As chamadas da Globo para o Campeonato Mineiro são de altíssimo nível, “Padrão Fifa”, coisa de Copa do Mundo. Com razão a emissora vende da melhor forma o produto no qual investe uma fortuna. Há três anos Atlético e Cruzeiro faturam mais em direitos televisivos com este campeonato do que com a Libertadores da América. Quando escrevi isso nesta coluna na época, muita gente achou que eu estava ironizando, mas é a verdade. Tecnicamente a disputa deste ano será melhor porque os três grandes da capital tiveram mais tempo para se preparar, com pré-temporadas com o tempo necessário. Pior para os clubes do interior que costumavam se aproveitar das más condições físicas deles em todo início de disputa e sempre lhes tiravam pontos importantes.
O campeonato regional é importante e precisa existir, ainda mais enxuto, como o mineiro. Mas a fórmula é burra, ultrapassada e não integra o estado, gigante territorialmente, de tamanho semelhante a potências europeias como Alemanha e Espanha. A maioria dos clubes do interior joga três meses por ano e fim de papo. Isso nas três divisões. O ideal é que só houvesse a primeira divisão com todos do interior jogando durante o ano todo disputando eliminatórias para conseguir vaga na fase decisiva, juntando-se àqueles que disputam as divisões nacionais. Uma repetição da fórmula da Copa do Mundo, com 32 ou 36 participantes em um mês de disputa.
A Taça que será entregue ao campeão deste ano
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Castellar Guimarães Neto se tornou presidente da Federação Mineira de Futebol com a bandeira da mudança. Espero e acredito que não ficará apenas no discurso. Em maio completará um ano de mandato. Organizou a contabilidade da entidade, mas ainda não ouvi nada ainda sobre mudanças nessa estrutura arcaica dos nossos campeonatos de profissionais e categorias de base. Do jeito que funciona não adianta a Globo investir dinheiro e a sua excelente produção artística para badalar o campeonato. O torcedor sabe que é quase impossível que o título saia das sedes do Galo, Raposa ou Coelho, porém, gostaria ver surgir pelo menos alguma revelação ou um time do interior dando trabalho com jovens promessas que poderiam ser garimpadas numa disputa em fórmula inteligente.
Defendo um campeonato em que dezenas de clubes do interior disputem, em princípio por região, para baratear os custos e sem medo de rebaixamento. Com isso, poderiam lançar jovens jogadores que não sofreriam tanta pressão e mostrariam o seu futebol. O futebol profissional atualmente é caro demais, por causa de fórmulas atrasadas como as que temos, que visam tomar dinheiro das agremiações com um monte de taxas e exigências absurdas.
Em foto do jornal O Tempo, Fábio, Raul, João Leite e Victor, grandes goleiros da história do nosso futebol. Raul e João foram homenageados na festa de abertura do campeonato, promovida pela Globo, ontem.