Há uma frase antiga que diz: “papel aceita tudo”, e se é assim, na internet muito mais, com todos os benefícios e males que pode causar.
Existe um site chamado “Times do Brasil”, até interessante, mas que merece muito cuidado quando for consultado.
Acessei uma página onde há um show de erros, exageros e injustiças históricas e factuais. Fala do Bela Vista, de Sete Lagoas, o grande rival do Democrata.
Equipe do Bela Vista em viagem de excursão para a Europa na década de 50
Sou democratense, mas como setelagoano fiquei incomodado com o tratamento desrespeitoso e superficial dado ao “Bevê”, ou “Rela”, apelidos carinhosos do clube, que teve seus momentos áureos em Minas Gerais, nas décadas de 1950/60, e ainda hoje tem a sua força na região, além de ter possuir um patrimônio invejável, que poucos clubes do interior possuem.
Vou me ater neste momento a três erros absurdos, verdadeiras heresias, que por si só põem em dúvida toda a reportagem: as cores, o escudo e o uniforme.
O Bela Vista é verde, o site o apresenta como vermelho; o escudo mostrado é um arremedo distante do verdadeiro, e a camisa do clube é toda verde ou toda branca, e no site aparece listrada, idêntica ao arquirival Democrata.
A principal história contada sobre o clube tem verdades, mas também muitos exageros, sobre a famosa excursão belavistana à Europa em 1958.
Mas vale a pena acessar o site, com o cuidado de acreditar desacreditando.
Como eu ainda não tinha nascido na época, terei de consultar as revistas “Manchete Esportiva” daqueles tempos, que ganhei de presente do Flávio Carvalho, para corrigir outros erros graves e enviar aos responsáveis pelo site, para que o Bela Vista não tenha este tratamento injusto.
Meu pai era belavistano e contava essa história de forma bem diferente do site.
Confira a seguir o que está no “Times do Brasil”:
“O falso campeão do Brasil”
Na década de 50 vários clubes brasileiros excursionaram pelo exterior. Com maior ou menor sucesso, são histórias que se incorporaram ao acervo do futebol brasileiro. Nenhuma dessas campanhas, no entanto, se equipara à aventura de um clube do interior de Minas Gerais, que no final daquela década protagonizou uma das maiores vergonhas do futebol brasileiro em todos os tempos. Estamos falando do Bela Vista Futebol Clube, de Sete Lagoas.
A equipe disputou, sem muito sucesso, o Campeonato Mineiro de Futebol entre os anos de 1958 e 1962. Nesse período conseguiu a façanha de derrotar o Atlético Mineiro em dois jogos oficiais, um deles em Belo Horizonte, em 1961 (3×2) e o outro em Sete Lagoas, em 1962 (3×1). Nessa época o Bela Vista disputava com o Democrata um dos maiores clássicos do futebol mineiro na década de 50. Conhecido com o “Clássico do Sertão”, movimentava a pacata cidade de Sete Lagoas, distante apenas 62 quilômetros de Belo Horizonte. Mas nem de longe o Bela Vista podia se comparar ao rival, que conseguiu se sagrar por três vezes vice-campeão mineiro, em 1955,1957 e 1963.
A excursão:
Assim, em 1958, como os clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, o pequeno Bela Vista também deu um jeito de excursionar pelo Velho Mundo, aproveitando o título mundial conquistado pela Seleção Brasileira. Apanhou, feito gente grande, mas voltou com uma boa história na bagagem: quase empatou com o Real Madrid no Santiago Bernabeu. Na partida, no Rio de Janeiro, os rapazes do Bela Vista, devidamente uniformizados, concederam entrevistas e posaram para fotografias. Anunciaram que excursionariam pela Europa com um plantel de 16 jogadores para um mínimo de trinta jogos, somente contra clubes pequenos.
Mas o primeiro adversário foi justamente o Real Madrid, melhor time europeu da época. O Bela Vista, apresentado como campeão brasileiro, carregou uma multidão para o estádio, e em um jogo disputado, perdeu por apenas 2×1. Contudo, após os primeiros resultados, a fragilidade do time apareceu e as goleadas também. Os jogadores Assis e Marinho, emprestados pelo Vasco, desertaram da delegação na França, seduzidos por propostas de clubes europeus. Os dirigentes, que preferiam freqüentar hipódromos franceses a tomar conta do time, e o próprio técnico Orlando Rodrigues também abandonaram o clube. Na Inglaterra, já com o veterano jogador Gaia fazendo as vezes de técnico, o Bela Vista perdeu de 12×1 para o Newcastle, diante de 25 mil pessoas. Diante do fiasco do clube, o CND (Conselho Nacional de Desportos) começou a pressionar para que o Bela Vista retornasse ao Brasil, mas seu diretor, Ronaldo Pontes, disse que tinha um contrato celebrado, com autorização do próprio CND, e que seu clube não iria, em hipótese nenhuma, quebrar compromissos. Até o Itamarati foi envolvido na tentativa de parar aquela desastrosa jornada. Enfim, para alegria geral, o Bela Vista concordou em regressar ao Brasil. Não sem antes aproveitar a falta de lugares no avião e realizar mais dois jogos, cujos resultados não foram conhecidos pela imprensa brasileira.
O Bela Vista, de Sete Lagoas em 1961, no Campeonato Mineiro. De pé: massagista
não identificado, Joel, Gutemberg, Amauri, Marcos, Gilberto Gato e Edésio;
agachados: Miltinho, Waldir Nenezão, Jair, Eduardo e Chiquinho. Arquivo pessoal de
Gutemberg Vieira França
Nome Oficial: Estádio Santa Luzia
Capacidade: 2.000 pessoas
Endereço: Rua Tupiniquins, 340 – Santa Luzia – Sete Lagoas-MG
Proprietário: Bela Vista Futebol Clube
http://www.timesdobrasil.hd1.com.br/senmtse4nhjakp/minas%20gerais/bela%20vista%20de%20sete%20lagoas-mg.htm