O jornalismo tem certas normas que não podem ser transgredidas, pois o preço é alto quando alguém da nossa profissão não as obedece.
Ouvir as partes envolvidas, por exemplo.
Isso quando há boa fé, claro!
Nos tempos bicudos do Atlético notícias escandalosas, negativas, pipocavam em rádios, jornais, TVs, revistas, internet e etecetera e tal.
Plantava-se o que era verdade e o que não era e como muita gente não apurava direito ou não tinha interesse em apurar, antes de colocar no ar, as crises só aumentavam e se multiplicavam.
Ontem, recebi vários e-mail falando de um possível leilão da Sede Campestre do Cruzeiro, da Rua das Canárias, na Pampulha.
Inclusive me foi enviado o link do leiloeiro oficial http://www.marcoantonioleiloeiro.com.br/index.php/lotes/visualizar/1977.html
O primeiro e-mail veio de um atleticano, amigo e conterrâneo. Como se tratava de uma fonte, digamos, “supeita”, apesar de se tratar de ótimo advogado, comecei apurar, por outras vias.
Mas o volume de e-mail começou aumentar, e agora também de cruzeirenses, cobrando mais informações sobre o assunto.
O Thales Rosa, por exemplo, participante quase que diário do blog, é cruzeirense dos mais ferrenhos, e nos escreveu:
“Chico Maia sabe algo sobre o leilão da sede campestre do Cruzeiro?? Segundo o site abaixo esta marcado para hoje as 09:00.
http://www.marcoantonioleiloeiro.com.br/index.php/lotes/visualizar/1977.html
Sou cruzeirense e se for verdade porque a mídia não tem falado nada a respeito???? Quem foi o responsável por deixar isso acontecer, provavalmente os Perrella afinal Gilvan acabou de entrar…”
Falei agora com o Diretor de Comunicação do Cruzeiro, Guilherme Mendes, e ele explicou a situação, que pegou de surpresa até o comando azul. Não pelo assunto, mas pelo questionamento, já que o assunto é passado.
O primeiro telefonema que o Guilherme recebeu foi ontem, do cruzeirense Bauxita, músico famoso, que apresenta o noticiário do Cruzeiro no excelente programa 98 FC, da rádio 98FM (12 às 14 horas).
Apanhado de surpresa, Guilherme abriu o link enviado pelo Bauxita e se assustou. Ligou para o presidente Gilvan que achava que aquilo não procedia e acionou o departamento jurídico do clube que o informou: tratava-se de uma antiga ação trabalhista movida pelo Felipe Mindello, ex-fisioterapeuta azul. Na fase recursal o Cruzeiro, cumprindo um ritual normal da justiça, deu um bem como garantia, no caso, um lote pertencente ao clube, em frente a sede campestre.
Houve um acordo, o Cruzeiro pagou, mas as publicações do leilão, que não chegou a acontecer, ficaram na internet.
Algum gaiato (ou galoiato) fez uma montagem, inseriu a foto da Campestre e espalhou, provocando esse rebuliço, para pavor dos cruzeirenses e alegria alvinegra.
Agora, com a versão oficial dos fatos, o assunto deve sossegar. Até que surja outra turbulência, pois quando a maré não é boa dentro e fora de campo, tudo conspira contra.
E mostra também como um clube de futebol ou qualquer outra instituição pode ter sua vida tumultuada quando a imprensa não se preocupa em ouvir as partes envolvidas.