Cruzeiro e Uberlândia dão o chute inicial do Campeonato Mineiro na noite de hoje no Mineirão. Muita gente critica, mas a competição é importante sim. O que está faltando é a Federação Mineira de Futebol e os clubes da capital, promoverem encontros periódicos com os do interior para buscarem formas de fortalecer o trabalho deles, principalmente no que se refere à base. Com as mudanças introduzidas pela Lei Pelé, o interior passou a terceirizar seus infantis, juvenis e juniores para empresários, muitas vezes, com categorias retalhadas para “donos” diferentes, o que é ruim para o futebol como um todo. O interior não tem apoio jurídico nem técnico.
Distanciamento
O que prevalece na maioria dos estados, com destaque para Minas Gerais, é uma distância enorme entre a Capital e o interior, este, completamente abandonado por quem tem a obrigação de zelar por ele, também. Historicamente a FMF é acomodada e só se preocupa com os interesses diretos dos três grandes de Belo Horizonte. Não porque pense mais neles, mas porque as sedes deles estão a poucos metros dela, na Avenida Barbacena, 473, onde a cobrança é mais fácil para os da Capital. Quem mais precisa tem pouco ou nenhum acesso à entidade.
Mudanças
Em fins dos anos 1990, participei, como convidado, de Seminário organizado pela Fundação Getúlio Vargas, para discutir o Campeonato Brasileiro. Realizado em todos os estados, por encomenda da CBF, para discutir a fórmula ideal da disputa, implantada, com sucesso, em 2003. Em tantos anos de militância na imprensa, nunca tive notícia de algum movimento neste sentido da FMF ou dos clubes para discutir melhorias do futebol mineiro.
Melhorou muito
Nosso campeonato precisa ser visto como laboratório para os clubes que vão disputar o brasileiro. Melhor jogar partidas oficiais a amistosos. A fórmula melhorou: não ocupa mais todo o primeiro semestre, e as rivalidades regionais motivam. Também, não é mais um fiasco de rendas. A pressão da Rede Record fez a Globo aumentar bastante os valores pagos, e a transmissão dos jogos dá visibilidade. Mas, convenhamos, ainda é muito pouco.
O possível
Não tenho a menor dúvida que a continuidade da Copa Sul/Minas teria sido muito melhor para Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em todos os aspectos. Porém, a CBF, Rede Globo e alguns clubes acabaram com essa competição, rentável, e forte tecnicamente, e preferiram os campeonatos estaduais na forma tradicional.
Mas nem por isso estou entre aqueles que gostam de dizer que o Campeonato Mineiro não “vale nada”. Vale sim! Se, para quem ganha, não acrescenta tanto à sua coleção de títulos, quem perde, costuma entrar em parafuso, com direito a queda de treinadores e dirigentes.
O ideal
Até os anos 1980, era observando os adversários do interior que Atlético, Cruzeiro e América conseguiam bons reforços para seus elencos. Hoje isso não prevalece, porque quase todos não têm mais categorias de base eficientes. Apostam em veteranos, rodados, que já passaram por incontáveis clubes do próprio estado e outras regiões do país. Ou então, buscam em Belo Horizonte, dezenas de ex-juniores dos próprios co-irmãos da Capital.