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Empresários de olho no faturamento com Copa SP

Com a Lei Pelé os jogadores deixaram de pertencer aos clubes e passaram a ter os empresários como donos.

A ciranda começa bem cedo e envolve gente demais da conta, já que grandes fortunas estão em disputa.

Veja esta reportagem do portal Terra, que nos foi enviada pelo Renato Alexandre:

“Bastidores da Copa SP expõem homens que faturam com jovens”

EMPRESARIOSEmpresários ficam de olho em jovens promessas na Copa SP
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra

Dassler Marques

Direto de São Paulo

Bahia e Vitória se enfrentam pela Copa São Paulo, no acanhado Estádio Nicolau Alayon, debaixo de sol forte na capital paulista em pleno mês de janeiro. Mesmo assim, é possível perceber dezenas de homens com trajes que não combinam bem com a ocasião: muitos vestem roupas sociais, alguns inclusive com paletó. Se tratam dos empresários que aproveitam a ocasião para fazer contatos. Ver esse perfil é fato mais que comum durante o jogo que colocará um clube baiano entre os oito melhores da competição. Ao caminhar e observar o comportamento e as conversas que tratam os agentes alheios à partida, se percebe tipos completamente diferentes que têm um só objetivo: lucrar de alguma forma com jovens jogadores.

O motivo mais comum para ver profissionais do futebol a esse tipo de partida é a possibilidade de se fazer contatos importantes. Reservadamente, um senhor de aproximadamente 50 anos conversa com um amigo de longa data que, de surpresa, encontrou no estádio do Nacional. Segundo o homem, seu filho havia retornado para a Portuguesa após uma passagem pelo Pão de Açúcar, mas ele faz propaganda para tentar arranjar algo melhor ao pupilo. Após um papo rápido, eles trocam cartões de visita, o hábito que se repete em nove de cada dez encontros. Em seguida, se despedem.

Em outro canto do estádio, um empresário com larga vivência no futebol conversa com um jovem e influente diretor das categorias de base do Vitória. O homem faz propaganda de seu lateral direito: “ele acabou de deixar o Santos mas é muito bom”, conta ao baiano, para em seguida…entregar seu cartão de visitas! Para outra pessoa que se aproxima, o dirigente reclama: “Tivemos dois jogadores do nosso time infantil roubados. Um foi para o Cruzeiro, mas já recuperamos. Eles não fazem isso (roubar atletas sem contrato), mas o pessoal do Grêmio, do Inter e do Desportivo Brasil (clube da Traffic) faz toda hora. Em torneio Sub-15 onde eles estão, o Cruzeiro não joga”, acusa ele.

Conversando com a reportagem, o dirigente baiano diz que nas categorias juvenil e júnior, englobadas pela Copa São Paulo, está tranquilo. Afinal, todos os jogadores têm contrato profissional e não podem sair sem render nada ao Vitória. Ele lembra ainda que jogos como o Ba-Vi são pouco interessantes para olheiros de clubes brasileiros. “Quem procura atleta barato vai nos jogos dos clubes pequenos”, observa. Foi assim, por exemplo, que o Vasco encontrou o volante Rômulo, em 2010. Atuando pelo Porto-PE, ele foi contratado em janeiro e já era titular do time profissional no segundo semestre.

Ainda assim, é claro que há muitos olheiros grandes, ou seus emissários, que acompanham jogos de clubes considerados estruturados, casos de Bahia e Vitória. O dirigente rubro-negro conta que Romário, lateral direito de sua equipe, é monitorado há muito tempo pelo Manchester City. Jogador mais jovem do Brasil no último Mundial Sub-17, ele deve viajar em um futuro próximo à Inglaterra para conhecer as instalações do clube de Carlos Tevez. Esse caminho já foi feito há dois anos por Arthur Maia: camisa 10 e capitão da equipe, passou cerca de uma semana no City. “O pessoal do Barcelona gosta muito dele”, assegura o mesmo cartola.

No meio dos empresários engravatados também está um homem de aproximadamente 30 anos. Com roupas mais simples, ele conversa de forma animada, sorri e faz graça com um senhor ao seu lado. “Olha só o que o Romário fez (lateral direito do Vitória)! Tinha que ser seu jogador”, provoca com bom humor. O desenvolto rapaz é irmão de Bebeto, tetracampeão mundial com a Seleção Brasileira em 1994. Segundo um treinador da base do clube baiano, ele também atua como observador de atletas.

Para quem imagina ser o cenário descrito uma cena comum apenas à Copa São Paulo, ledo engano. Competições de base da categoria Sub-15 costumam atrair o dobro ou até mais de olheiros e agentes envolvidos no negócio. Atletas sem contrato profissional (só pode ser assinado aos 16 anos) são vistos como mercadoria barata e de fácil acesso. Simultaneamente, em janeiro, ocorre em Votorantim um dos mais tradicionais torneios do gênero. Por lá é possível ver empresários que andam acompanhados de seguranças tamanha é a disputa – e a tentativa de impedi-la – pelos garotos mais talentosos. Pessoas que trabalham no futebol de base, de forma restrita, alegam que há muitos jogadores com idade adulterada na Copinha, inclusive.

Por tudo isso, criticar a Copa São Paulo pelo trânsito intenso de empresários e olheiros é enxergar apenas a ponta do iceberg. Se a Lei Pelé lhes deu esse direito, eles simplesmente fazem uso do dispositivo. E pelo que se notou durante Bahia e Vitória, no Nicolau Alayon, sem qualquer receio.

* http://esportes.terra.com.br/futebol/copa-sao-paulo/noticias/0,,OI4898076-EI17432,00-Bastidores+da+Copa+SP+expoem+homens+que+faturam+com+jovens.html


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