Gostei muito da primeira entrevista coletiva do Paulo Bento. O sujeito é da prateleira de cima também para se manifestar. Sem demagogia, pés no chão, sem salamaleques e falando a verdade: não é fácil iniciar um trabalho quando os concorrentes já estão estruturados, mas ele sabia que teria este desafio pela frente.
Também fala em “rodizio” de jogadores (Ave Aguirre!) para aliviar a carga de tantos jogos do calendário brasileiro e deixar os reservas bem identificados com aquilo que o treinador exige dos titulares:
“O calendário obriga um bocadinho a ter essa ideia, a rotatividade (risos). A própria quantidade de jogos em pouco espaço de tempo nos obriga a fazer algumas alterações. Mudar uma quantidade elevada de jogadores pode não ser benéfico. Mas a verdade é que, em alguns momentos da temporada, teremos que mudar. É quase obrigatório da nossa parte.”, disse.
Os companheiros Thiago Prata e Bernardo Lacerda fizeram um resumo do que ele disse, no portal O Tempo:
* “Paulo Bento espera se adaptar o mais rápido possível ao futebol brasileiro e aplicar sua filosofia no time estrelado.”
“A grande característica do jogador brasileiro é sua relação com a bola e sua grande qualidade técnica. Mas para se ganhar jogos e atingir os objetivos é difícil usar exclusivamente a técnica. É preciso juntar o fator tático e técnico. É muito importante juntar a técnica com a parte organizacional do grupo e as estratégias em campo”, comentou.
Confira outros tópicos da entrevista de Paulo Bento na Toca II
Jogador brasileiro. “Tive a oportunidade de trabalhar com jogadores brasileiros em Portugal, jogadores adaptados para a exigência do futebol. Os brasileiros tiveram rendimento louvável em Portugal. Então não creio que seja verdade (que haja jogador pouco atualizado)”
Novas ideias. “A gente quer trazer ideias para ajudar a equipe a evoluir, mas temos de adaptar às características do futebol e do jogador brasileiro. O jogador brasileiro nunca perderá a capacidade técnica, então queremos juntar esta capacidade técnica com boa tática. Tudo em um trabalho da comissão técnica, do staff e dos jogadores, para o bem do clube”
Elenco. “Tenho algum conhecimento daquilo que é a equipe, da forma que se tem jogado até aqui. Naturalmente temos de nos adaptar de alguma maneira àquilo que a equipe já tem, mas procurar alterar algumas situações. A equipe tem atuado sempre em dois esquemas táticos, 4-2-3-1 ou 4-3-3. Queremos que o jogador assimile o mais rápido possível a forma de a gente jogar. Este é o desafio, criar uma forma de jogar, uma identidade”
Base. “O Cruzeiro é conhecido também pela filosofia de revelar jogadores, tem qualidade nas categorias de base. É verdade que é um plantel louvável de jogadores jovens, mas o talento e a qualidade não têm idade”
Adaptação. A lingua poderá facilitar de alguma maneira a transmissão da ideia e da mensagem. Isso é ótimo e pode facilitar o trabalho da comissão técnica e dos jogadores
Calendário. Temos 38 jornadas no Brasileirão, assim como na Espanha e na Inglaterra. A grande questão é que na Europa são 38 jornadas para se fazer em dez meses. E aqui se faz em sete meses. E acumulado, com os jogos da Copa do Brasil e do Estadual juntos. Isso vai nos obrigar a pensar nos treinos de outra maneira, traçar uma nova estratégia de pós-jogo de outra maneira. Os prazos parar os jogos não são os mesmos. Existe viagem para fazer. Isso vai nos exigir estar mais atentos”
Contato com os jogadores. “Estes dias têm sido de recolha de informações. Gostaria de deixar meu agradecimento à estrutura do clube, para que a gente possa iniciar amanhã (terça-feira) nosso treino da melhor maneira possível. A partir daí vamos começar a entender melhor os jogadores, com treinos, e vamos nos comunicar com os jogadores”