Os nossos maiores clubes estão muito voltados aqui para a “Província das Alterosas”, não conseguem realizar um jogo entre eles com as duas torcidas presentes. Estão pensando pequeno, apegados às glórias de 2013 e 2014, se esquecendo que a luta continua e que os concorrentes têm mais poder financeiro e não vão ficar errando eternamente, abrindo espaço para os clubes fora do eixo Rio/SP.
Os presidentes Daniel Nepomuceno e Gilvan de Pinho Tavares precisam entrar de sola nessas discussões sobre as cotas de TV que entrarão em vigor a partir de 2016. O futuro dos grandes clubes do país está sendo delineado e Atlético e Cruzeiro não podem ficar ausentes e omissos, pois nessa guerra é na base do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
A discussão das cotas de TV está diretamente ligada à formação dos futuros times. Flamengo e Corinthians estão aumentando o abismo financeiro a favor deles em relação aos demais clubes. Atualmente são R$ 70 milhões a mais, e apenas Eurico Miranda está peitando esta situação. Ele vai contar com os demais, que estão no mesmo bloco da divisão do bolo com o Vasco, porém, na sequência, os demais que se danem. Caso a Globo faça um acordo paralelo com o clube do Eurico, ele sai da briga e vai cuidar da vida dele. Os gaúchos também estão se mobilizando. Enquanto isso, Daniel, Gilvan e seus pares, brigam no campo das vaidades; um querendo mostrar que mais esperto que o outro nessa discussão retrógrada de quantidade de ingressos para cada torcida. Discutem migalhas, prejudicam todos os torcedores. No turno, uma torcida é sacaneada, no returno vem o troco, até que venha o próximo campeonato, o próximo ano e essa guerra imbecil apequena a ambos.
No embalo da paixão incontrolável, torcedores que pensam igual aos dirigentes dos clubes, dão razão a eles, ao invés pressioná-los a acabar com essa idiotice. Daqui a pouco, neste post os senhores terão uma prova disso: um atleticano comentará que o culpado é o Zezé Perrela, que no século passado fez um acordo paralelo com a CBF/Globo e abandonou os demais clubes, que se ferraram. Um cruzeirense escreverá que o culpado é o Alexandre Kalil que ficou amigo do Marin e fez a mesma coisa, e etecetera, etecetera e tal.
Tá, mas isso passou e a briga agora é outra, os dirigentes são outros. Precisam mudar o foco pelo bem deles e do futebol mineiro.
Os últimos clássicos mineiros foram de importância nacional, como nunca se viu antes na história. Obrigaram a mídia do país a se voltar toda para Minas. Porém, entraram para a história também, pelo fato de o público pagante ter sido ridículo, nos dois jogos. Mas os dirigentes não aprenderam a lição e persistem no mesmo erro, na mesma burrice, na mesma pequenês e provincianismo.
Vejam essa reportagem da Agência Estado, que está nos principais veículos de comunicação do país, hoje. Atlético e Cruzeiro nem são citados nessa discussão que é fundamental para o futuro do nosso futebol:
* “Descontentes, clubes vão pedir aumento do valor das cotas de TV para Globo”
Descontentes com os valores que vão receber da televisão a partir de 2016 pela transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro, vários clubes estão se mobilizando para lutar por um aumento de cotas. A discussão com a Rede Globo já está em andamento, mas um acordo ainda deve demorar. A intenção da maioria dos clubes é convencer os detentores dos direitos de transmissão a destinar a eles valores que se aproximem do que será pago a Corinthians e Flamengo.
A insatisfação se explica: os clubes foram divididos em cinco grupos, de acordo com a audiência, para o estabelecimento das cotas a serem pagas. Pelo contrato assinado com a Globo, entre 2016 e 2018 Corinthians e Flamengo, que formam o Grupo 1, receberão R$ 170 milhões por ano. Já o São Paulo terá direito a R$ 110 milhões e Palmeiras e Vasco, integrantes do Grupo 3, a R$ 100 milhões cada.
O problema é, a partir de 2016, que a diferença de ganhos entre as faixas vai aumentar significativamente. Este ano, por exemplo, Flamengo e Corinthians vão receber R$ 30 milhões a mais que o São Paulo e R$ 40 milhões a mais que Palmeiras e Vasco. Do próximo ano em diante, a diferença subirá para R$ 60 milhões e R$ 70 milhões, respectivamente.
Isso levou os clubes que fazem parte dos Grupos 2 ao 5 a articular luta para tentar reduzir a diferença para a “turma de cima”. Um dos mais inconformados é Eurico Miranda, presidente do Vasco, que pretende melhorar o quinhão de seu clube. “O Vasco até agora não reivindicou nada. O Vasco não pretende fazer nada. Vai ter ainda uma discussão para tratar de um novo modelo (dessa distribuição de cotas)”, disse.
O dirigente reclama do critério de divisão do pay-per-view, que dá ao Flamengo audiência – e por consequência venda de pacotes – muito maior do que a de seu clube. “É isso que o Vasco está questionando. Por que essa diferença? O Vasco não pode ser prejudicado.”
Eurico é uma espécie de “líder dos revoltosos”. Seu jeito explosivo e seu poder de argumentação são aposta de “colegas” como Modesto Roma, do Santos. “Em primeiro lugar, temos de ouvir com muita atenção o Eurico Miranda, que pelo jeito dele às vezes se torna polêmico, mas é um homem de grande visão e que defende os interesses do clube dele com unhas e dentes”, diz.
O santista ressalta não haver pretensão de equiparar as cotas, “porque não dá para se comparar falsos iguais”. “O que se pretende é diminuir a diferença entre as cotas de Flamengo e Corinthians e demais grandes.”
MEDIADOR – Roma não acredita em solução rápida. Ele afirma que a discussão está no início e aposta que deverá ganhar força quando Marco Polo Del Nero assumir a presidência da CBF, no mês de abril.>>A entidade já vem negociando com a Globo – e o diretor da emissora responsável pela área, Marcelo Campos Pinto, estava presente na reunião do Conselho Arbitral do Campeonato Brasileiro de 2015 que ocorreu na segunda-feira.
“A CBF tem conversado com a Globo no sentido de viabilizar o interesse dos clubes”, disse Del Nero nesta quarta-feira à reportagem por telefone. Ele estava em Assunção, no Paraguai, onde foi reeleito representante da Conmebol no Comitê Executivo da Fifa por mais quatro anos.
Segundo ele, a CBF tem de fazer “papel de conciliador” na questão. Ele acredita ser possível um acordo. “Os clubes não querem que os de cima (Flamengo e Corinthians) ganhem menos, e sim querem ganhar mais.” Campos Pinto foi procurado por e-mail, via assessoria da Globo, sem sucesso.