia está na Folha de S. Paulo:

 Meninos da Vila se recusam a participar de ação beneficente Folha de S. Paulo

.“O que era para ser um gesto de caridade virou uma saia justa para os meninos da Vila. Trinta e quatro pessoas, incluindo crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral, aguardavam ontem a chegada do elenco santista, que faria a doação de ovos de páscoa no Lar Espírita Mensageiros da Luz, em Santos.

Ocorre que boa parte dos atletas –incluindo os mais badalados e aguardados, como Neymar, Robinho e Ganso– não saiu do ônibus. O aparente motivo do levante foi religioso: a instituição beneficente segue a doutrina espírita. Ganso chegou com seu próprio carro e, antes de entrar no local, foi chamado pelos colegas que estavam no ônibus (eles gritaram e bateram nas janelas). Ganso entrou no ônibus, onde também estavam Fábio Costa, Durval, Léo, Marquinhos e André, e não saiu mais.

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Depois disse aos jornalistas que sabia que alguns atletas se recusariam a entrar no local, mas negou que o motivo fosse religioso.

O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro foi até o ônibus e conversou com os atletas. “Falei para eles [jogadores] que encontrariam cenas fortes no local. Há pessoas que não se sentem bem com isso. Acho normal cada um fazer o que bem entender. Eu não conhecia a casa, mas o Santos tem que provar que não é apenas um time de futebol”, disse.

Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram. Dentro da instituição, os jogadores que participaram da doação dos 600 ovos, entre eles Felipe, Edu Dracena, Arouca, Pará e Wesley, conversaram e brincaram com as crianças. Os ovos foram doados por um patrocinador do clube”.

Depois, em entrevista à TV Bandeirantes, Robinho explicou:

– Só ficamos sabendo quando chegamos ao local que se tratava de um ambiente espírita. Cada jogador tomou a atitude que achou conveniente, e acho que a religião de cada um precisa ser respeitada. Ninguém orientou a gente para que tomássemos essa atitude. Ela foi movida pela religiosidade de cada um. Isso não tem que virar polêmica – disse Robinho.

Evangélico, Neymar disse o seguinte:– Fiquei sabendo dos rituais religiosos realizados no local somente quando cheguei lá. Tomei essa atitude, pois tinha receio de não me sentir bem”.


Até a próxima, Conceição!

Esta é a foto de Conceição do Mato Dentro que não consegui postar ontem porque o modem da Vivo não deu conta. A vista é do alto do Salão de Pedras. Qualquer dia desses apareço lá de novo.FLORIPACONCEICAO 061


Só amanhã ou depois!

Só volto ao cotidiano normal amanhã, domingo. Continu0 em Conceição do Mato Dentro e só entrei aqui para tentar postar uma foto, para que vocês vejam a beleza do lugar onde estou e que as mineradoras comandadas pelo senhor Eike Batista querem acabar. Mas não teve jeito. O modem da Vivo está lento demais e não anexa a foto de jeito nenhum. Lamentável!

Ao acessar o blog vi que tem gente reclamando que não postei um ou outro comentário, ou que não abordei o assunto tal ou outro. Amanhã ou segunda verei do que se trata, mas lembro que o compromisso aqui neste blog é comigo mesmo, em termos de pauta e prioridades. É para minha diversão, troca de ideias com boas pessoas que me prestigiam aqui, e não me obrigo a absolutamente a nada.

Agora há pouco recebi mensagem dizendo que “Porco magro é aquele que ninguém antevê!”. E fiquei sabendo que Cruzeiro e Uberaba empataram. Mais um assunto para amanhã ou depois.

Abraço e obrigado pela companhia.


Por “culpa da imprensa” um grande time ficou esquecido

Possivelmente foi um dos grandes times da história do futebol de Minas, mas (a imprensa é sempre a culpada), nunca foi devidamente divulgado e valorizado. A “máquina” do Esporte Clube Conceição dos anos 1970: Tininho, Condonga e Arara, Ananias, Três Pau e Frajola, Kubu e Zebu, Adica, Cuié e Lebréia!

Imaginem o Caixa ou o Galvão Bueno transmitido um jogo com esses nomes!!!

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Essas e outras histórias são contadas em Conceição do Mato Dentro. Neste momento, aqui na Pousada Alto do Baú, cujo dono é irmão do atual “Rei”, João Bosco, que junto com a esposa (e Rainha) Betânia, farão a tradicionalíssima festa do Rosário no dia primeiro de janeiro, que tem “apenas” 281 anos de existência.


Assim como o Mineiro, Copa do Brasil começa é a partir de agora

Pelo placar e pelas entrevistas, óbvio que o time se comportou como quem está crescendo de produção, mesmo perdendo o artilheiro Obina, aos dois minutos de jogo.

Vamos ver o comportamento contra o Sport e quem sabe, contra o Santos, na sequência.

Assim como o Campeonato Mineiro, a Copa do Brasil começa mesmo é a partir de agora.

 

 FLORIPACONCEICAO 064Esta é uma das vistas da minha caminhada dessa manhã. Saindo da Pousada Alto do Baú, dos meus amigos Geraldo Afonso e Leila, indo até o Salão de Pedras, um dos lugares mais famosos de Conceição e mais incríveis que conheço na vida. Da pousada até o ponto mais alto, são 3,5 Km e o visual é desse pra melhor. Para ver mais fotos e conhecer a pousada é só ir ao www.pousadaaltodobau.com.br


Carlos Cruz assume assessoria do América e se licencia da presidência da AMCE

Antes de desligar o computador e pegar estrada, uma notícia importante: o jornalista Carlos Cruz está se licenciando da presidência da Associação Mineira de Cronistas Esportivos – AMCE.

Ético como sempre, não quer causar constrangimentos a ninguém, já que assumiu a Assessoria de Comunicação do América, que já melhorou demais, apesar do pouco tempo em que ele está lá.

O primeiro vice-presidente é Dirceu Pereira, que se recupera de tratamento de saúde. O conselho deliberativo da entidade vai se reunir para decidir quem ficará no comando.

Importante registrar que Carlos Cruz vem exercendo ótimo mandato na AMCE.


A caminho de Conceição

Estou indo agora para Conceição do Mato Dentro com algumas ótimas dúvidas: se almoço no Coqueiros Bar (do Antônio Brasinha e família), na chegada à Serra do Cipó, na MG – 010, ou no Cipó Veraneio Hotel, com o Henrique Michel D’Orleans e Bragança Machado (agora Secretário de Governo da Prefeitura de Santana do Riacho), na Pousada Chão da Serra, no coração do Cipó, também na MG – 010, com o Taquinho, Graça e Antoninho, ou no alto da Serra, no Chapéu do Sol, com a turma do Beão, ou mesmo no excelente restaurante da Fatinha e Sérgio Lacerda, na Pousada Barriga da Lua, lá perto do Juquinha, num dos trechos mais bonitos da região, ou se espero chegar até Conceição para almoçar no Bar da Lili ou no reaberto e novo restaurante Serra Velha.

Em Conceição, com o carro estacionado, tem a vantagem de se poder curtir uns “chás com torradas”, antes. No Bar do Raimundo ou no Chiquinho do Deco.

Mais tarde uma possível esticada até o Tabuleiro, onde espero ver pronta a pousada que o Leandro Carneiro está montando já há algum tempo.

Sábado é aniversário do João Bosco, um dos maiores conceiçonenses que conheço, promotor do tradicional Projeto Matriz, junto com a esposa Bethânia. Um projeto cultural que deveria se espalhar por toda Minas Gerais e Brasil. Bosco cheia a meio século de vida, o primeiro da nossa turma a chegar lá. Ou seria o segundo? Pode ser, porque acho que ano passado o João Duarte chegou primeiro.

Espero que dê tempo de conhecer o projeto “Plantando Água”, de um grupo de biólogos de Belo Horizonte, onde estão o Professor Miguel Andrade, Carlos Alberto Mourthe Junior e várias outras pessoas.

Há mais de 12 anos eles fazem um trabalho na região do “Peixe Tolo”, com a comunidade local.

Estão agora desenvolvendo este projeto financiado pelo Governo do Estado chamado “Plantando Água”. Em três anos um milhão de mudas serão plantadas com geração de renda para a comunidade local da região do rio Parauninha. Trabalho muito importante e eles estão buscando conexões para que mais locais da bacia e pessoas sejam beneficiadas para além do processo envolvido nesta coleta de sementes, produção de mudas e plantio de árvores.

Falei em “chá com torradas” e lembrei-me do amigo Flávio Anselmo, incentivador de primeira hora que tive quando a Rádio Capital me buscou na Rádio Cultura de Sete Lagoas, quando eu tinha 18 anos. Ouvi dele essa expressão pela primeira vez.

O Flávio parou uns dias com a coluna e blog dele, por recomendação médica. Vai implantar uma ou umas pontes de safena por esses dias. Não há de ser nada que ele também não tire de letra! Sucesso a ele nessa cirurgia.