O futebol brasileiro está vivendo no fim de março, princípio de abril, o que normalmente ocorre em dezembro/janeiro de todos os anos. Em função da pandemia o calendário teve que ser adaptado e continua sofrendo adaptações com paralisações de competições e remanejamento de jogos. Sendo assim a temporada de contratações e dispensas só está rolando agora. Atlético, Cruzeiro e América tiveram mudanças importantes no comando do futebol, o setor mais importante de todos eles. Da competência ou não do diretor-chefe e do treinador dependerá o sucesso ou fracasso do clube no Brasileiro, Libertadores, Copa do Brasil enfim, das disputas nas quais cada um estará envolvido.
Novos diretores e técnicos
O Cruzeiro buscou o técnico Felipe Conceição, no Guarani de Campinas, e o diretor André Mazzuco, no Vasco. Treinador novo na atividade, Conceição mostrou serviço no América e em Campinas. No Cruzeiro, a pressão é maior e ele ainda não tem material humano nas mãos para conquistar a tão almejada vaga na Série A 2022. Se está difícil até na briga por uma das quatro vagas entre os finalistas do Mineiro… O diretor veio do Vasco, que vem capengando há vários anos seguidos, tanto no Campeonato Carioca quanto no brasileiro. Assim como no clube do Rio, Mazzuco enfrenta no Cruzeiro a falta de dinheiro. Tem que mostrar muita criatividade e boa lábia para conseguir montar um elenco competitivo e contornar as cobranças. A contratação do Rômulo, por exemplo; 33 anos, três anos de contrato é uma aposta alta. Vamos ver no que vai dar. O Atlético apostou no conhecido Rodrigo Caetano, que estava aguardando convite, depois da passagem pelo Internacional. O trabalho dele é menos difícil no Galo, porque, em princípio, dinheiro não é o maior problema por lá. A troca de Jorge Sampaoli por Cuca, na minha opinião, foi um ótimo negócio.
O América foi quem menos mexeu no seu departamento de futebol. Conseguiu manter o técnico Lisca, mas teve uma grande perda, com a saída do diretor Paulo Bracks para o Internacional. O substituto, Armando Desessards, que pouca gente por aqui conhecia, veio do Ceará, que tem feito campanhas satisfatórias no Brasileiro, se mantendo na Série A. Mas aqui, o novo diretor americano está sob observação, e não começou bem.
Sem Messias e Ademir
Armando Desessards, novo diretor americano, não conseguiu segurar Messias, um dos melhores zagueiros do país, que foi justamente para o Ceará, na teoria, concorrente direto do Coelho contra o rebaixamento. A situação do Ademir também está sendo mal conduzida. Principal jogador da criação do time, se recusou a sair do hotel em Campina Grande para jogar contra o Treze pela Copa do Brasil, por causa de uma possível transferência. Incidente absurdo. No mínimo, faltou uma conversa “olho no olho” da diretoria com o jogador para evitar que isso ocorresse.
Apostas americanas
Ontem foi anunciada a contratação do meia-atacante Yan Sasse, 23 anos, que vem do Coritiba, rebaixado ano passado. Pelo Coxa, jogou 18 vezes no campeonato e não marcou nenhum gol. Estava “livre no mercado”, e apesar de jovem, já rodou bem: Internacional (onde começou), Red Bull Brasil-SP, Vasco e Caykur Rizespor da Turquia.
Além dele, o Coelho contratou o zagueiro Ricardo Silva; o volante Juninho Valoura e os atacantes Leandro Carvalho, Luiz Fernando e Ribamar. Deverá oficializar a qualquer momento a contratação do meia Bruno Nazário, ex-Botafogo. Para ser chamado de “reforço”, qualquer um deles terá de surpreender muito. Por enquanto, Lisca vai ter que se virar para cumprir o principal objetivo da temporada, que é se manter na Série A e, quem sabe, beliscar uma vaga na Sul-americana.
Dinheiro demais e de menos
Repetindo 2020 o Atlético investe alto para tentar ganhar o Brasileiro e Libertadores. Contratou o excelente Nacho Fernandez, que fazia diferença com o River e deverá fazer também com a camisa do Galo nas principais competições. Este pode ser chamado de reforço. No Mineiro, já mostrou suas credenciais, mas este campeonato funciona como treino de luxo, em que os adversários são “sparrings” e o que conta é a perda do título: entre os grandes, quem perde costuma entrar em crise.
O dinheiro dos investimentos continua saindo do bolso do principal apoiador, Rubens Menim. Semana passada a dívida do clube, na faixa de 1,2 bilhão, foi informada em primeira mão pelo Jaeci Carvalho, no Estado de Minas e pelo Fred Ribeiro, em reportagem no Globoesporte.com. Claro que assusta, mas acredito nas entrevistas do Menim, que garante haver um planejamento para equacionar a situação.