Blog do Chico Maia

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A supremacia europeia no futebol mundial e a decadência óbvia da América do Sul

Boa parte da imprensa está “alarmada” com o fato de os europeus dominarem completamente a cena das últimas Copas e que pela quarta vez consecutiva uma seleção do velho continente ser campeão. Ora, ora. queriam o quê? Eles, cada vez mais organizados e por consequência endinheirados. A América do Sul com a esculhambação costumeira, cheia de ladrões e incompetentes no comando das entidades nacionais e Conmebol. Um punhado  na cadeia, outros que não podem pisar num aeroporto internacional, outros eliminados do esporte e por aí vai.

Lamentei a eliminação da Rússia, mas há de se reconhecer que a Croácia é melhor e que era esperada a classificação dela no tempo normal e não na prorrogação ou pênaltis. O time russo cresceu com a força da torcida durante a competição e ontem fez uma belíssima partida neste 1 a 1 com os croatas, que têm mais talentos individuais.

No outro jogo das quartas, gostei do retorno da Inglaterra à prateleira de cima do futebol mundial. Demorou. Time muito bem treinado e se jogar contra a Croácia o que vem jogando deverá decidir o título contra a França ou Bélgica. Aí será uma parada torta. Não sei quem é melhor. Certamente será um jogão.

A Croácia em ótimo momento.


O pereba do Ricardo Dequech e a volta dos jogadores brasileiros para casa: Barcelona, Madrid, Paris, Roma, Milão, Liverpool…

A coluna do Marcos Caldeira, d’O TREM ITABIRANO: 

* (A Eurocopa do Mundo vista do meu sofá)

PASSEI O DIA PENSANDO SE DEVIA INVEJAR UM AMIGO

CUJO CORAÇÃO NÃO FOI SEDUZIDO PELO FUTEBOL

(O chapéu francês do Castor de Andrade itabirano)

O que faz uma pessoa gostar de futebol e outra não? A taça do mundo vale mais do que a vida do nosso gato? Não será mais feliz aquele cujo coração não foi seduzido pelo ludopédio, posto que todo time, mesmo um grande papa-títulos, sempre perderá mais do que vencerá? A seleção brasileira, recordista de triunfos em copas, é ótimo exemplo: conquistou cinco, mas perdeu dezesseis. Assim, refletindo sobre os assuntos mais importantes na história do homem, passei o sábado calamitoso, e cogitei se devia invejar um amigo de sempre que tocou no assunto futebol comigo apenas uma única vez na vida: “Esse Reinaldo de quem você vive falando, chamando de gênio da bola, jogou em qual time?” Para tentar dar uma quebrada na amargura da Eurocopa do Mundo, relembrei casos do esporte amador de Itabira. Divido dois com o leitor.

O TENISTA-SUPERINTENDENTE DA EMPRESA VALE

Chefe-mor da empresa Vale em Itabira na década de 1990, Ricardo Dequech gostava de jogar tênis e quando chegava à quadra principal da Vila Técnica Conceição, onde morava, quem lá estivesse espancando a bolinha tinha de ceder imediatamente o espaço para o todo-poderoso raquetar. Não esperava match point, um segundinho só, última jogada, nada. Chegou, nem precisava pedir licença, era tudo dele, convencionou-se que seria sempre assim. Ia luzidio, equipadão, só material profissional, como se fosse disputar uma final em Roland Garros, porém, era um pereba no ofício de John McEnroe, e todo aquele paramento destoava demais de sua inabilidade. De esporte para outro, parecia um Eric Moussambani, atleta equato-guineense que não nadava direito, mas disputou os 100 metros livres nas Olimpíadas de Sidney e entrou para a história como herói olímpico da piedade universal. Ricardo Dequech errava bolas fáceis, desferia golpes no vácuo, às vezes até se estabacava no chão. Apesar do destalento, ousava enfrentar funcionários da Vale que praticavam tênis desde 10, 15 anos e tinham a agilidade dos que se empenham. O tenista-superintendente nunca perdeu um jogo na Vila Técnica Conceição…

O CHAPÉU FRANCÊS DO CASTOR DE ANDRADE ITABIRANO

Jogo do bicho, carnaval, futebol, política, zona, carteado… Múltiplas atividades fizeram de José dos Santos Cruz, Sô Zinho, um dos homens mais populares de Itabira nas décadas finais do século XX. Um Castor de Andrade itabirano, tipão mesmo. A um repórter que quis saber por que quase não pedia a palavra nas sessões da câmara, em que vereava, respondeu sem circunlóquio: “Falo pouco para errar pouco”. Apreciador de chapéus, como criança em 25 de dezembro ficou ao receber uma caixa com doze, vinda da França. Sempre exibia-os na sede do clube amador que presidia, o São Cristóvão, ainda na rua Salvino Pascoal. Um amigo agradou tanto dos chapéus de Sô Zinho que este só teve sossego quando topou lhe vender um. Comprou e desfalcou a coleção parisiense, mas não pagou. Meses depois, Sô Zinho estava na sede do São Cristóvão quando o devedor desceu a Salvino Pascoal, com o chapéu. Prudente, achou melhor não passar defronte da sede com o acessório no crânio e o ocultou. Um funcionário do São Cristóvão, que limpava troféus, flagrou o movimento: “Olha lá, Sô Zinho, o senhor está com a moral tão alta que as pessoas, quando passam aqui na frente, até tiram o chapéu em sinal de respeito”.

OS BRASILEIROS VOLTAM PARA CASA

Eliminados, os jogadores brasileiros começam a voltar para casa: Barcelona, Madrid, Paris, Roma, Milão, Liverpool…

SIM, TEVE JOGO DA EUROCOPA DO MUNDO HOJE

A Inglaterra venceu a Suécia por 2 a 0. A Croácia tirou a Rússia nos pênaltis. Vi os dois jogos.

O TREM ITABIRANO


Prá onde ir? A grande aventura por passagens e hospedagem a partir das oitavas de final

Ecos do passado: a partir das oitavas de final ninguém tem certeza do destino da seleção de sua preferência. Onde vai jogar ou se voltará pra casa. A busca por meios de transporte e hospedagem vira uma loucura, na base do salve-se quem puder. Em 2006, na Alemanha, o repórter fotográfico Eugênio Sávio (esq.) conseguiu um apartamento em Colônia que só tinha um quarto e uma cama. Eu e o Rono Neves (centro, um dos maiores supermercadistas do país), fomos hóspedes dele e compramos colchões “genéricos” para improvisá-los como camas. Rono tinha todas as mordomias 5 estrelas oferecidas pelo seus maiores fornecedores, mas preferiu levar vida de repórter conosco naquela Copa. E dos bons.

A seleção caiu também nas quartas de final, em Frankfurt, contra a França de Zidane e cia.


Essa bobagem da FIFA precisa ter a sua revolução francesa

A coluna do Marcos Caldeira, d’O Trem Itabirano, com foto da revista Veja:

* A Fifa leva a sério esta besteira: só campeões mundiais, ex-campeões mundiais e chefes de estado podem tocar na taça da Copa do Mundo, esculpida pelo italiano Silvio Gazzaniga. Quer dizer que um tirano sanguinário pode meter suas mãos imundas no troféu, mas não um torcedor honesto, correto cidadão, uma pessoa da paz, apaixonada pelo futebol. Faz lembrar aquelas práticas ridículas de antigas monarquias, uma extravagância, excentricidade anacrônica. Precisa sofrer logo a sua Revolução Francesa. Algum Robespierre por aí?

CLÉBER MACHADO: O FUTURO PELA FRENTE

“O francês Mbappé possui um futuro grande pela frente.” Tem direito de falar isso para dezenas de milhões de pessoas um narrador que trabalha em meio de comunicação grandão como a TV Globo, ou o cujo tem obrigação de saber que futuro é sempre pela frente? Resolva o leitor, abstenho-me. Apenas informarei que a frase foi dita na abertura de Uruguai x França, hoje, e pertence a Cléber Machado.

O FUTEBOL É A COISA MAIS BESTA QUE HÁ

(Não entendo por que tanta gente perde tempo com isso) (mais…)


A Bélgica tem mais time, foi melhor e a classificação é incontestável

Realmente o time dirigido pelo espanhol Roberto Martinez, é excelente. Diferentemente do jogo contra o Japão, quando entrou relaxado e excessivamente autoconfiante, contra o Brasil o respeito foi absoluto e a atenção foi total do primeiro ao último minuto.

O time tem uma sintonia impressionante e nesta vitória destaque especial para três jogadores, pela ordem: o baixinho, meia Eden Hazard (que joga no Chelsea), tomou conta do meio campo; o gigante, rápido e habilidoso Lukaku e o goleiro, também gigante, com seu 1,99 de altura, goleiro Courtois, com defesas sensacionais principalmente no primeiro tempo. Lukaku foi fundamental nos gols no primeiro tempo. Faz lembrar o ex-jogador Adriano para abrir espaços, jogar sem a bola atraindo a marcação para si. Até no tamanho são parecidos. O brasileiro mede 1,89 e o bela 1,91.

O Brasil não foi mal, mas enfrentou adversário superior. Nas poucas vezes em que isso ocorreu na “era” Tite, os jogadores acima da média fizeram diferença e o time venceu ou empatou. Hoje, Neymar e companhia não deram conta e a esta altura a delegação já está tomando as providências para o retorno à casa. A soberba, como sempre, também pesou. Tite e jogadores até tentavam disfarçar, mas tinham certeza que estariam decidindo o título semana que vem no Estádio Luznhiki, restando saber quem seria o adversário. Sem falar na imprensa, né? O oba-oba e ufanismo, especialmente da turma do Rio e São Paulo era de dar medo. Coisa de doido. Fica o consolo de que não sendo campeão do mundo as mazelas da CBF e cia., não ficam escondidas debaixo do tapete. A conquista do penta em 2002 deu sobrevida de mais pelo menos 12 anos a Ricardo Teixeira e amigos.

Aliás, os belgas comemoram também uma forra daquela Copa do Japão/Coréia, em que foram eliminados pelo Brasil nas oitavas de final, com participação direta do árbitro jamaicano Peter Prendergast, que anulou, escandalosamente, um gol legítimo deles, aos 35 minutos do primeiro tempo, na cidade de Kobe/Japão. Foi tão feio que o apitador reconheceu o erro e pediu desculpas depois, mas o Brasil venceu e foi campeão na sequência. Tempos em que o ex-sogro do Ricardo Teixeira, João Havelange, ainda mandava e muito na FIFA.


Uma pena que o Uruguai não tenha conseguido jogar nada do que jogou nas partidas anteriores

Acabou se tornando uma presa fácil para a França, que tinha um meio de campo bem melhor e ali dominou as ações e ganhou o jogo. Independentemente da falha do bom goleiro Muslera, a vitória francesa se desenhou desde o início, já que o time uruguaio não conseguia nem sair jogando. Cavani fez muita falta. Suarez jogou totalmente isolado e no único perigo de gol sofrido pela França, o goleiro Lhoris fez uma defesa espetacular, defendendo uma cabeçada no canteiro direito, do lateral Cáceres. A única.

O time francês, bem dirigido pelo Didier Deschamps (campeão mundial em 1998, como volante), mostrou futebol coletivo o tempo todo. Se a jovem estrela Mbapee foi bem marcado e pouco apareceu, Griezmann fez a parte dele e foi o destaque, com o passe para o primeiro gol e o chute que originou o frango do Muslera no segundo.

Destaque também para a emoção do zagueiro Gimenez, que ao ver que a vaca já tinha ido pro brejo, com 2 a 0, faltando um minuto para acabar o tempo regulamentar, desandou a chorar, mas não desanimou e foi tentar marcar gol de cabeça na área francesa.


Eliminações mais sentidas da Copa: Peru pelos piadistas e torceddores; comércio russo chora pelos mexicanos

A gente sempre torce por uma das seleções em campo, com mais ou menos intensidade, pelas mais diversas razões. Normalmente torço pelas nossas, latino-americanas, e o Uruguai é quem mais está dando gosto assistir. Foi triste ver uma Colômbia dando adeus, ainda mais da forma como foi. Mas a volta pra casa mais sentida para quem tem convivido nas ruas com torcedores de todas as 32 seleções foi a do Peru. Que povo alegre e simpático! Torcedores presentes em uma quantidade impressionante. Parecia que depois de três décadas longe da Copa queriam tirar o atraso, mas o time não ajudou. Mesmo jogando um futebol vistoso, saiu na primeira fase. Mas tem peruano demais por aqui ainda, em todos os jogos e cidades sedes. A maioria adquiriu pacotes até as quartas de final e passou a fazer turismo depois que Guerrero e cia., voltaram pra casa. Os fazedores de piadas com a palavra peru também lamentaram, porque perderam um bom mote. Aliás, piadas bem velhas e fraquinhas.

A economia, com destaque para o comércio da Rússia lamentou mesmo foi a eliminação México. Aliás, a lamentação foi geral desde que ficou definido que os mexicanos enfrentariam o Brasil nas oitavas, já que ali estava decretada, possivelmente, a despedida deles da Copa. Além de animados e muito gentis os mexicanos lotaram o país da Copa, sendo a maior torcida latino-americana presente. E dos que mais gastam, sem dó.

As autoridades do turismo russo informam que mais de 80 mil deles vieram, registrados pelo “FAN ID”, a identidade, espécie de passaporte para todos que estão aqui para torcer para alguma seleção nesta Copa. E os mexicanos já tinham uma frase na ponta da língua para a previsível eliminação: “este México x Brasil será uma final antecipada do Mundial”. Coisa de torcedor mesmo, já que o time deles era apenas muito guerreiro, inferior tecnicamente à maioria de quem avançou às quartas de final.


Ex-jogadores continuam ganhando uma boa grana com a Copa do Mundo

Diz o velho ditado que “quem faz fama deita na cama”. E nem precisa ter sido campeão do mundo para ganhar bons cachês e ser convidado VIP em futuras Copas.

Caso do ex-goleiro português Vitor Baía (direita), e dos campeões do mundo, o também goleiro, da Espanha, Casillas, do lateral Roberto Carlos e do ex-zagueiro francês, Marcel Desailly, que estão em painéis gigantes das Fan-Fest espalhadas pela Rússia.


“Guerra mundial é uma coisa muito, muito, muito terrível para os povos: porque cancela a Copa do Mundo”

Parece Drumond, mas não é!. Apenas uma homenagem ao grande poeta e à terra dele, Itabira. Durante uma caminhada em Moscou, vi essa escultura em ferro, me lembrei de Minas, parei e fotografei. Aqui não quebram os óculos e nem picham os homenageados,

Não só as personalidades militares e políticas são cultuadas por meio de estátuas e belíssimas esculturas na Rússia. Em todas as cidades, em incontáveis locais públicos, obras de arte homenageiam artistas e professores, como este, que faz lembrar Carlos Drumond de Andrade, em frente a uma Universidade de Moscou.

***

Por falar em itabiranos, aqui está a imperdível coluna do Marcos Caldeira, do d’O Trem Itabirano:

* (A copa vista do meu sofá)

A REDAÇÃO DE ANINHA: COPA E GUERRA MUNDIAL

No intervalo de Suécia x Suíça, a patroa perguntou se era possível falar comigo sobre assunto sério. Concordei, claro: “Mas aproveite enquanto a TV passa comerciais, pois, embora o primeiro tempo não tenha sido lá essas coisas, quero ver os melhores momentos”. Avisou-me que a psicóloga da escola de Aninha quer reunião conosco, informou estar preocupada com o que a menina tem escrito nas tarefas e me mostrou uma redação. Li o trecho manchado com marca-texto – apressadamente, suíços e suecos já voltavam dos vestiários – e não captei a apreensão. Não há palavra errada, a pontuação está certinha, as vírgulas bem colocadas, tudo perfeito, a menina é estudiosa – influência, modéstia à parte, minha. “Guerra mundial é uma coisa muito, muito, muito terrível para os povos”, escreveu Aninha, em linda letra: “Porque cancela a Copa do Mundo”.

EXÓTICAS SUÍÇA E SUÉCIA, ONDE AS PESSOAS TÊM O ESQUISITO HÁBITO DE ANDAR NAS RUAS

O primeiro tempo de Suíça x Suécia, clássico da qualidade de vida, derby do IDH, me lembrou que essa vaga para as quartas de final poderia ser disputada num Holanda x Itália, ausentes da copa. Chute suíço que abalroou um microfone peludo, tipo cãozinho de madame, foi o lance mais emocionante. Na segunda etapa, a seleção com mais história em copas fez um gol, não tomou e se garantiu, para alegria de dezenas de Sharon Stone no estádio de São Petersburgo. Países exóticos ambos, seus habitantes têm o hábito estranho, muito estranho, de andar nas ruas…

O JOGADOR CUJA MÃE FOI COLOCADA NO MEIO

Vinte e duas horas antes da partida contra a Suécia, um atleta suíço recebeu telefonema informando que seu primeiro filho nasceria hoje a qualquer momento, podendo até ser durante o jogo. Os companheiros de time perguntaram se ele queria voltar para casa, ficar ao lado da mulher e viver a quente o momento único na vida de um homem. “Se quiser ir, vá tranquilo, vamos nos empenhar ao máximo para levar nossa seleção às quartas de final. Você sempre quis muito esse filho, entenderemos perfeitamente”, disse o capitão, obtendo unânime concordância. “A gente só tem o primeiro filho uma vez”, acaciou um lá, no meio da roda. O futuríssimo papai ficou bravo e, em voz alta e nervosa, respondeu: “Gosto muito de todos aqui, somos um só, uma equipe, uma família, mas não vou aceitar vocês se desfazendo da velha, insinuando que ela não tem capacidade, organização, solidariedade e amor no coração para cuidar da minha esposa na hora do parto. Aceito tudo nesta vida, menos que falem mal da minha santa mãezinha”. Acabou o assunto ali, um amarrou a chuteira, outro ajeitou o meião, um terceiro ajustou a caneleira e todos foram treinar.

BACCA ERROU PÊNALTI E A COLÔMBIA FOI PRO BREJO

Muita correria e pouco futebol, com os súditos de Elizabeth 2ª melhores, não tanto. Assim foi o primeiro tempo de Colômbia x Inglaterra. No início da segunda etapa, Carlos Sánchez, que fez pênalti tolo contra o Japão e ainda foi expulso com três minutos de jogo, voltou a cometer bobagem: enroscou-se com um inglês em sua área, sem nenhuma necessidade de agir assim, e o árbitro assinalou a falta máxima. Harry Kane bateu, 1 a 0. Os sul-americanos jogavam mal, nada indicava empate, mas isso é futebol, amigo, e nos acréscimos, quando colombianos já perguntavam quando seria o próximo voo para Bogotá, o meia Mateus Uribe – nome de antigo e bom jogador peruano – deu um chute maravilhoso para o gol. Pickford defendeu, mas cedeu escanteio. Batido, o zagueiro Mina meteu a cabeça na bola, empatou e levou a peleja para a prorrogação, que teve a Colômbia melhor no primeiro tempo, não tanto, e a Inglaterra melhor na segunda etapa, não tanto. Sem gol, pênaltis. Nas cobranças, foram empatando, mas no final o atacante Bacca errou, um conterrâneo de Alfred Hitchcock acertou e a pátria de Gabriel García Márquez foi pro brejo, ou para Macondo. Cem anos de solidão, colombianos, até o próximo mundial.

Por Marcos Caldeira d’O TREM ITABIRANO


Imperdível: a “bombástica” entrevista do Kleber Machado com o Júnior, ex- Flamengo, na Globo

* Recebi a foto por e-mail e adoraria saber onde é e quem é o autor, para dar o crédito.

Está na também imperdível coluna do Marcos Caldeira, d’OTrem Itabirano:

* (A copa vista do meu sofá)

CLÉBER MACHADO ENTREVISTA JÚNIOR

No intervalo de Bélgica x Japão, o narrador Cléber Machado entrevistou o comentarista Júnior. Reproduzo na íntegra. Cléber Machado: “Júnior, quando você jogava, você gostava de fazer gol?”. Júnior: “Sim”. Cléber Machado: “E de tomar gol?” Júnior: “Não”. Juro, pode conferir. Há leitor que duvida, acha que é invenção. Quem me dera se eu soubesse criar algo assim.

NOTA DEZ PARA O PSICÓLOGO QUE ESTÁ TRATANDO NEYMAR

(Já marquei um gol de bicicleta no campo do Caveirinha)

Um resto de gripe no time do México fê-lo se esquecer de quem estava enfrentando hoje e a pátria de Diego Rivera começou agredindo o Brasil. Foi melhor até os 23 minutos e 32 segundos (exatamente esse tanto) do primeiro tempo. Vendo aquele atrevimento todo, alguém chegou à beira do campo e avisou: “Ei, essa camisa amarela aí não é da Colômbia não, nem da Suécia”. Bendito seja esse cujo. A partir daí só deu a nossa seleção, que matou a peleja em 2 a 0. Não foi mais porque o goleiro Ochoa, quando enfrenta os canarinhos, pensa ser Dasaev, Fillol ou Pfaff. No segundo tempo, um mexicano tentou desestabilizar Neymar, dando um pisão desleal no brasileiro caído, e por essa pilantragem devia não só ter sido expulso como obrigado a fazer a rota Rússia/Acapulco a pé. Nota dez para o psicólogo que assumiu a cabeça de Neymar após o jogo contra a Costa Rica. Desde então, ele parou de cair à toa e de xingar o apitador. Tem de ter o miolo muito no lugar para tomar, sem reagir, aquelas pancadas que os adversários desferem no craque da 10. Se o Brasil passar pela Bélgica, já estará na semifinal. Gabriel Jesus ainda não estreou. Foi ao orelhão telefonar e até agora não voltou para jogar a copa.

JAPÃO: QUE O MUNDO DESAPAREÇA DE NOSSAS RETINAS

O que a Bélgica fez hoje contra o Japão foi uma maldade só. Ambos estavam muito assustados na reta final do segundo tempo e pactuaram de prorrogar o jogo, em que cada qual teve seu bom momento e o aproveitou para marcar dois gols. No intervalo, antes dos 30 minutos, tomaremos calmante e tudo dará certo, pensaram. No entanto, os europeus decidiram quebrar o trato e, faltando 15 segundos para o fim da partida, enfiaram a bola na meta dos asiáticos, após contra-ataque cinematográfico. Escolheram esse momento para não dar aos oponentes nenhuma possibilidade de reação. Letais os belgas, assinaram a eliminação mais dolorosa até agora nesse mundial. Após tomarem o terceiro gol, os japoneses só tiveram tempo de cobrir a cabeça com a camisa, numa tentativa de fazer o mundo desaparecer de suas retinas. Num jogo em que tudo ocorreu no segundo tempo, chegaram a ter 2 a 0, com possibilidade de aumentar, mas farão check-in em algum aeroporto russo nas próximas horas. Deu dó, sentimento que se dissolve completamente se sairmos do campo. Em 2011, quando numerosas cidades do Japão foram arrasadas por tsunami, estava para começar a reforma da assassina BR 381, que liga Itabira a Belo Horizonte. O país do Kashima Antlers consertou tudo lá em seis meses – e com ferro do minério itabirano, diga-se. Já a nossa estrada continua nas obras que nunca terminam e sendo notícia quase diariamente por acidentes pavorosos e matança de pessoas.

MARQUEI UM GOL DE BICICLETA NO CAMPO DO CAVEIRINHA

Inveja, confesso. Passei a ter dos moradores do conjunto predial Juca Batista ao deambular por lá hoje cedinho e ver que eles têm um belíssimo campinho de terra nos fundos. Não é “inveja branca”, não, é da modalidade mais cinza, pesada e perfurocortante. Mas que saudade – posso, tenho direito, estou autorizado a ter sentimento? – dos campinhos de minha adolescência, principalmente o do Caveirinha, soterrado pelo asfalto da avenida Mauro Ribeiro. Era onde mandava seus jogos o time da Capa Égua, que tinha até torcida, pouca, mas ruidosa. Ganhar no Caveirinha sempre foi problemão – as pessoas lá eram gentis como alguns frequentadores do La Bombonera. Goleamos o brioso Capa Égua uma vez – marquei três, um de bicicleta (não, não há registro) – e nosso centroavante entrou numas de humilhar. Para não apanharmos, corremos como quenianos pela linha do trem – chuteira fazendo plac-plac na brita e deslizando no lodo dos dormentes. Todos os campinhos dos bairros em que morei em Itabira foram extintos. Não sobrou unzinho sequer; puseram prédios no lugar. Moradores do Juca Batista, protejam o campinho de vocês com, como diria o finado cronista Guido de Caux, “unção de devoto”. Ter um no bairro hoje é prova de milagre reconhecido pelo Vaticano.

Por Marcos Caldeira d’OTREM ITABIRANO

*  Dos últimos campinhos de terra que sobraram em Itabira.