Blog do Chico Maia

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O Ministro da Saúde durou menos que Dudamel no cargo

Mais uma vez recorro à frase do Tom Jobim: “o Brasil não é para principiantes”.

É cômico e terrivelmente trágico.

Essa mensagem do Igor Duarte foi a primeira que recebi, imediatamente após o anúncio da renúncia do Ministro da Saúde:

“Teich durou no ministério menos do que o Dudamel no Galo. Pqp…  Aguarde o Osmar Trevas Terra Plana pra empilhar os corpos.”

***

Daí a pouco o Alexandre Simões, do Hoje em Dia, twittou:

@oalexsimoes “Mais um, e pede música no Fantástico!”

* Teich deixa o Ministério da Saúde antes de completar um mês no cargo

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/05/15/teich-deixa-o-ministerio-da-saude-antes-de-completar-um-mes-no-cargo.ghtml

Em foto da Agência Brasil, Nelson Teich há 28 dias, tomava posse no lugar de Mandetta

Cuidemo-nos e salve-se quem puder!


Dalai Rocha dá uma grande notícia para a torcida do Cruzeiro: R$ 20 milhões de dívidas na FIFA, a vencer agora, serão pagos

Um papo muito legal do presidente em exercício do Cruzeiro, Dr. Dalai Rocha, com Fernando Rocha, o grande jornalista, ex-Globo, cruzeirense desde que nasceu, e filho do Dr. Dalai. E uma grande notícia para a torcida azul, repercutida pelo Samuel Venâncio, da Itatiaia, no twitter dele: @samuelvenancio “Na live com @fernandoroch, Dalai Rocha disse que a dívida do Cruzeiro em ações na FIFA e pra vencer agora, chega aos R$20 milhões. Denílson (R$5 milhões), Willian (R$11 milhões) e Caicedo (R$4 milhões). Dalai disse que com muito esforço o Conselho Gestor vai conseguir pagar.”

A conversa agradou tanto que o Thiago Ferreira mandou essa mensagem no twiter: @PetruquioCec “Será que em algum cartório amanhã eu consigo agilizar a papelada pra adotar o Dalai como meu vô e o @fernandoroch como meu tio? Que família!”

Fernando Rocha com o filho Pedro, repórter da Globo Minas, dos melhores da nova geração de jornalistas.


Astrólogo previu em dezembro de 2019 um ótimo ano de 2020, para o Brasil principalmente

Além do futebol, os programas de TV deveriam resgatar agora os astrólogos e pais de santo com as suas previsões de toda virada de ano. Aqui, por exemplo, está o João Bidú, no Jornal do Comércio, de Baurú/SP, no dia 29 de dezembro de 2019, com ótimas notícias para todos nós em relação a 2020. E não é o mesmo que o Cruzeiro contratou para tirá-lo do rebaixamento no Brasileiro. Confira:

* “Novo ano promete ser mais leve, diz astrólogo”

João Bidu revela o que os astros reservam para o Brasil e para Bauru

A imagem do Brasil no Exterior deve melhorar, enquanto acordos comerciais devem trazer mudanças significativas e altamente positivas para a economia do país.

… “Setores ligados à moda, cosméticos, beleza, teatro, festas, shows e entretenimento terão lugar de destaque, alguns por resultados altamente positivos, outros por dificuldades financeiras ou problemas com imagem em função de fraudes, falhas graves nos produtos e acidentes, principalmente com fogo.

O sol deve garantir um 2020 mais leve do que o ano que passou, conforme previsão do astrólogo João Bidu. No encerramento de 2019, ele também revela o que os astros reservam para os rumos do Brasil e de Bauru e faz previsões para o presidente da República, Jair Bolsonaro…”

Bidu explica que o sol, regente de 2020, é a força astrológica mais poderosa e sinônimo de vitalidade, alegria, liderança e nobreza. Estrela de quinta grandeza, o astro governa Leão, abrigo do paraíso astral, que é considerada a Casa mais sortuda do Zodíaco. (mais…)


Quem ganha e quem perde com a mudança de três para cinco substituições em uma partida de futebol

Foto que fiz das torcidas de Brasil e Japão durante o jogo entre as duas seleções na Copa do Mundo da Alemanha em 2006, em Dortmund, pela fase de grupos. Foi 4 a 1 para o Brasil, de virada, com dois gols de Ronaldo, Juninho Pernambucano e Gilberto.

***

Para mim, de cara, o torcedor é o primeiro beneficiado, já que muitas implicações táticas serão envolvidas e os treinadores terão incontáveis oportunidades de inovar a partir de agora. Uma pena que fosse necessária uma tragédia Como essa Covid-19 para obrigar os cabeçudos da FIFA a mexerem em alguma coisa nas velhas e “nafiftalínicas” regras do futebol. Os jogos ficarão mais interessantes com variações de esquemas e fôlego renovado de um time em vários e imprevisíveis momentos, dependendo do placar e da cabeça dos respectivos treinadores.

E imaginar que até 1970 um time que tivesse um jogador machucado, terminava a partida com 10 ou com o coitado apenas figurando em campo. A partir da Copa do Mundo, daquele ano, no México, é que as substituições passaram a ser permitidas. Agora, com a possibilidade de cinco mexidas, os técnicos de times grandes, médios e pequenos poderão mostrar o seu talento tático ou a sua incompetência no ramo e fazer diferença. Veja essa interessante análise do comentarista/locutor Fernando Rocha, na coluna dele no Diário do Aço, de Ipatinga:

* “Perde e ganha”

A Fifa, através da International Board,   autorizou a CBF aumentar de 3 para 5 substituições nas futuras competições do país, sob a justificativa de preservar o estado físico dos jogadores no futebol pós-pandemia do Covid-19.

A partir de agora no mundo todo, os treinadores terão três janelas durante os 90 minutos para mexer nas equipes. Mas, quem irá ganhar com esta mudança, que mexe profundamente na dinâmica dos jogos de futebol?

A justificativa e o propósito é  válido , se considerarmos a intensidade dos jogos atualmente e,  também, a realidade do nosso calendário, onde se privilegia não a qualidade, mas a quantidade  cada vez maior de jogos e competições.

Embora o anúncio seja de que esta alteração é temporária, até o final de 2020, a impressão é de que vai acabar ficando como algo definitivo.

Não tenho ainda uma opinião formada sobre a mudança, mas uma coisa é certa: a meu juízo este aumento de 3 para 5 substituições irá beneficiar muito mais os chamados “grandes” clubes, por possuírem elencos mais encorpados e jogadores mais qualificados.

Claro, poderão oferecer maiores opções a fim de que seus treinadores  mexam nas equipes, quando as coisas não estiverem indo como o esperado, o que certamente fará aumentar ainda mais

a distância entre ricos e pobres.

  • Vamos imaginar o Flamengo, Palmeiras, Gremio, Internacional, Atlético, quando estiverem enfrentando um Fortaleza, um CSA; ou até mesmo o Cruzeiro jogando contra um Cuiabá pela Série B. Seus treinadores terão muito mais peças de qualidade à disposição do que os adversários, podendo alterar táticamente as equipes de acordo com suas necessidades.
  • Há também outro componente onde esse aumento das substituições trará maiores benefícios aos chamados clubes “grandes”: um jogador sondado pelo clube grande, onde não seria titular, pretendido também por um “médio” ou “pequeno”, onde teria maiores chances de jogar, ficará propenso a optar   pelo primeiro. Isto porque agora com o maior número de substituições, suas chances de jogar aumentam consideravelmente, agregando-se ao fator normal   de suspensões ou contusões dos titulares.
  • Mas se olharmos pelo ângulo do copo meio cheio, os treinadores dos  times de menor investimento terão  ao menos  a oportunidade de reoxigenar mais as suas equipes, para tentar resistir ou segurar o resultado. Até mesmo nos chamados “grandes”, um adepto de sistemas táticos que privilegiam em primeiro lugar a marcação, como por exemplo o técnico Mano Menezes,  a partir de agora vai poder segurar “goleadas” de 1 x 0, enchendo suas equipes de zagueiros e volantes de marcação.

* Por Fernando Rocha


As histórias e dificuldades da mineira, de Abaeté, Léa Campos, árbitra de futebol pioneira no mundo, reconhecida pela FIFA

Léa Campos (direita) em ação na década de 1970. Foto: www.museudofutebol.org.br/pagina/exposicoes-virtuais

Tive a satisfação de conhecê-la nos meus primeiros tempos de Rádio Capital no início dos anos 1980., apresentado pelo então Secretário Geral da Federação Mineira de Futebol, o saudoso Elmer Guilherme. Ela e o Marco Antônio Bruck (Rádio Itatiaia), na época também da Capital, disputavam quem contava mais casos e provocada mais risadas na sala do Elmer. Uma mulher forte, determinada e corajosa. Vive atualmente nos Estados Unidos, passando apertos como o mundo inteiro, em função da Covid-19.

No dia 27 de abril ela concedeu ótima entrevista à Renata Ruel, do portal da ESPN:

* “Primeira árbitra do mundo, brasileira Léa Campos passa necessidade e pede ajuda”

A arbitragem feminina, assim como o futebol feminino, vem de uma história de luta, preconceito, determinação. Não se pode falar de mulher na arbitragem sem citar Asaléa de Campos Fornero Medina, conhecida historicamente por “Léa Campos”. Ela simplesmente foi a primeira mulher reconhecida pela FIFA, no mundo, como árbitra de futebol. Nascida em 1945 na cidade de Abaeté, Minas Gerais, graduada em educação física e jornalismo, Léa também lutou Boxe e atualmente mora nos Estados Unidos, fez parte do quadro da FIFA entre os anos de 1971 e 1974.

Com a pandemia do COVID-19 muitas pessoas estão passando por dificuldades e não somente no Brasil. Léa e o marido, Luiz Medina que está com câncer, estão sem poder trabalhar com o isolamento social, foram despejados do apartamento que moravam e momentaneamente vivendo em um quartinho na casa de uns amigos, porém brevemente pode ser que precisem deixa-lo, pois o filho dos amigos deve retornar.

Léa, agora com 75 anos e usando um colar cervical, pois há pouco tempo cai e precisou ser socorrida de ambulância, está pedindo ajuda financeira para os colegas da arbitragem e do futebol.

Os árbitros e dirigentes resolveram fazer uma campanha junto com uma “vaquinha” para poder ajudar a grande pioneira da arbitragem feminina no Brasil e no mundo.

Ao conversar com a Léa pelo WhatsApp e perguntar como está a situação dela e do marido, a resposta foi:

“Bem difícil. O dono do apartamento trabalha na mesma empresa que meu esposo trabalha. Ficou acertado que assim que normalizar vamos pagar a ele. Nossa alimentação e comprada por nós. O governo americano deu uma ajuda financeira à todos que perderam o emprego. Mas é incômodo a liberdade nunca é a mesma. Com a campanha que as árbitras e árbitros estão fazendo para arrecadar dinheiro vamos sair dessa se Deus quiser e Ele quer.”

Léa ainda agradece toda a mobilização para ajuda-la e fica feliz com o espaço ocupado pelas mulheres no futebol e na mídia. (mais…)


Português que ousou cutucar a grande lavanderia do futebol deixa a cadeia, graças à Covid-19

O hacker Rui Pinto (direita), em foto do www.geracaobenfica.blogspot.com/2019/01/escandalo-hacker-rui-pinto-quer.html

Nunca consegui compreender os valores absurdos das transações e salários do futebol. Sempre acreditei que este meio é uma grande fonte de lavagem de dinheiro. Mas, como jogador de futebol é considerado “artista”, o seu valor é subjetivo, estimativo, tanto para compra e venda quanto em termos salariais. Não é à toa que alguns dos maiores conglomerados financeiros do mundo e pessoas físicas ricas, das mais variadas atividades econômicas, entraram de sola no mercado do futebol e passaram a controlar clubes, federações, confederações e carreiras de atletas. A “profissionalização” da FIFA, na “era João Havelange” a partir de 1974 abriu este caminho. Até então o futebol vivia um amadorismo sofisticado e seguia o lema Olímpico inventado pelo criador dos Jogos modernos, o francês Pierre de Coubertin, em Londres 1908: o importante é competir.

A partir dos anos 1980 a Europa começou importar em grande quantidade os melhores jogadores de futebol do Brasil, da África e de onde mais houvesse um craque, ou promessa. Dos anos 1990 para cá os valores foram aumentando de forma inacreditável. Em fevereiro deste ano jornal francês “L’Équipe”, informou que Messi é o mais bem pago atualmente: 8,3 milhões de euros/mês ou R$ 52,2 milhões. Seguido por Cristiano Ronaldo, E$ 4,5 milhões (R$ 28,3 milhões) e Neymar E$ 3 milhões (R$ 18,8 milhões). É até difícil imaginar, mas é verdade. Os salários dos treinadores são mais “modestos”. O também argentino Simeone, do Atlético de Madri, encabeça a lista com E$ 3,6 milhões (R$ 22,6 milhões), seguido por Guardiola (Manchester City), com E$ 1,94 milhão (R$ 12,2 milhões), José Mourinho (Tottenham) e Jurgen Klopp (Liverpool), E$ 1,46 (R$ 9,1 milhões).

Nessa “cadeia produtiva”, de critérios e definição de valores, sobra para intermediários, empresários e associados de todo tipo e forma, numa engenharia impossível de ser desvendada, pois há interesses inconfessáveis de múltiplas ordens para se esconder, começando pelo fisco de cada país envolvido. Normalmente estes números são protegidos por uma cláusula simples, de quase todo contrato: confidencialidade.

Só quebrados quando há algum desentendimento entre as muitas partes ou aparece algum gênio dos computadores que consegue entrar nas contas dos envolvidos e espalha as informações mundo afora. São os malditos (para este grupo de privilegiados) hackers, que complicam a vida da maioria e os obrigam a se explicar e muitas vezes devolver dinheiro ou fazer acordos com os governos. O mais famoso do momento, é Rui Pinto, um português de 21 anos de idade, que acaba de ser beneficiado com prisão domiciliar. Estava numa cadeia de Lisboa, preventivamente, mas a Justiça o mandou para um apartamento, por causa da pandemia Covid-19. Rui corre o risco de tomar 30 anos de cadeia. Ele enfrenta a ira dos maiores graúdos do futebol mundial que se juntam nestes momentos para acabar com a vida de quem ousa tocar ou denunciar os interesses maiores deles.

Reportagem do Uol do dia 3 de maio, conta um pouco dessa história:

* “Hacker que expôs clubes deixa prisão e quer ser visto como colaborador” (mais…)


Pelo menos uma notícia animadora em tempos de pandemia: a lista de dispensas do Atlético

Em foto do Bruno Cantini/Atlético, Ricardo Oliveira, que foi útil no primeiro ano no Galo, mas, agora, aos 40 anos de idade, impossível atuar em alto rendimento.

***

Tradicional comentarista e colaborador do blog, o professor de pintura, ilustrador e chargista Márcio Luiz Rodrigues escreveu:

* “Boa noite, correligionário alvinegro!

… nem só de pandemia vive o homem.

Em meio a tanta escuridão e incertezas, uma certeza que se traduz em uma notícia EXCELENTE para a Massa Alvinegra: a lista de dispensa do Sampaoli, que é encabeçada por ninguém mais ninguém menos do que o “intocável” Ricardo Oliveira. Seguida por Di Santo e outros menos votados…

Só faltou, na minha opinião, o Fábio Santos.

Espero um destaque seu neste assunto lá no seu sempre democrático Blog.

Grande abraço. GAAAALOOOOOOOO!!!!!!!”

* Márcio Luiz Rodrigues

***

A lista completa:

Ricardo Oliveira, Di Santo, Edinho, Zé Welison, Ramon Martínez, Lucas Hernandez e Cleiton.

Entendo que ficou de bom tamanho.  Gostei da manutenção do Fábio Santos, que ainda tem gás para mais uma temporada no Galo, para compor o grupo.

Pelo que li nas diversas redes sociais a dispensa mais comemorada foi a do Ricardo Oliveira, cujos lobistas chegaram a plantar a informação de que o Sampaoli o manteria no elenco.


Saudade dos bares. O mundo sem bar, “É um mundo sem amor ao próximo”

No antigo Bar da Rosinha (hoje, Radiola Disco Bar) os irmãos Grilo e Renato (da banda Zé da Guiomar) em Conceição do Mato Dentro.

Diz Milton que “… Certas canções que ouço
Cabem tão dentro de mim
Que perguntar carece
Como não fui eu que fiz…”

Pois é! Volta e meia me bate este sentimento quando leio algo genial, como esta crônica do Gilberto Amendola, no Estadão, dia 4. Sempre ótimo Gilberto. Aproveito para matar saudade e recomendar alguns dos melhores lugares que conheço na vida, para quando passar essa pandemia,voltarmos a encher a cara com todos os “chás com torradas possíveis”.

* “Um mundo sem bar”

Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”. 

Eu não quero viver em um mundo sem bar. Não sei qual vai ser o novo normal depois do fim da quarentena, mas, definitivamente, não quero viver em um mundo sem bar.

Não é pelo álcool, acreditem. Se fosse só por beber, ficaria em casa com meu estoque de garrafinhas. Não tem nada a ver com porres, ressacas ou qualquer comportamento autodestrutivo.

Ao contrário, amigos. Bar é a celebração da vida, do amor, da inteligência e do companheirismo. No final da linha evolutiva traçada por Darwin, podem apostar, o que se vê é um homem sentado no balcão de um bar, tomando sua cervejinha em paz.

Sem bar, o que nos resta é o meteoro (ou a pandemia).

Bar é igreja, startup, salão de beleza, consultório psiquiátrico, UTI, SUS, ONU, OMS… Bar é meio ambiente, Ministério da Cultura, Economia, Educação, Justiça e Direitos Humanos.

O bar é a arena das nossas maiores emoções. Bar é o consolo de quem perdeu. O pódio dos campeões. E o olimpo de quem não quer competir.

Sou um sujeito adaptável. Posso viver sem muitas coisas. Abro mão de quase tudo que possa resultar na aglomeração de seres humanos e, consequentemente, facilitar a disseminação da nojenta da covid-19. Ou seja, estádios de futebol, festivais de música e clubes de swing não mais contarão com a minha presença pelo tempo determinado pelas autoridades.

Mas um mundo sem bar é um mundo pior.

É um mundo sem happy hour, sem aquela olhadinha para o relógio perto do fim do expediente, sem a gravata frouxa e torta no pescoço, sem aquele suspiro de alívio ao se aboletar em um banco e encostar os cotovelos no balcão.

Um mundo sem balcão de bar é um mundo muito pior. É um mundo sem a nossa tábua de salvação, sem a lousa em que rabiscamos projetos, fugas e desastrados sonetos de (des)amor.

Eu não quero viver em um mundo sem bolovo, shot de Cynar, caipirinha, dry martini ou negroni. Não quero viver em um mundo sem amendoim, porção de azeitona ou pururuca. Eu não quero viver em um mundo sem saideira. Eu não quero viver em um mundo em que eu não possa desenhar no ar aquele gesto universal que, em qualquer idioma, significa “fecha a conta, por favor”.

Um mundo sem bar é um mundo sem as melhores pessoas. Como deve ser ruim um mundo em que nenhum garçom nos chame pelo nome, em que nenhum bartender saiba qual o nosso coquetel preferido, em que nenhuma musa nos lance um olhar de desprezo ao deixar o recinto com o cara errado.

Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.

Vai por mim! Mesmo que esse próximo esteja na mesa ao lado falando bobagens, contando mentiras ou piadas ruins, ele também será digno desse sublime amor de bar. Mesmo que seja um mala, um inconveniente, alguém exaustivamente alegre ou infeliz como um cactos, ele sempre será digno do infinito amor de bar.

No bar, todo desconhecido ganha um voto de confiança imediato. Todo estranho confirma Rousseau – e é bom por natureza.

O bar é a nossa maior invenção. É a nossa alma coletiva. Nosso colo de mãe. Bares funcionam como postos de abastecimento da humanidade.

– Enche aí meu coração com sua melhor gasolina aditivada de alma.

Um brinde, saúde! 

Eu não quero viver em um mundo sem bar.

Quando tudo isso passar, vou sair de casa e ir direto para um balcão. Quem puder que me siga. 

https://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,cronica-de-sp-um-mundo-sem-bar,70003289806

Rua da Quitanda, em Diamantina: à direita está A Baiúca, do Braga e Emilio, um dos mais agradáveis bares do mundo.


“É justo falar de futebol?” Homenagem à imprensa voltada ao esporte, que está se virando para não deixar a bola parar

O cineasta Ugo Giorgetti assina coluna no Estadão e dedicou a do dia 26 de abril aos repórteres e comentaristas que cobrem o esporte, futebol principalmente, e que estão fazendo das tripas coração para manter os noticiários em dia e garantir audiência. Realmente, não está fácil para ninguém.

Giorgetti é o produtor dos filmes “Boleiros – Era uma Vez o Futebol…” de 1998 e “Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos” de 2004, muito bons, que abordam os bastidores e o submundo  do futebol. Sempre atuais.

Confira essa ótima reflexão dele sobre as conseqüências da Convid-19, também na vida de quem vive do esporte:

* “É justo falar de futebol?”

Esporte deve seguir por conta dos profissionais que trabalham com ele e famílias que ajuda a sustentar

A pergunta do título é relevante na medida em que se agravam os problemas que assolam o país. Quem vai se ocupar de futebol, quando o coronavírus é uma fonte de angústia permanente, na medida em que não se sabe bem o que está acontecendo? O que se sabe é que entrou um novo ministro, que “precisa de tempo” para poder agir. E a mortalidade parece aumentar. Ou não? Também ninguém consegue informar precisamente.

A política vive assombrada pelos porões do Planalto, que viveu na sexta-feira seu lance mais dramático com o desabafo público, de 40 minutos, no qual o ministro que supostamente dava o aval moral a este governo se retira exatamente denunciando problemas morais. São essas bombas explodindo sucessivamente que dão razão à pergunta: vale a pena falar de futebol hoje?

Sim vale, por um motivo não tão difícil de compreender. Há muita gente que depende do futebol para viver e não pode parar. Não tem o direito de parar se quiser levar pra casa o que resta dos salários. Me refiro a uma verdadeira legião de cronistas, repórteres, jornalistas especializados, que compõem um vasto campo dedicado a divulgar o futebol. Apesar de estar escrevendo sobre futebol há muitos anos, ainda não me considero um deles. Não tenho esse direito, porque minha profissão é outra, mas todo esse tempo fez com que eu, de alguma forma me aproximasse deles, fizesse amigos, mesmo distantes. Amizade forjada mais pelo gosto em comum do futebol do que pela frequência constante.

Aprendi e admirar essa grande quantidade de profissionais que surgiram nas últimas décadas, gente que faz do futebol realmente sua profissão. Havia isso no passado. Cronistas, críticos, narradores sempre existiram e eram bons. Só que não eram muitos e sempre me pareceu que uma boa parte exercia concomitantemente outras profissões que completavam seus orçamentos. Gente que se dedica em tempo integral, que estuda, pesquisa, viaja, acorda pensando futebol e vai dormir pensando futebol é coisa bem mais recente. Às vezes, como sou de uma geração muito anterior, me irritam e discordo. Mas respeito, talvez pelo velho hábito de admirar o esforço de estudar e de saber.

É a eles que dedico esta coluna. A esses profissionais que pela primeira vez em suas vidas viram o chão lhes faltar porque lhes falta o futebol. E nem assim se rendem. Falando e debatendo de suas casas, com som precário, imagem sem qualquer confiabilidade, falam de futebol. Ou de esportes. Dá para ler em seus rostos a preocupação e a dificuldade de superar esse momento, mas não pararam. Faço questão de ouvi-los e vê-los, essa é minha forma de solidariedade.

Vejo naquelas falas interrompidas e entrecortadas, cuja imagem é tão precária que quase não os reconheço, uma forma de resistência notável e do amor ao que fazem. Há uma aflitiva espera na expressão de cada um. Uma espera do dia em que as coisas vão voltar ao normal. Será que voltarão? Qual será o normal da volta, tão ansiada? Criar notícia da não notícia, debater num deserto de silêncio, opinar quando mal se compreende o que falam.

A atitude dessa geração de comentaristas de futebol, acrescida de alguns craques do passado, é uma forma de resistência clara a um desmando, tanto da natureza, como da vileza dos homens, uma forma de permanecer em pé. Não importa se o equipamento não é o mais adequado, importa que esteja funcionando. É um momento em que o conforto pessoal e o esmero técnico passa a não ter nenhuma importância.

O que vale é o gesto. E é importante para todos os espectadores verem que seus comentaristas estão lá como uma resposta adequada a tempos tão terríveis. Se o futebol, graças a essa turma de jornalistas, está vivo apesar de sequer existir, se continua, mesmo sem ninguém em campo, por que não o País? Por isso vale a pena falar de futebol.

Hugo Giorgetti em foto do www.fiesp.com.br/noticias/Julia Moraes

https://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,e-justo-falar-de-futebol,70003283150


E tem gente que quer retornar com os jogos, já: “Flamengo faz testes e confirma 38 casos positivos de coronavírus no clube…”

Técnico Jorge Jesus, em foto de Marcelo Cortes/Flamengo

Eu, hein!?

Do site do ESPN:

* “… três são jogadores”

Flamengo divulgou no fim da noite desta quarta-feira, em nota oficial, que três jogadores do elenco principal testaram positivo para o novo coronavírus. Os nomes dos atletas foram mantidos em sigilo pelo clube. Os três fazem parte de um grupo de 38 infectados, de acordo com exames realizados pelo Flamengo entre 30 de abril e 3 de maio. O clube testou 293 pessoas, desde funcionários diretamente ligados ao dia a dia até familiares e pessoas próximas aos jogadores.

A relação dos que testaram positivo para o novo coronavírus tem seis funcionários do grupo de apoio, dois terceirizados que prestam serviços ao clube regularmente e 25 familiares ou funcionários de jogadores, além de dois atletas que apresentaram anticorpos positivos.

Agora, por determinação do Flamengo, os atletas que tiveram contato com familiares e funcionários infectados entrarão em quarentena. Eles terão acompanhamento diário da comissão técnica do clube e farão novos testes para serem reintegrados aos trabalhos. https://www.espn.com.br/futebol/artigo/_/id/6919515/flamengo-faz-testes-e-confirma-38-casos-positivos-de-coronavirus-no-clube-tres-sao-jogadores