Desde quando comecei trabalhar na imprensa em Belo Horizonte defendo a idéia de que Atlético e Cruzeiro têm que ter os seus próprios estádios, a exemplo da maioria dos grandes clubes do mundo. Cresci ouvindo e concordando com os argumentos de estadistas do futebol que viviam brigando contra as “altas” taxas cobradas pela ADEMG, então controladora do Mineirão. Primeiro, Felício Brandi, que deixou a presidência do Cruzeiro sem conseguir ganhar esta guerra. Depois Elias Kalil, cujo mandato coincidiu com o início do fim da “Era Felício”. O pai do atual presidente do Atlético comprou essa briga mas também não conseguiu vencê-la.
Hoje o que a ADEMG tomava dos clubes é nada em relação ao que o Consórcio Minas Arena toma.
O América já tem o estádio dele, graças à competência da diretoria, que primeiro conseguiu acordos “da China” com o Sete de Setembro e depois com o governo do estado.
O Cruzeiro quase iniciou a construção do dele, mas os então manda-chuvas lá, Zezé e Alvimar Perrela, sossegaram com o assunto depois que o então governador Aécio Neves mandou parar com a iniciativa, que “inviabilizaria” o novo Mineirão, que seria reformado e passado aos clubes da capital para administrá-lo. O então presidente do Atlético, Ziza Valadares, também acatou a ordem do Aécio e parou com as conversações que levariam o Galo à sua casa própria também. Os Perrela e Ziza eram e continuam obedientes politicamente ao atual senador que tentar se tornar presidente da república, mas que ao contrário do que prometeu, não passou o Mineirão para os clubes. Aliás, nem os deixou participar da licitação, já que o edital vetava que instituições esportivas concorressem. O Consórcio Minas Arena foi o único candidato e ficou com tudo.
Quando assumiu o Atlético, Alexandre Kalil afirmou que o seu sonho era construir um estádio para o Galo, mas primeiro, teria que arrumar o futebol e dificilmente daria tempo para que ele ao menos iniciasse a obra, que ficaria para o seu sucessor.
E parece que assim será. O Hoje em Dia de hoje traz uma ótima reportagem sobre o assunto e escrita pelo Gláucio Castro, um dos melhores jornalistas e de fontes das mais seguras que conheço.
Obrigado ao Audisio, que enviou o link.
Confira:
* “Atlético terá estádio com capacidade para 45 mil torcedores”
Sonho antigo do presidente do Atlético, Alexandre Kalil, o Estádio do Galo está perto de se tornar uma realidade. Com capacidade para 45 mil torcedores, a arena multiuso coberta será construída em um terreno às margens da Via Expressa, no Bairro Califórnia, em Belo Horizonte.
Apesar de o dirigente alvinegro ser o grande idealizador do projeto, a obra só começará de fato a sair do papel no ano que vem, quando Kalil já estiver encerrado o seu mandato.
O Hoje em Dia apurou que o projeto está sendo elaborado pela Farkasvölgyi Arquitetura, sob responsabilidade do arquiteto Bernardo Farkasvölgyi. A Prefeitura de Belo Horizonte, o Atlético e o escritório não confirmam a construção da arena.
O estádio será erguido em um terreno de 110 mil metros quadrados, com estacionamento para 4.500 veículos. Por se tratar de uma área verde, que conta inclusive com uma nascente, de contrapartida os moradores da região irão ganhar um parque de lazer com 30 mil metros quadrados.
A intenção é construir uma arena multiuso. Além dos jogos de futebol, o local terá condições de receber grandes shows e outros tipos de eventos esportivos. Haverá ainda uma área reservada para a montagem de estruturas móveis, onde será possível a realização de feiras, eventos e convenções. Também está prevista a construção de um anfiteatro e uma área comercial com lojas, lanchonetes e restaurantes.
O local foi escolhido principalmente por se tratar de um terreno de fácil acesso, servido por pelo menos três grandes corredores de tráfego: além da Via Expressa, a BR-040 e o Anel Rodoviário.
Além disso, será mais fácil para que torcedores de cidades vizinhas, como Betim e Contagem, possam chegar aos jogos do Galo.
CAMAROTES
Para acomodar com conforto até 45 mil torcedores, serão construídos anel superior e inferior, além de um piso exclusivo para camarotes e outro para lounges, onde empresas poderão explorar grandes espaços nos dias de jogo.
A previsão é de que as obras sejam concluídas no prazo de dois anos, com o estádio sendo inaugurado em 2017, no último ano do mandato do próximo presidente alvinegro, que será eleito em dezembro.
Os patrocinadores do clube, BMG e MRV Engenharia, são motivadores e incentivadores do projeto da nova arena.
Galo e os seus terreiros
A arena multiuso que será erguida no bairro Califórnia será o terceiro estádio que o Atlético terá em Belo Horizonte, sendo que os dois primeiros, inaugurados nas primeiras décadas do século passado, não existem mais.
A primeira casa do Galo foi na antiga avenida Paraopeba, atualmente Augusto de Lima. O campo onde o clube mandou seus jogos até metade da década de 20 ficava localizado onde hoje está o Minascentro.
Quando o estádio foi desapropriado pelo governo do Estado, para a construção do prédio da Secretaria de Saúde, na negociação o Atlético recebeu um quarteirão na avenida Olegário Maciel, no bairro de Lourdes.
Lá o clube ergueu o Estádio Antônio Carlos, que entrou para a história do futebol mineiro. Ele foi inaugurado em 30 de maio de 1929, numa partida entre Atlético e Corinthians.
O Atlético contava com seu primeiro grande esquadrão, onde se destacava o “Trio Maldito”, formado por Said, Jairo e Mário de Castro.
E eles brilharam na festa. A vitória por 4 a 2 contou com três gols de Mário de Castro e um de Said.
Em agosto de 1930, o Estádio Antônio Carlos sediou a primeira partida noturna de Belo Horizonte com a inauguração dos refletores, numa goleada atleticana por 10 a 2 sobre o Sport-MG. A partida contou com a presença de Jules Rimet, ex-presidente da Fifa.
Foi lá que o Atlético conquistou o primeiro grande título da sua história, o de Campeão dos Campeões, em 1937. Atualmente no local está o Shopping Diamond Mall.