Recebi um ótimo comentário da ex-árbitra Ana Maria Cecílio, sobre a situação da arbitragem mineira.
Ela enfoca um aspecto fundamental, no qual a imprensa não está se aprofundando: a FMF e a sua Comissão de Arbitragem, lavam as mãos e abandonam os apitadores.
Eles não têm o devido treinamento para o exercício de seu trabalho e quando suas cabeças são pedidas pelos clubes, nenhuma assistência.
Serviram para apitar a primeira fase do Campeonato, mas foram descartados nos jogos decisivos.
Isso só enfraquece o futebol mineiro em termos nacionais.
Confira a íntegra do texto na Ana Cecílio:
“Prezado Chico Maia,
Lendo sua coluna hoje no jornal O Tempo, resolvi dar um pitaco na sua conversa com os leitores.
Tendo sido árbitra e aprendido a respeitar os “colegas” que deixei na FMF e, tendo vivenciado um pouco dos caminhos e descaminhos do futebol mineiro, me incomoda muito o fato de que procuram levar o campeonato com árbitros locais até a semifinal e a partir daí os mineiros não servem mais. E a situação tendo a piorar a cada certame, com prejuízos para os árbitros da FMF que vislumbram um melhor aproveitamento no Campeonato Brasileiro a se iniciar em breve. Escreve aí – vamos assistir o Ricardo Marques (FIFA) e o Alício (que nunca deveria ter saído da FIFA) apitando a série A. Pode ser que um ou outro “sortudo” venha a ser escalado para concorrer a sorteios da Série A. No mais, espera-se uma escala aqui e outra ali, nas Séries D, C, B e campeonato feminino.
O árbitro Ricardo Marques é vedado para jogos de Cruzeiro X Atlético sem antes mesmo ter apitado qualquer clássico entre esses clubes e a FMF, através da sua Comissão de Arbitragem lava as mãos. Ficam aí fazendo propaganda de pré-temporada mas, preparam mal seus árbitros porque eles não conseguem se habilitar à segunda fase do campeonato. Vendo tanta propaganda na camiseta dos árbitros, pode-se constatar que eles servem apenas para captação de recursos de patrocínio, que poderia ser melhor aplicado em preparação e qualificação profissional. Para onde vai o dinheiro do patrocínio do BMG? quais as cifras foram investidas em 2010 e 2011? Como elas são aplicadas?
Quando estive na direção do Sindicato dos Árbitros, reformamos e equipamos uma sala no auditório da FMF, a um custo de, aproximadamente, 10.000 (dez mil reais), através de patrocínio, que nos últimos três anos deixou de ser captado pelo sindicato. Tudo pelo “profissionalismo” que não é revertido aos árbitros.
Então, devo admitir que você e o editor da Revista Placar têm razão, de que os árbitros são ruis (com muitas exceções) não só os mineiros mas em outros estados também. Com uma diferença de que em outros estados as Comissões Estaduais estão renovando o quadro de árbitros, investindo em capacitação, buscando melhorar as relações institucionais com a Comissão Nacional de Arbitragem e, por isso, seus árbitros são mais requisitados e se destacam mais. Em Minas Gerais, a direção da FMF pensa apenas no interesse dos Clubes, o que não é errado, mas deixam os árbitros de seu quadro à mercê da própria sorte.Hoje apitam no amador e amanhã na segunda divisão ou num clube campestre qualquer. Assim, é muito fácil ser presidente de Comissão de Arbitragem.
Um grande abraço e desculpe-me por escrever demais!
Ana Maria Cecílio”
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