Blog do Chico Maia

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Parece simples, mas a exclusão de conselheiros pelo Cruzeiro é ato raro no Brasil

Dr. José Dalai Rocha, aplicou a lei, como em seus tempos como Juiz de Direito em várias comarcas de Minas Gerais. Foto do Vinnicius Silva/Cruzeiro.

A necessidade de reformas no Brasil é gigante e urgente: política, jurídica, fiscal, econômica, etecetera, etecetera e etecetera. Mas, como o futebol é o nosso assunto principal aqui, peguemos o atual momento vivido pelo Cruzeiro, como exemplo dessa urgência, já que a maioria dos clubes do país, pequenos e grandes, tem estatuto e estrutura de poder semelhante, com os conselhos deliberativos funcionando suas “casas legislativas” e eletivas. Os sócios elegem os conselheiros efetivos (reeleitos ou não a cada três anos), que se juntam aos “natos” (vitalícios), que por sua vez, elegem ou destituem o presidente executivo. Um Conselho Fiscal, composto por três ou cinco conselheiros, que teoricamente, analisa as contas de cada ano, aprova total ou parcialmente, com ou sem ressalvas e bola pra frente.

Na teoria, uma beleza, porém, na prática, prevalece o vale tudo para eleger conselheiros e diretoria executiva, prevalecendo o “toma-lá-dá-cá”, igual na maioria dos casos da política partidária municipal, estadual e federal. E como raramente ocorre, na semana passada a diretoria interina do Cruzeiro cumpriu o estatuto do clube e tirou dos quadros do Conselho, 30 conselheiros que recebiam salários do clube, contrariando as normas estatutárias. E como há muita gente influente na lista, só ontem os nomes foram liberados oficialmente, como mostra essa reportagem do Superesportes:

* “Cruzeiro exclui Serginho, filho de Perrella e outros conselheiros que recebiam do clube; veja lista com 30 nomes”

Clube publicou decisão em seu Portal da Transparência nesta quarta-feira

Por Rafael Arruda /Superesportes Tiago Mattar /Superesportes

Cruzeiro publicou nesta quarta-feira, em seu Portal da Transparência, a exclusão de 30 conselheiros natos e efetivos remunerados no período de 1º de fevereiro de 2018 a 31 de dezembro de 2019. Na lista com 30 membros constam os nomes de Sérgio Nonato dos Reis, o Serginho, e de Gustavo Henrique Perrella, filho do ex-presidente Zezé Perrella.

De acordo com o Cruzeiro, a decisão respeita os artigos 18 e 19 do Estatuto da instituição.

Art. 18: “O Associado Conselheiro Nato e Associado Conselheiro, contratado como empregado do Clube, perde o mandato e o suplente de Conselheiro será excluído do quadro de suplência”.

Art. 19: “É vedada a remuneração dos membros da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo e de Conselheiro do Cruzeiro Esporte Clube”.

O clube também informou que todos os conselheiros foram notificados e tiveram direito a apresentar suas respectivas defesas. (mais…)


Dia 20 de abril é para entrar na história do futebol brasileiro. Casa própria do Atlético começa sair do papel

As máquinas começaram trabalhar lá hoje. Bairro Califórnia, na divisa de Belo Horizonte com Contagem, às margens da Via Expressa. Do outro lado fica a BR-040. Passei em frente esta manhã e fiz essas fotos.

Daqui a 30 meses espero ocupar uma das 46 mil cadeiras em um dos primeiros jogos do Galo em seu estádio.


Há seis anos morria Luciano do Valle, em Uberlândia, onde transmitiria Atlético x Corinthians

Tive o prazer e a honra de conviver com ele nos tempos de Band nos anos 1980/90. Esta foto foi em junho de 2009, durante a Copa das Federações da África do Sul, em um restaurante em Bloemfontein. O repórter Fernando Fernandes à esquerda, eu, ele e o Tiago Lacerda, então presidente do Comitê Executivo da Copa de 2014, órgão da prefeitura de Belo Horizonte, que iniciava os trabalhos visando a Copa do Mundo no Brasil.

No dia 19 de abril de 2014, um dos maiores comunicadores do país, grande figura humana, passou mal durante o voo de São Paulo a Uberlândia e não resistiu a um infarto, aos 66 anos de idade. O jornalista da TV Globo Marco Aurelio Souza, que viajava junto, prestou o seguinte depoimento ao Globoesporte.com no dia: “… “Ele não se sentiu bem durante o voo. Não teve nenhum rebuliço no avião. Ele só comunicou à comissária que não se sentia bem e pediu que, quando o avião descesse, chamassem um médico. Estava na primeira fileira. Todos os passageiros saíram, mas ele permaneceu. Quando eu saía, o comandante já tinha saído da cabine e conversava com ele indicando que tinha chamado um médico. A gente ficaria no mesmo hotel. Quem me relatava as coisas era o Fernando Fernandes, da Band. O Luciano já foi muito mal para o hospital. Meia hora depois, o Fernando me ligou para dizer que ele tinha morrido de um problema do coração”.

A FIFA fez uma homenagem, entregando a credencial dele que seria da cobertura da Copa 2014 em primeiro lugar, à Band. Mas, se esqueceu de acertar os detalhes e até mesmo informar à família, o que gerou protesto da viúva e constrangimentos, na época registrados aqui no blog:

https://blog.chicomaia.com.br/2014/05/29/homenagem-da-fifa-a-luciano-valle-incomodou-a-familia/


Uai! Flamengo precisando pegar dinheiro emprestado?

Do jornal Lance:

* “Flamengo recorre a empréstimo de R$ 40 milhões e busca renegociações”

Linha de crédito pré-aprovada será utilizada pela diretoria da Gávea diante dos impactos da pandemia do coronavírus nas finanças do clube

Os impactos da pandemia do coronavírus fizeram a diretoria do Flamengo recorrer a um empréstimo no valor de R$ 40 milhões junto ao Banco Santander. A linha de crédito, com juros baixos, já estava pré-aprovada e em “stand by”, de acordo com o demonstrativo financeiro do clube de 2019.

A informação foi inicialmente publicada pelo jornalista Gustavo Henrique.

O empréstimo acontece em momento que as finanças do clube foram impactadas com o rompimento do patrocínio da Azeite Royal e o não recebimento do valor acordado com a fornecedora de material esportivo Adidas. Juntos, nestes casos, o Flamengo deixou de arrecadar R$ 11,3 milhões.

Diante deste cenário, o Flamengo também não fez os repasses referentes às compras do zagueiro Léo Pereira, ao Athletico, e do atacante Thiago, ao Naútico. A direção da Gávea, contudo, está em contato com os representantes dos clubes buscando renegociar os termos por conta da pandemia da Covid-19.

https://www.lance.com.br/flamengo/faz-emprestimo-milhoes-busca-renegociacoes.html


Devagar, jogadores que quase levaram o Mário Caixa a um infarto estão sendo dispensados pelo Galo

Foto: www.atletico.com.br

Mineiramente os jogadores que não interessam ao técnico Jorge Sampaoli vão sendo dispensados. Os que têm mercado, já em outros clubes, como Patric, no Sport Recife, outros na fila de espera de mão dupla. Edinho, por exemplo, ainda não foi anunciado como descartável pelo Galo, mas o Fortaleza está contando as horas, para buscar de volta o jogador, cujos 10% dos direitos ainda lhe pertencem. O lateral-esquerdo uruguaio Lucas Hernández, o volante paraguaio Ramón Martínez, Zé Welison, mais Di Santo, Ricardo Oliveira e Clayton, aguardam pretendentes. Hernández, Martinez e Di Santo, chegaram ao Galo por intermédio do então diretor Rui Costa, que sucedeu outro incompetente, Alexandre Gallo. Deveria haver consequências para quem contrata tão mal e faz péssimos contratos para os clubes, mas a impunidade reina nessa área do futebol. Interessante é que o venezuelano Dudamel, contratado por Rui, não mandou dispensar estes que agora o argentino Sampaoli dispensa.

A grande lembrança que tenho do lateral Lucas Hernández é do jogo contra o Bahia, dia 24 de agosto do ano passado, um sábado de manhã, no Independência. Pela Itatiaia o Caixa quase infartava e dizia a toda hora: “meu Deus, que jogador é este?”. “Nossa Senhora, alguém apresente a bola a este rapaz!”. O Galo perdeu de 1 a 0, mesmo apoiado por 22.401 atleticanos no Horto.


A crise que não perdoa ninguém: falta de jogos faz com que árbitros de futebol enfrentem problemas financeiros, físicos e mentais

O ex-árbitro Márcio Resende de Freitas (centro), em encontro de motociclistas na cidade de Fortuna de Minas, em 2010. Falei sobre ele aqui no blog na época: https://blog.chicomaia.com.br/2015/10/02/quando-ha-motivo-para-se-acreditar-na-lisura-da-arbitragem-brasileira/

Xingados e mal falados por “gregos, goianos” e até troianos, os apitadores são os todos poderosos com o apito na mão. E, mais recentemente, com um monitor de TV à sua disposição. Porém, seres humanos que são, passam por momentos terríveis com a pandemia. E óbvio, precisam contar com toda a solidariedade de todo o mundo. Reportagem da agência Globo, publicada pelo Diário de Cuiabá, relatou o drama e alternativas de soluções para a categoria, fundamental e decisiva em todo jogo de futebol:

* “Árbitros têm desafio financeiro, físico e mental; CBF antecipará taxas”

O livro “Em busca da excelência”, de Terry Orlick, é tratado como a Bíblia da preparação mental dos árbitros brasileiros. Dessa obra são retirados textos com os quais a psicóloga Marta Magalhães trabalha junto aos integrantes do quadro nacional. Mas essa tal excelência virou um desafio em tempos de quarentena. Não só psicologicamente. O isolamento coloca em xeque a preparação física, técnica e também o aspecto financeiro da turma do apito.

Como sem jogos não há remuneração, a Associação Nacional de Árbitros de Futebol (Anaf) enviou na semana passada um pedido à CBF para amenizar o impacto financeiro: uma antecipação. A entidade topou adiantar o valor correspondente à cota de um jogo para cada árbitro do quadro nacional. A medida ja foi comunicada à classe nesta terça-feira. O montante a ser recebido individualmente leva em conta a categoria de cada um. Será aplicado o valor da maior taxa recebida pelo árbitro em 2019. Na Série A, quem é Fifa, por exemplo, ganha R$ 5 mil por partida como árbitro central.

Inicialmente, a proposta da Anaf era de que a CBF repassasse R$ 2 mil por mês a cada árbitro de elite. O valor também se aplicaria aos que estão na categoria master. Para quem pertence às categorias A e B, o valor mensal seria de R$ 1 mil. A base da pirâmide do quadro nacional receberia R$ 500.

O total do adiantamento, segundo estimativa interna da CBF, representará algo em torno de R$ 900 mil. O dinheiro será abatido de escalações futuras dos árbitros. O suporte financeiro não é obrigatório porque nem sequer há vínculo empregatício entre as partes.

“Juridicamente, os árbitros são prestadores de serviço. Mesmo com a profissão já reconhecida por lei, não há profissionalização. Ainda assim, muitos vivem só da arbitragem. Um árbitro Fifa que apita Libertadores viaja segunda-feira e volta na quinta. Como é que tem emprego assim? A CBF não tem número de quem vive exclusivamente da arbitragem. Pedimos compreensão”, disse o presidente da Anaf, Salmo Valentim. (mais…)


O discurso e a prática. Me engana que eu gosto. Até parecem socialistas pregando um Brasil com menos desigualdade social. Os discursos até parecem

Disse Tom Jobim no início dos anos 1990, que “o Brasil não é para principiantes”. Sem dúvida. Um ligeiro exemplo:

Discurso 1

* “… __ Nessa última década, que termina agora em 2020, o PIB do Brasil cresceu zero. Com o impacto da pandemia, aliás, vamos estar levemente negativos em termos de PIB nesse período. Na década de 80, a década perdida, o PIB per capita não cresceu. Agora, será o PIB que não vai crescer, o que significa uma queda do PIB per capita da ordem de 15%. O que é duríssimo – calculou. – Temos realmente que mudar, precisamos de reformas profundas. Precisaríamos estar crescendo mais rápido. Temos um estado extremamente ineficiente, uma desigualdade enorme…”

Discurso 2

* “… a crise traz a obrigação de trabalharmos para diminuir essa desigualdade colossal que nós temos… Talvez essa crise seja a oportunidade de trabalharmos mais juntos, com mais solidariedade. Nos últimos anos, um dos problemas foi a polarização, de ricos e pobres, de esquerda e direita. Eu esperaria que essa crise trouxesse mais bom senso, mais pragmatismo…”

Quem lê, pensa tratar-se de duas lideranças de esquerda, na pior das hipóteses, de centro esquerda. Porém, são, ninguém menos que Roberto Setúbal, um dos donos do Itaú/Unibanco (Discurso 1)) e Jorge Paulo Lemann, (3G Capital, AB InBevKraft Heinz e Burger King, entre outras) o segundo brasileiro mais rico do mundo, no discurso 2. Em um seminário virtual sobre a atual crise provocada pela Covid-19, em trechos publicados pelo O Globo. A propósito, a Guarda Municipal de Belo Horizonte fechou esta uma unidade das Lojas Americanas, na Rua Jacuí, por não respeitar as normas de prevenção contra a pandemia.

https://oglobo.globo.com/economia/jorge-paulo-lemann-que-eu-gosto-mais-que-toda-crise-cheia-de-oportunidades-24375730


Um “frango” determinante para a queda do Vanderlei Luxemburgo no Atlético

Foto: O Tempo

O Sportv reprisou Fluminense x Atlético pelo Brasileiro de 2010, um jogo emblemático naquela temporada. Comandado por Muricy Ramalho, o time carioca terminou campeão com 71 pontos. O Atlético, cujo técnico Vanderlei Luxemburgo foi demitido nesta partida, terminou em 13º com 45 pontos. O Cruzeiro foi vice, com 69; em terceiro o Corinthians, 68; Grêmio em quarto com 63.

Lembro-me demais deste jogo, realizado no Engenhão, e do momento vivido pelos dois times no campeonato. Um destes momentos marcantes, que nos fazem somar conhecimentos e conclusões sobre alguma coisa. Dizia-se na época que havia jogadores querendo derrubar o treinador.

O Galo era melhor em campo, desperdiçara uma oportunidade e tomou um gol aos 11 minutos, marcado pelo zagueiro Leandro Euzébio. O time não se abateu, partiu pra cima e empatou aos 19, por meio do Daniel Carvalho, e continuou fustigando o Flu. Até que aos 35, o goleiro Fábio Costa aceitou um chute “despretensioso” do Carlinhos. Ele pulou, tipo um saco de batatas caindo de lado; a bola passou por cima dos braços dele e entrou.  No segundo tempo o Fluminense marcou mais três gols. Com 5 a 1 no lombo, Luxemburgo foi demitido ainda no vestiário.

Depois do jogo as manchetes foram neste tom: “Com quatro gols de defensores, Flu goleia o Galo e derruba Luxemburgo”.

Muricy e cia. Passavam o Cruzeiro na classificação e iniciava a perseguição ao Corinthians pelo título. O Galo era o antepenúltimo. Os times em campo naquela noite:

Atlético

Fábio Costa, Rafael Cruz, Jairo Campos, Réver e Leandro, Alê, Zé Luís (Werley), Serginho (Neto Berola) e Daniel Carvalho, Obina (Diego Souza) e Diego Tardelli.

Fluminense

Rafael, Mariano (Thiaguinho), Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos, Diogo, Fernando Bob (Valência), Deco e Conca (Marquinho), Rodriguinho e Washington.


Velhas práticas e necessidade de mudanças. O futebol em discussão

Foto: adorocinema.com/series

Em comentário aqui no blog o Alisson Sol fez observações interessantes sobre o texto do Breno Miranda e deu boas dicas de documentários que rolam na TV:

* “O problema é que toda teoria econômica se baseia em mecanismos básicos de transparência e equilíbrio que não existem no futebol. Eu recentemente assisti duas séries de TV sobre o futebol que mostram coisas interessantes. Na séria da Amazon Prime “Tudo ou Nada: Seleção Brasileira“, se acompanha o time durante a Copa América em 2019. Há alguns pontos interessantes sobre os esquemas táticos do time. Mas muito pouco dos reais “bastidores”.

Já a série da Netflix “Sunderland ‘Til I Die” mostra muito mais dos bastidores do que qualquer outra. Na primeira temporada, o Sunderland havia acabado de cair da “Premier League” para a “Championship”, que seria a “Série B” na Inglaterra. Pois bem: a diretoria e comissão técnica dão uma “cruzeirada” e o time… cai para a Série C. Vem a segunda temporada, e o time tem tudo para ao menos voltar para a Série B. Mas o melhor jogador do time, o jovem Josh Maja tem o contrato terminando em breve. O time precisando dele, e o que se mostra na série é que o agente o leva para a França, pois se assim o fizer, ganha uma excelente comissão. Mas o inexplicável é o seguinte: no último dia da janela de transferência, o time vai e gasta mais do que o dobro do que recebeu para vender antecipadamente seu melhor jogador de 21 anos em um substituto medíocre. Vão para o “playoff” para a terceira vaga de subida da “Série C” inglesa, e perdem no último jogo. Prejuizo: umas dez vezes o que teria gasto mantendo seu melhor jovem jogador. Fica a impressão de que alguém ganha algo para fazer decisões que literamente vão contra o mínimo de racionalidade. E os apaixonados torcedores… torcendo. Triste de ver.”

https://www.safc.com/


Altíssimos salários, baixo rendimento, ações judiciais e prejuízos. Bom momento para ideias e discussão de novos rumos para o nosso futebol

As fotos foram feitas por mim, no Estádio Monumental em Santiago, durante a Copa América 2015, no Chile, que teve como campeão o próprio Chile, dirigido por Jorge Sampaoli, vice a Argentina. O Brasil ficou em quinto lugar, eliminado pelo Paraguai, nos pênaltis, nas quartas de final. 

Com a bola parada os grandes veículos de comunicação poderiam discutir em suas “mesas redondas” e resenhas idéias para novos rumos do nosso futebol. Salários fora da realidade, a existência de entidades e competições que só encarem o esporte, calendários malucos, falta de transparência na gestão de clubes e federações nacionais e Sul-Americana, legislação arcaica, enfim. Ainda que nada mudasse de imediato, mas a simples discussão e apresentação de idéias já seria um começo, ou na pior das hipóteses, um calo pra incomodar a cartolagem. A programação das TVs ficaria mais atrativa e prestaria um enorme serviço ao futebol brasileiro.

Temas como estes abordados pelo Breno Miranda, a quem agradeço, hoje, aqui no blog:

* “… Eu tentei não comentar, porém não resisti e faço algumas observações sobre a administração dos “Recursos (Des)Humanos” do Galo.
Existe uma disciplina, ofertada na Faculdade de Ciências Econômicas (FACE/UFMG) chamada Teoria da Informação e das Decisões. Nesta disciplina trata-se de assuntos relacionados à decisão de investidores, de administradores e dos donos de empresas. Mas o que tem isto haver com o futebol?
Bom, existe um tema que trata da remuneração dos “Agentes” (Gerentes, CEOs, Administradores e etc.) que são contratados para tomar decisões no lugar dos “Principais” (Os donos do negócio!). Neste tema, chega-se à conclusão de que não adianta pagar uma remuneração fixa para os Agentes, pois estes, ao perceberem que não há perda de qualidade do seu bem estar e tão pouco o aumento da sua satisfação nada fazem para melhorar. Sendo as pessoas racionais, ninguém irá fazer nenhum esforço adicional para que haja mais lucro, melhor performance da empresa ou que a mesma avance um pouco mais.
Uma das soluções propostas para solução deste impasse é a oferta de um contrato, desenhado pelo Principal, para que motive o Agente a tomar as melhores decisões na gestão da empresa. Portanto, o Agente ao aceitar o contrato, tem metas a serem compridas e bonificações por estas metas alcançadas.
Vejo que isto se aplica ao Galo e aos jogadores. Infelizmente é de difícil aplicação mas não impossível, porém a crise do COVID-19 pode abrir uma porta para uma mudança estrutural no futebol nacional.
Nada contra o jogador, ao bater suas metas, receber um alto salário, o que não pode é ficar com um imbróglio como os dos jogadores Maicon Bolt, Ricardo Oliveira, Mansur e Di Santo só para lembrar de alguns.
Percebemos que as altas dívidas dos times implica que todo o fluxo de caixa gerado é destinado para o pagamento da folha salarial. Logo, é extremamente difícil demitir um jogador por baixo rendimento e cobrá-lo um melhor desempenho.
Portanto, é mais fácil administrar a folha quando a motivação de cada um dos jogadores está em plena disputa para atingimento de suas metas pessoais. Caso alguém não dê certo no time, por vários fatores, não aleija os cofres. Se, como exercício de imaginação, o Sr. Maicon Bolt, tivesse um contrato ganhando um mínimo de R$50mil (ou qualquer outro valor!) como piso, e o restante como bonificação como meta cumprida, o Atlético não teria que pagá-lo a cifra astronômica por não cumprir o contrato em sua totalidade.
Chegou a hora de gestores capacitados, daqueles formados em centros acadêmicos, cuidarem das finanças do clube. Mesmo que sejam sociedades sem fins lucrativos, o clube têm que dar lucro. Pois como se já não bastasse as benesses fiscais, recebidas com uma carga de impostos menor do que setores como o elétrico, por exemplo, o clube deixa de pagar impostos prejudicando a sociedade como um todo por ter prejuízos como eliminações e dispensas não planejadas.

Um forte abraço e muito sucesso.”

* Breno Miranda