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Maior dono de times e eventos do mundo investe em 4 estádios de 2014

Reportagem muito interessante sobre o grupo norte-americano que a construtora Odebrecht buscou para ser sóci0 dela na construção e administração de quatro estádios da Copa 2014: Recife, Salvador, São Paulo e Rio.

Essa turma joga pesado e procura ter lucro até no berro do boi que eles matam.

Estão interessados em divulgar que os investimentos são através de PPPs (Parceria Público Privada), certamente para justificar que o governo da Bahia, por exemplo, R$ 107,3 milhões por ano, durante 15 anos, para o novo estádio da Fonte Nova, que, por causa do prazo, sairá dos R$ 650 milhões previstos, para R$ 1,6 bi.

O interesse em se antecipar a qualquer reportagem investigativa é tão grande que eles convidaram a Folha de São Paulo para esta reportagem, que saiu domingo, no caderno de economia, bancando as despesas.

Claro que, com isso, atraem também possíveis futuros parceiros.

Confira:

* Gigante do esporte já mira o pós-Copa

Maior proprietário de times e eventos do mundo, AEG crê que repetirá em Recife operação modelo dos EUA

Odebrecht, com quatro estádios em 2014, traz parceiro especializado ao Brasil para investir em entretenimento

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

O ingresso diz que o jogo começa às 19h30. E o relógio, que já são 19h25. Cinco minutos que precisam ser suficientes para deixar o quarto do hotel no 20º andar, atravessar o lobby, a praça em frente, uma rua e outra praça.
Parece mentira, mas, às 19h30, o ingresso é dado ao segurança na entrada VIP do ginásio. Uma escada rolante e um corredor depois, o bilhete também abre a porta do camarote. Em quadra, os Lakers, maior time da NBA, ainda estão no aquecimento.
Ginásio é descrição imprópria para o Staples Center, principal atração de um complexo que ainda reúne hotéis, escritórios, teatros, clubes, bares e restaurantes.
Investimento de US$ 2,5 bilhões em pouco mais de dez anos numa área degradada do centro de Los Angeles.
Hoje em dia, o LA Live, como é chamado o complexo, recebe um fluxo de 50 mil pessoas atrás de diversão numa noite razoável. Esporte é o carro-chefe, mas não o único.
E o dono disso tudo acha que é possível fazer algo semelhante em São Lourenço da Mata, subúrbio pobre de Recife que abrigará uma das 12 sedes da Copa de 2014.
Seu nome é AEG ou Anschutz Entertainment Group, maior proprietário de equipes e eventos esportivos do mundo, também das arenas mais lucrativas do planeta e o segundo no ranking de negócios de shows e concertos.
Uma daquelas empresas que, previu-se, desembarcaria no Brasil por conta da Copa e da Olimpíada. No caso, a convite da Odebrecht, construtora do estádio pernambucano e de outras três arenas do Mundial -Fonte Nova, Maracanã e do corintiano e controverso Itaquerão.

NEGÓCIO NOVO
“Depois do carro e da casa própria, o próximo desejo do brasileiro é o entretenimento”, sintetiza Fernando Jens, da OPI (Odebrecht Participações e Investimentos), braço da construtora baiana que prospecta novos negócios.
Entretenimento de fato é um novo negócio no Brasil.
Se sobram atrações internacionais no país neste momento, faltam espaços, tecnologia e expertise. “Temos amplas condições de repetir em Recife o que fizemos em Los Angeles”, diz Bob Newman, da AEG Facilities, a parte que cuida de estádios e arenas -são, no total, 50 divisões, ainda que a empresa se considere “familiar”.
O executivo, apesar de soar retórico, refere-se ao modelo de empreendimento planejado em São Lourenço da Mata. Em uma área pública de 250 hectares, o estádio será o catalisador da Cidade da Copa. No papel, são 9.000 unidades residenciais, escritórios e equipamentos -hospital, shopping, escola etc.
A receita é simples: o estádio atrai gente e gente atrai negócios, que atraem mais gente, que justificam o estádio. “O bom desse modelo é que não temos amarras. Se depois do estádio percebermos que, no lugar de construir um shopping, é melhor erguer uma universidade, é só alterar a rota”, afirma Frederico Campos, da OPI.
A receita foi seguida em Los Angeles. O poder público trocou terrenos e incentivos com a AEG, que se comprometeu a criar um complexo que revitalizasse a área.
O primeiro passo foi o Staples Center, que recebe 250 eventos e 4 milhões de visitantes por ano desde o final dos anos 1990. O último, em 2010, a construção de um complexo hoteleiro encabeçado pela grife Ritz-Carlton, negócio de US$ 1 bilhão em ambiente de crise nos EUA.
“Claro, há muitas diferenças entre Los Angeles e Recife. Mas a maior delas é que Pernambuco cresce a dois dígitos por ano”, diz Newman.


O jornalista JOSÉ HENRIQUE MARIANTE viajou a convite da AEG/Odebrecht

 

Convencer times e explicar PPP viram desafios para o consórcio

DO ENVIADO A LOS ANGELES

Principal atrativo da Cidade da Copa, a Arena Pernambuco vai consumir mais de R$ 530 milhões. Mas ainda não sabe quem jogará nela.
Como muitas capitais nordestinas, Recife é cidade de futebol com casa cheia. Só que são três times, Sport, Náutico e Santa Cruz, com estádios e orgulhos próprios.
A primeira oferta foi recusada por todos: mandar 20 jogos por temporada na nova arena. Os clubes aguardam uma nova oferta até julho.
“Temos certeza de que chegaremos a um acordo quando explicarmos como eles poderão lucrar mais jogando na Arena que em seus próprios estádios”, afirma Chuck Steedman, da AEG.
Do lado da Odebrecht, a tarefa de convencimento não é menos complexa: mostrar para a opinião pública e principalmente para as autoridades fiscalizadoras que PPP é bom negócio para o Estado.
“O que falta neste país é HP12C”, brinca Fernando Jens, citando a popular calculadora financeira. Para o executivo da Odebrecht, conceitos como valor presente (quanto um valor no futuro significa hoje, levando em conta inflação e juros) são ignorados. “Na Bahia, o Estado pagará R$ 107,3 milhões/ ano por 15 anos pelo estádio. Só que dizer que a Fonte Nova custará R$ 1,6 bi é errado. Pelo valor presente, é coisa de R$ 650 milhões.” (JHM)


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Comentários:
3
  • Carlos Veloso BH disse:

    Chico, já fiz tantas contas e não consigo enxergar onde estes investidores auferem lucros que justifiquem tamanho investimento no esporte…. sinceramente, é muito dinheiro investido.
    Tenho uma tese de que esporte no mundo é lavagem brava de dinheiro.
    Se você observar, os grandes investidores no esporte mundial são “homens de negócios” não muito, digamos, sérios.
    Os poucos jornalistas, principalmente europeus, que se aventuraram a entrar nesta seara, lavagem de dinheiro no esporte, foram caladados ou não tiveram o devido espaço na mídia.
    É só uma suposição!

  • J.B.CRUZ disse:

    ¨ ELES ¨ falam com a maior naturalidade em cifras de milhões e bilhões para os gastos, enquanto a população brigam por salários miseráveis…

  • Gilmar disse:

    chico,é verdade que aqui em minas,o mineirão já ficou mais caro que o previsto?