Em foto do Superesportes, Cruzeiro 1 x 0 Atlético, em 1969, clássico com maior público da história (Foto: Arquivo/EM/D.A Press
A frase é do Nelson Rodrigues, utilizada pelo Fernando Rocha, na coluna dele que será publicada amanhã no Diário do Aço, de Ipatinga. Penso como o Nelson e sugiro da coluna do Fernando, que trás ótimas lembranças de clássicos passados:
* “Clássico diferente”
Mais um clássico centenário entre os dois maiores clubes do estado e eternos arquirrivais, será disputado hoje, no Mineirão, desta vez com um fato inédito.
Por conta da pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez em sua história, o clássico que sempre arrasta multidões, será bastante diferente, pois não terá torcida nas arquibancadas.
Dos 15 maiores públicos pagantes da história do Mineirão, nove foram em clássicos, desde o primeiro deles disputado no dia 4 de maio de 1969, vencido pelo Cruzeiro por 1 x 0, que registrou a presença de 123.351 torcedores.
O último clássico, disputado no dia 7 de março do ano passado, com a presença de 53.205 torcedores, terminou com a vitória do Galo por 2 x 1.
Há controvérsias quando se trata de quem mais venceu este clássico, cada um com a sua versão, mas em ambas as estatísticas, o Atlético venceu maior numero de vezes.
Respeito mútuo
A julgar pelos investimentos atuais feitos nas equipes e a fase que atravessam, o Atlético pode ser considerado amplamente favorito para vencer o clássico logo mais no Mineirão.
Mas, a história centenária deste confronto mostra inúmeros exemplos onde o favoritismo foi deixado de lado, ou não se confirmou dentro de campo.
O clima que antecede este jogo especial, acaba gerando uma atmosfera de respeito mútuo, que se reflete dentro de campo na atuação dos jogadores.
Craques e pernas de pau escreveram seus nomes, com atuações destacadas seja pelo lado bom ou ruim e serão sempre lembrados pelas duas maiores torcidas rivais do estado.
O genial Nelson Rodrigues escreveu sobre o “Fla-Flu”, mais famoso clássico do futebol carioca, algo que se aplica também ao nosso: – Seria loucura pensar numa vitória certa ou fácil. A vitória terá de ser umedecida com o suor forte, épico. (Nelson Rodrigues)
FIM DE PAPO
· No domingo, 2 de agosto de 1970, o antigo Mineirão, dividido ao meio pelas duas torcidas, recebeu nada menos que 106.155 torcedores para mais um clássico entre Cruzeiro e Atlético, cuja renda espetacular atingiu na moeda da época Cr$ 456.675,00. O Cruzeiro, comandado por Ílton Chaves, era considerado franco favorito para vencer o jogo, pois tinha entre outros craques, Tostão, Piazza, Dirceu Lopes, Natal, Zé Carlos e o goleiro Raul.
· O Atlético, que no ano seguinte ganharia seu único título de Campeão Brasileiro, ainda estava sendo formado por Telê Santana e não possuía grandes destaques. O poderoso e favorito Cruzeiro fez 1 a 0 aos 35 do 1º tempo, através de Rodrigues, porém, logo em seguida, aos 41, Dario “Peito de Aço” empatou. Na segunda etapa, os jogadores do Galo superaram a melhor qualidade técnica do adversário, com muita garra e raça, até que Dario fez o gol da vitória, aos 39 minutos, que deu o improvável título de campeão estadual daquele ano ao Galo.
· No Campeonato Mineiro de 1981, as diretorias de Atlético e Cruzeiro combinaram que a renda dos clássicos seria do mandante. Para sacanear o rival, no turno o Atlético escalou os reservas contra o Cruzeiro, levando apenas 38.119 pagantes ao Mineirão, clássico que terminou empatado em 0 a 0. No returno, a diretoria celeste deu o troco e mandou os reservas a campo. Nem o técnico Didi foi para o banco, deixando seu auxiliar, Vicente Lage, o “Cento e Nove”, no seu lugar.
· O Galo com seu time titular, que tinha entre outros o goleiro João Leite, zagueiros Osmar Guarneli e Luisinho, o meio-campista Heleno, além de Éder Aleixo, o “bomba”, no ataque, era tido como franco favorito para vencer o clássico, que teve público de apenas 30.149 torcedores pagantes. Mas, para surpresa e espanto geral quem venceu por 1 x 0 foi o Cruzeiro, com um gol de Jacinto, atacante que havia se destacado pelo Ferroviário do Ceará, sendo então contratado Cruzeiro.
* Por Fernando Rocha – Diário do Aço – Ipatinga