Que nenhum atleticano se iluda. O Olímpia é osso mais duro que o Newell’s. Não só por tratar-se da final, mas pelas circunstâncias extra-campo. Quando se fala de tradição “copeira” do alvinegro paraguaio, as artimanhas extra-campo falam muito mais alto que as qualidades do time, principalmente em Assunção. Lá é guerra, mesmo; diferente do que o Atlético viveu em Rosário, onde o clima foi de normalidade. Na capital paraguaia vale tudo, de foguetes na porta do hotel do adversário a pedradas no ônibus e dentro do gramado. Há histórias de substâncias na comida de hotéis em vésperas de jogos decisivos, que influenciaram no desempenho dos concorrentes, e até provocaram desfalques de última hora.
Os salários atrasados são um doping para os jogadores do Olímpia. Sabem que se forem campeões sul-americanos receberão o que lhes é devido, mais prêmios. Além da visibilidade mundial que pode garantir uma transferência internacional aos mais jovens. Nem falemos do fato de que os paraguaios tratam uma decisão dessas como questão nacional. Oportunidade de bater o país do futebol mais ganhador de copas do mundo.
A diretoria e o técnico Cuca sabem de tudo isso e trabalham para minimizar todas as armadilhas paraguaias. Fora de campo, Alexandre Kalil é outro dirigente em relação àquele brigão, que não se afinava com CBF, Ricardo Teixeira e Cia. Dentro das quatro linhas, Cuca já passou por tudo, como jogador e treinador. Sabe muito; quase tudo. Aprendeu com a própria dor de derrotas inacreditáveis.
Muitos atleticanos nos escrevem dizendo que o Atlético tem que mudar a forma de jogar em Assunção, em relação a Rosário. A realidade é que o Cuca mantém o esquema desde o primeiro jogo fora de casa. Recuar ou dar um apagão em determinados momentos é do instinto dos jogadores em campo; foge da determinação de qualquer treinador, pois quem está com a bola nos pés ou tentando tomá-la é que decide.
Uma vitória fundamental do misto quente do Galo sobre o Corinthians. Não só pela ascensão na tabela, mas pela manutenção do espírito de ganhador. Fora de casa, contra um dos melhores times do país, atual campeão do mundo.
Também valeu para os torcedores mais passionais, que raciocinam pouco, que andaram dizendo que o Bernard passou a “tirar o pé” por causa de uma possível transferência. Aos 21 do segundo tempo, dividiu uma bola podre, onde poderia ter se machucado gravemente. Do jeito que sempre fez, faz e que deu a ele a merecida projeção que tem.
O Cruzeiro fez um ótimo negócio ao liberar Diego Souza, um dos maiores e mais famosos “foguetes molhados” do futebol brasileiro. Embolsou R$ 10 milhões e ficou livre de uma eterna expectativa de entrar em forma e mostrar o seu “verdadeiro” futebol. Que seja feliz e ganhe muito dinheiro em outra freguesia.
A lamentar no fim de semana, outro empate em casa do América.