Está na hora de darmos um tempo no pessimismo e mau humor que tem imperado no futebol mineiro nos últimos tempos. De um ano para cá baixou uma “síndrome do cachorro vira-latas” (Ave Nelson Rodrigues!) nas maiores torcidas mineiras que dá medo.
Tudo bem que a imprensa tem boa dose de culpa nisso, mas na verdade, vivemos uma via de mão dupla. Com o contato direto com o público, proporcionado pela facilidade de acesso aos vários meios de comunicação, redes sociais principalmente, as relações mudaram bastante entre os chamados “formadores de opinião” e os consumidores da notícia.
A via ficou com fluxo mais forte a favor dos milhares de leitores, ouvintes e telespectadores que não se intimidam e nem pensam duas vezes para escrever e manifestar a sua própria opinião, normalmente dando porrada no seu próprio time.
De repente, o Cruzeiro, vice-campeão brasileiro 2010, tornou-se o “pior dos piores”, e está brigando para “não cair”.
O Atlético, campeão invicto estadual, depois de 36 anos, vence pela primeira vez a Ponte Preta, em Campinas, um time que chegou às semifinais do Campeonato Paulista, atropelando candidatos ao título Brasileiro, mas parece que empatou ou perdeu.
Qualquer jogador contratado ou ventilado, “não vale nada”, e se o “clube tal” liberou é porque o sujeito tem algum problema.
Cuca “é burro” e deveria ter sido substituído por Levir Culpi; Celso Roth é “burro também”, além de “retranqueiro”.
Tinga, com 34 anos? Está velho, por isso o Inter o deixou sair! O uruguaio Fórlan? Se vier é porque “está bichado”, e seria uma “loucura” gastar a fortuna que estão falando!
Jô? É “cachaceiro”!
Ora, ora, senhores! Calma porque se não tivermos pensamento positivo e não fizermos força, não serão paulistas, cariocas ou gaúchos que farão por nós.
Cada Campeonato é uma história e a vida segue. Se Atlético e Cruzeiro quase foram rebaixados ano passado, não podemos, já nas primeiras rodadas, entrar nessa onda derrotista porque isso pega.
O Fluminense escapou por milagre em 2009 e foi campeão brasileiro em 2010.
A torcida do Corinthians tinha a mania de agredir jogadores depois de qualquer fracasso, mas aprendeu que aquilo só ajudava a fundar mais ainda o barco. Ano passado, com um time milionário (Ronaldo, Roberto Carlos e cia., foi eliminado da Libertadores antes da fase de grupos pela Tolima. Contrariando todas as previsões, a diretoria não demitiu o técnico Tite e ele conseguiu ser campeão brasileiro, e sem as estrelas, que se mandaram.
Está na moda dizer que time para ser campeão precisa ser “equilibrado”. Acredito nisso também. Se tiver pelo menos um craque ou quase craque, para fazer diferença, melhor ainda.
Não vejo Atlético e Cruzeiro tão inferiores aos seus concorrentes como a maioria dos que me escrevem veem. Têm deficiências sérias, como os demais também têm, e estão correndo atrás para minorar essas lacunas.
Dia desses estive com o Dario, o “Dadá – Peito de Aço”, que me contou detalhes do time campeão brasileiro de 1971, mas dá para resumir tudo numa frase: “era um time solidário, sem nenhum craque, mas de uma união fora de série”. E em esportes coletivos isso é o que conta: ambiente!
Não estou dizendo que temos times prontos para brigar na cabeça, mas torço que aconteça. Para isso, temos que ser otimistas e acreditar. Se merecem vaias, que sejam vaiados, depois do mau resultado consolidado. Até então, é preciso adotar o lema gaúcho: “desistir, nunca”.
A charge do genial Duke, hoje, no Super Notícia, expressa bem o que eu disse agora no blog.
É a defesa mesmo!
Ao ver o Chelsea campeão europeu, depois de retrancas memoráveis, “goleadas” de 1 x 0 ou “1 x 1” e vitória nos pênaltis, bem disse, o Luiz Neves, diretor do Dominó, o grande time da cidade de Bonfim: “o conceito de que a melhor defesa é o ataque foi pro beleléu! A melhor defesa é a defesa mesmo!”.