Fui um dos entrevistados do Luiz Martini e Thiago Madureira, alunos do quinto período de jornalismo do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI BH). O Luiz é estagiário da Rádio Alvorada FM 94,9 Mhz, e um dos produtores do “Só Esportes”, programa comandando pelo Flávio Carvalho de segunda a sexta-feira, de 21 às 22 horas.
O assunto foi Copa do Mundo e as condições da África do Sul e Brasil para realizá-la, em 2010 e 2014.
As perguntas e respostas foram as seguintes:
1) O andamento das obras para a Copa na África deixou uma boa impressão durante a Copa das Confederações?
__ Dos estádios e vias de acesso, sim, porém certamente o país ficará devendo a quem for para a Copa, serviços importantes como transportes públicos urbanos e intermunicipais.
2) Qual o principal legado que uma Copa deixa em um país em desenvolvimento?
__ Infra-estrutura como estradas, aeroportos, hospitais, comunicações e uma divulgação espetacular, antes, durante e muitos anos depois, o que vale uma fortuna.
3) A percepção da desigualdade social é nítida na África do Sul?
__ É e muito. Mais que no Brasil, e isso gera um clima de insegurança em todas as cidades. O comércio fecha as portas às 18 horas, e a noite é como se houvesse um “toque de recolher”, já que predominam seguranças fortemente armados nas portas dos poucos restaurantes que abrem e das casas em bairros melhores.
4) O sistema de transporte, o atendimento na área da saúde e a rede hoteleira apresentam muitos problemas?
__ O transporte público será um dos maiores gargalos dessa Copa, hotéis são poucos, por isso estão cobrando preços tão altos. Muita gente está conseguindo alugar casas de pessoas que estão aproveitando o evento para um faturamento extra. Em termos de saúde as informações são positivas, segundo o comitê organizador local.
5) O que o Brasil pode aprender com a organização da Copa na África para aproveitar quatro anos depois?
__ Observar onde e porque eles estão errando para que em 2014 não passemos pelos mesmos problemas e levemos uma boa imagem de organização ao mundo.
6) A estimativa é que o Brasil gaste uma diferença exorbitante para organizar a Copa, se comparada à África do Sul. Você acredita que seja realmente necessário ou é marketing político?
__ Gastar acima do normal é costume dos governantes brasileiros que aproveitam oportunidades como essa para ganhar dinheiro. A corrupção torna as obras mais caras e a certeza de impunidade faz que com os abusos se perpetuem em qualquer governo.
7) Sobre os grupos da Copa, além das equipes tradicionais como Brasil, Itália, Alemanha e Argentina, você acredita em alguma surpresa? A Espanha pode deixar de ser rotulada como “amarelona”?
__ Toda previsão para uma Copa do Mundo é absolutamente arriscada, mas penso que a Espanha pode espantar este estigma dessa vez.
8) Saiu uma pesquisa da ONU, sobre as principais capitais brasileiras em nível de desigualdade social. Belo Horizonte, Brasília, Goiânia e Fortaleza são as piores cidades nesse quesito. Perdem apenas para três cidades Africanas, incluindo Johannesburgo. Esse ranking pode prejudicar Belo Horizonte na disputa com São Paulo pela abertura da Copa?
__ Não. São Paulo é, naturalmente, a mais forte candidata a receber a partida de abertura devido a sua força econômica e política. E eles se uniram para vencer essa briga com Belo Horizonte. As desavenças internas entre os clubes adversários do São Paulo, dono do Morumbi, Federação, governo do estado e imprensa estão sendo deixadas de lado por eles para vencerem essa disputa.