A vida imita a arte. Estou me lembrando de um dos melhores filmes que já assisti: O Poderoso Chefão I, seguido pelo II e depois pelo III
No caso, a briga Globo x Record pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. De um lado, a poderosa emissora do Roberto Marinho, que manda em tudo no país desde a ditadura militar de 1964. Do outro, a Record, apoiada pelas redes menos endinheiradas, que somadas, representam uma ameaça real à poderosa.
Só que a Globo tem um aliado estratégico, que ela tentou derrubar em 2002, quando ele estava cambaleando, por causa da CPI do futebol, no Congresso Nacional. Quase conseguiu, mas, contrariando as previsões, ele venceu a Copa da Coréia/Japão e voltou a ficar forte como nunca: Ricardo Teixeira.
No Brasil, quando o resultado dentro de campo é satisfatório, nenhum dirigente de futebol balança no cargo, e pior: quando sabe manipular, nenhum dirigente de nenhuma modalidade esportiva sai do poder. Estão aí Carlos Arthur Nuzman, no COB e um monte de presidentes de federações para provar.
Logo depois da Copa de 2002, Teixeira iniciou um movimento de vingança contra a Globo, que tinha feito, meses antes, um programa “Globo Repórter” especial, dedicado só a mostrar o esquema dele nos bastidores da CBF pelo mundo. Mas os dois lados são adeptos da teoria: “se não pode com o inimigo, junte-se a ele”.
Através de aliados comuns buscaram o entendimento e voltaram a ser “amigos para sempre”, e ai de quem atravessar o caminho deles.
Veja este texto do Ricardo Perrone, em seu blog no UOL:
“O velho truque da Taça das Bolinhas”
A ideia funcionou, mas não é original: usar a disputa entre Flamengo e São Paulo pela Taça das Bolinhas para rachar o Clube dos 13.
Às vésperas da última eleição do C13, a CBF declarou o São Paulo primeiro pentacampeão brasileiro e reacendeu o conflito entre rubro-negros e tricolores. Na ocasião, estremeceu o grupo que apoiava o candidato à reeleição, Fábio Koff. Mesmo assim ele ganhou.
Agora, perto da publicação do edital de concorrência da venda dos direitos de transmissão do Brasileiro, o troféu volta a ser usado como munição.
Primeiro, foi entregue ao São Paulo pela Caixa Econômica Federal. E o reconhecimento da conquista do Brasileiro de 87 pelo Flamengo pode ter sido o golpe de misericórdia. O São Paulo não vai entregar a taça ao rubro-negro. Em retaliação, o time da Gávea deve anunciar sua saída do C13.
Nada parece ter sido por acaso. Tanto é que Andrés Sanches já estava no Rio antes de o anúncio da CBF ser feito. Nesta segunda, ele se encontrou com executivos da Globo para falar mais uma vez sobre o próximo contrato. Andrés prefere a Globo porque tem melhor relacionamento com ela do que com as outras emissoras. Acha que assim pode obter mais dinheiro para o Corinthians. E se vingar a ideia de criação do G7, ele vai ferir o rival Juvenal Juvêncio, um dos três todos-poderosos do C13. Os outros são Koff e Alexandre Kalil, do Galo.
O contrato sem Flamengo e Corinthians, além de outros clubes que eles tentarão arrastar, valeria muito menos. A entidade ficaria esvaziada e perderia sua principal atividade. Assim, Ricardo Teixeira também se vingaria da derrota de seu candidato, Kléber Leite, na eleição do C13, e fortaleceria seus laços com o presidente do Corinthians. Tudo isso com a ajuda da Taça das Bolinhas.
http://blogdoperrone.blogosfera.uol.com.br/sem-categoria/o-velho-truque-da-taca-das-bolinhas/
» Comentar