Uma nota no site do América informou:
“América é dono de 30% dos direitos econômicos de Caleb”
09/12/2011 – 15:07
Após uma longa reunião realizada na manhã desta sexta-feira, 09/12, entre o diretor de futebol, Alexandre Mattos e o procurador do jogador Caleb, ficou acertado que o clube fica com 30% dos direitos econômicos do jogador.
O contrato de Caleb com o clube se encerrou no dia 09 de novembro, porém, o jogador abandonou o América por orientação de seu empresário, mesmo depois de o clube exercer seu direito de renovação por mais dois anos, conforme determina a lei.
O integrante do Conselho de Administração do América, Marcus Salum, relatou que nos últimos seis meses realizou pelo menos 10 reuniões com o empresário do jogador, mas sempre aparecia uma desculpa para não assinarem a renovação obrigando ao clube partir para uma outra esfera.
“Chegamos a acertar valores, mas sempre surgia uma desculpa. Então percebi que não estava tratando com gente séria. E ele (empresário) chegou a fazer falar com outras pessoas sobre sua idoneidade… Eu só lamento porque o Caleb é um bom menino, mas orientado por um empresário sem escrúpulos. E digo na frente dele, porque ele disse para eu ficar tranquilo que eles iriam renovar. Se ele dizer que estou mentindo, então que diga na minha cara. Fico triste, porque 99% desses meninos que deixam o América assim se dão mal”.
Agora, com o acordo, não haverá necessidade do clube acionar a justiça para fazer valer os seus direitos. Assim, quando o jogador for negociado para qualquer clube no país ou no exterior, o América irá receber o percentual de 30%.”
Ora, ora! Caleb? Aquele meia atacante que encantou a todos com atuações espetaculares na Copa São Paulo de juniores? Para quem grande parte da imprensa e quase toda a torcida americana pediam oportunidades no time principal?
Semana passada saiu a notícia que ele foi para o Nacional de Nova Serrana, clube montado pelo Senador Zezé Perrella e pelo prefeito da cidade, Paulo César, seu amigo e colega de partido – PDT.
Paulo César inclusive teve participação importante nas negociações políticas para que o Zezé se tornasse primeiro suplente do Itamar Franco.
O ex-governador e ex-presidente da república não o queria. O nome preferido do Itamar era o do José Fernando Aparecido, ex-prefeito de Conceição do Mato Dentro, então deputado federal e que articulava na época a sua candidatura ao governo de Minas pelo PV.
Itamar convenceu a Aécio Neves, outro aliado de Zezé Perrella, que o Zé Fernando seria a melhor opção: jovem, discurso renovador, ambientalista, defensor do aumento do royalte do minério, sem máculas políticas, filho do amigo de ambos, o ex-Embaixador e Ministro José Aparecido de Oliveira. Além do mais seria uma pedra a menos no caminho da candidatura do professor Antônio Anastasia.
Tudo certo, tudo conversado; Perrella já estava resignado, que teria de se contentar com a segunda suplência. Só que o Zé Fernando não teve a perspicácia e visão futurística que sobravam em seu pai, e disse ao ex-presidente e ao Aécio, que iria “pensar”.
Foi demais para o Itamar, que irritado disse ao Aécio que o caminho estava livre para o candidato dele a primeiro suplente.
Deu no que deu!
Voltando ao Caleb, o que mais me impressiona é que este assunto quase não foi noticiado. O América perde um jogador de grande futuro, de forma nebulosa e tratamos a situação como se fosse normal.
No mínimo, deveria ganhar para mostrar o lado ruim da Lei Pelé, que dá plenos poderes aos empresários, que hoje mandam no futebol.
Quem defende os interesses do Caleb é o João Sérgio, o “João da Umbro”, que age dentro das leis de mercado.
Claro que o Marcos Salum e toda a diretoria americana estão irritados com ele, mas este é o jogo.
Por isso citei ontem o e-mail que recebi do leitor Marcelo Sat, que escreveu: “…Aqui, depois que o futebol foi transformado de paixão para negócio, que empresários entraram com força para trocar qualquer menino ainda sem ter desenvolvido sua formação moral, familiar, educacional, etc… por um punhado de dinheiro – pra ele e pra familia do menino – que via de regra é pobre e precisa de dinheiro e, principalmente, por uma expressão que vale muito no mundo corporativo, mas acabou com o futebol – “resultado imediato”…”
O Marcelo falava sobre a diferença entre um Barcelona e qualquer clube brasileiro para formar jogadores na base.