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A pena de morte no Brasil e na Indonésia

O surfista Ricardo Santos foi assassinado por um policial militar em Palhoça/Santa Catarina, depois de uma desavença com o assassino, que estava de folga. Lembrei-me das ameaças da presidente Dilma ao governo da Indonésia por não ter aceitado os pedidos de clemência dela para o traficante brasileiro executado sábado. No Brasil, vivemos a pena de morte diariamente, mas aqui os bandidos é que determinam quem vai morrer ou ficar com seqüelas físicas e psicológicas.

Este caso de Santa Catarina, na cidade onde morava o ex-treinador mineiro e agora comentarista da TV Record, Rui Guimarães, foi por motivo fútil; um bate boca por causa do carro do PM, que estaria atrapalhando a saída da garagem do avô o surfista.

Um militar, jovem, da ativa, que teoricamente deveria ser preparado para proteger os cidadãos e lidar com situações de stress.

Mas os dados das próprias autoridades brasileiras mostram que em torno de 80% dos homicídios ou tentativas no Brasil são motivados pelo tráfico de drogas.

Li no blog do jornalista e conterrâneo Sérgio Utsch, que cobriu a execução na Indonésia, que assim como aqui, lá a corrupção é brava, mesmo com a pena de morte. (Diário da Indonésia – http://sergioutsch.blogspot.com.br/2015/01/diario-da-indonesia-cobertura-de-uma.html ).

A Folha de S. Paulo informou que o repórter Márcio Gomes e um cinegrafista da Globo foram deportados pelo governo indonésio, sob a alegação de que estavam com vistos de turistas e não de trabalho.

Mas o traficante era profissional do assunto há muitos anos e sabia os riscos que corria. Então, reclamar de quê?

MARC

Hoje li um texto no blog do Marcelo Mirisola, onde há um trecho que diz o seguinte sobre este tema:

“… Desde muito cedo Marco Archer optou pela vida à vista. Jamais pagou imposto de renda. Nunca teve talão de cheques. Na adolescência atuou junto aos cartéis colombianos, levando cocaína de Medellín para o Rio de Janeiro. Em pouco tempo se tornou um dos traficantes mais solicitados e festejados na paradisíaca Bali. O malandro carioca viajou o mundo, frequentou as melhores baladas e dormiu com as mulheres mais cobiçadas do planeta.

Em 2005, o repórter Renan Antunes de Oliveira entrevistou Marco Archer na prisão de Tangerang, na Indonésia: “Sou traficante, traficante e traficante, só traficante. Nunca tive um emprego diferente na vida. Tomei todo tipo de droga que existe”.

Indagado sobre o risco que corria se fosse pego traficando drogas na Indonésia, disse: “Ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas. Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi. Não posso me queixar da vida que levei”…”

https://br.noticias.yahoo.com/blogs/marcelo-mirisola/vida-leva-eu—marco-archer—1962-2015-171952040.html


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Comentários:
21
  • Claytinho ( Nova Vista/BH ) disse:

    “O Presidente da Indonésia pediu respeito às leis do seu País”.

    Dona Dilma, pare de mi, mi, mi. Pare de jogar pra galera. Se a Sra. não é capaz de por ordem nem no seu quintal, pelo menos saiba respeitar as leis de outro País. O “coitadinho” que a Sra. divulgou nota de indignação pela sua morte, ao infringir uma lei de outro País, assumiu o risco. Se aqui “na casa da Sra.” é essa bagunça, onde os bandidos se sentem encorajados a cometer qualquer tipo de crime, a Sra. pode até não acreditar, mas existem sim Países mais sérios onde as leis são cumpridas.

    Deixando claro que estou me referindo à transgressão de uma lei. E não sobre a pena de morte. Porque aí já seria um outro debate.
    Então dona Dilma, tente primeiro colocar ordem na sua casa, pra depois dar palpite na casa do outro…

  • Rodrigo Galodoido disse:

    Excelentes comentários.
    Mostram o nível de lucidez dos freqüentadores deste blog.
    Parabéns Chico Maia.

  • Thiago disse:

    Quantos brasileiros morrem na fila do hospital sem ter a ‘clemência’ do governo?

  • Não sei se é ignorância ou hipocrisia,más fico absurdado quando comentam crime praticados por PMs e ‘não deveria ter matado pq é pago para defender e preservar vidas
    ‘ principalmente os que envolvem disparos de armas de fogo e morte ,até parece que nem estamos em um pais onde MÉDICOS forjam operações,juízes vendem sentenças e absolvições de marginais,árbitros e dirigentes vendem resultados de jogos de futebol e escalações de atletas irregulares,deputados vendem aprovações nas assembleias,vereadores negociam aprovações de projetos nas câmaras,e logo os integrantes das PMs é que seriam exemplos de urbanidades e civismo,será que até agora não descobriram que eles são pinçados no seio das comunidades e das sociedade?
    Por favor né gente vamos deixar a UTOPIA DELIRANTE de lado né ?
    O comportamento dos jovens atualmente esta QUASE que padronizado e o lado ruim e imundo esta vencendo de goleada,e são eles que estão tendo acesso as corporações POLICIAIS através de concursos ,alguns até fraudulentos.

  • ely disse:

    até agora não vi nenhuma noticia de que a presidente ligou para familia do surfista. Mas ela ligou para familia do traficante. Isso não é uma inversão de valores? Eu particularmente sou a favor da pena de morte oficial instituida pela lei e contra, literalmente contra a pena de morte que é aplicada no Brasil, intituida pelos bandidos. Será que alguem em sã conciencia não acredita que nosso país tenha pena de morte? Temos inclusive a pena de morte que ocorre em nossos hospitais, onde a fila pra morte é assutadora, onde pra se ter uma ideia doenças mais grave só são tratadas com liminares judiciais.

  • Márcio Amorim disse:

    Correção: Nos Estados Unidos, muitos foram julgados, jurando inocência.

  • Márcio Amorim disse:

    Caro Chico!
    Com a devida permissão do autor, prefiro comentar a opinião do Stefano Venuto, sempre lúcida.

    Em épocas passadas, já fui a favor da pena de morte. Talvez fruto da inexperiência da adolescência, via nela uma solução. Com o passar do tempo, somos tomados por pensamentos religiosos e filosóficos mais profundos, até entender a gravidade de se tirar uma vida humana.

    O adolescente vive na superfície; a maturidade o mergulha nas profundezas do mistério da existência. E, ao final, ninguém sabe nada de nada.

    Definitivamente, não é solução. Ainda me resta uma dúvida sobre traficantes e estupradores, principalmente de crianças. Atualmente, trabalho com a hipótese de penas rígidas e nem tanto radicais.

    Comecei a mudar de opinião quando assisti ao filme “O caso dos irmãos Naves”, conhecido por todos. É um exemplo velado de “pena de morte” equivocada, porque, afinal, tiraram-lhes o direito de viver uma vida limpa.

    Como seres expostos a erros podem decidir sobre quem vive ou quem morre? Quantos irmãos Naves amargam penas injustas nas cadeias brasileiras?

    Nos Estados Unidos, muitos foram executados jurando inocência. No Brasil, provas são “plantadas” e as vítimas passam uma vida na cadeia injustamente. Polícia despreparada, judiciário despreparado, quando não corruptos.

    Abstive-me de comentar o caso em questão porque acabei de ler um trecho aqui no blog que eu desconhecia. Réu confesso, assumido, destemido e inconsequente.

    Parece (vejam bem, parece) que ele se achava no Brasil e que poderia reverter o quadro com base no que faria se aqui estivesse: corromper alguém com alguns milhões e… pronto!

    Nossos julgadores dos supremos são indicados politicamente. Muitas vezes, pessoas sem a mínima competência, tipo este tal de Tofolli, para atender interesses imundos, para blindar políticos imundos. Como poderiam decidir sobre a vida de alguém? Grande abraço!

  • ALECSANDRO disse:

    O comentário do Frederico Dantas foi perfeito, concordo plenamente com suas palavras…O malandrão com o rei na barriga foi brincar com fogo e se queimou até ‘virar cinzas’,literalmente.

  • Rafael disse:

    E a presidente não fica indignada com os que morrem pela violência do dia-a-dia no Brasil, no trânsito nas cidades, nos acidentes nas estradas, pelas mãos das nossas polícias mal treinadas, pelos que morrem de fome.

    É o que digo, corrupção tem em qualquer país, no pior e no melhor do mundo.

    A questão é que no Brasil ela prejudica muito mais que em outros lugares, prejudica muito!

    O país e seus governantes federais, estaduais e municipais, assim como os poderes legislativo e judiciário, torram dinheiro, jogam pelo lixo bilhões e bilhões e aí pagamos com muitas mortes.

  • Alisson Sol disse:

    Excelentes comentários de todos, que só me deixam a acrescentar o que vejo no exterior que diferencia países e, até mesmo estados.

    Por exemplo, é interessante ver nos EUA como cada estado tem leis diferentes, e as aplica de maneira diferente. Se você considera as execuções por estado nos EUA (link) fica óbvia a desproporcionalidade entre os estados “quentes” e os estados “frios”, com os primeiros tendo muito mais execuções.

    O que vejo, e que vai de encontro ao comentário do Stefano, é que nos estados “frios” há um enorme esforço para evitar que o bandido surja. Há uma educação mais rígida, começando com a família, e depois a escola. Há uma punição mais severa e imediata da desobediência à lei. E, finalmente, há medidas que tentar diminuir as oportunidades de negócios ilegais. Veja na lista a posição dos dois estados americanos que legalizaram o comércio de maconha, Washington e Colorado. Previam o “fim do mundo” nestes estados, mas o que ocorreu foi que, de repente, o mercado ilegal desapareceu. Claro que o caminho não é a “legalização de toda atividade ilegal”. Mas uma medida inteligente aqui, outra ali, e no final sua força policial tem bons salários, bom treinamento, e um número limitado de problemas nos quais focar. Faz uma enorme diferença.

  • Mauricio Sepultura - Serrano disse:

    Tomara que ele queime no inferno. Quantas familias ele deve ter destruido, enquanto traficava.

  • ivan junior disse:

    Vivemos em um pais que valoriza a malandragem. Nossas leis sao fracas e propositalmente cheia de brechas onde apenas os bandidos tem direitos humanos. A partir da adolescencia vemos inumeras atrocidades sem o devido apenamento. Se este e outros brasileiros foram condenados a morte nao ha do que se reclamar pois os tais quebraram a lei de um pais. Lei esta amplamente conhecida pois outros estrangeiros cumprem penas la pelos mesmos crimes. Sou a favor da.pena de morte bem como sou a favor de um pais com educacao, saude, seguranca, etc.

  • Frederico Dantas disse:

    Belo comentário, Stefano.

  • Rodrigo Galodoido disse:

    Falou e disse Chico Maia.
    E vem gente idiota defender o traficante. Quantos morrem e morrerão por causa do tráfico? De overdose e assassinato?
    E o cara sabia da lei e se arriscou, desafiou a lei de outro país e se deu mal. Devia estar acostumado a pagar propina pra não ser preso na América do Sul.
    Quem planta, colhe…

  • Célio Batista disse:

    ” Sou traficante, traficante e traficante, só traficante. Nunca tive emprego diferente na vida. Tomei todo tipo de droga que existe. Ora, em todo lugar do mundo existe lei para serem quebradas. Se eu fosse respeitar as leis nunca teria vivido o que vivi. Não posso me queixar da vida”. Este excremento deve ter destruído centenas de lares, muitos policiais e civis morreram pelo seus atos. Na realidade não merecia, nem um gasto de telefonema do governo, para Indonésia. E a Dilma, ficou indignada com sua morte. Ah!! para.

  • J.B.CRUZ disse:

    É a eterna luta do BEM contra o mal..
    Para cada AÇÃO, uma reação..
    As LEIS são feitas justamente para que o ser humano viva; e BEM, em sociedade..VIVER e CONVIVER…
    O meu DIREITO acaba quando começa o DIREITO dos outros..
    JÚLIO CEZAR ás 6:49, disserta bem em seu comentário, o comportamento humano de um modo geral; e a diferença entre BRASIL e o resto do mundo, quanto ao cumprimento das LEIS VIGENTES em seus respectivos Países..
    Aqui, o próprio governo lidera a IMPUNIDADE, o descumprimento das LEIS e repassando á população o ônus dos seus erros…

  • Dudu GALOMAIO BH disse:

    “Não posso me queixar da vida que levei”… dito isto pelo traficante executado, o que lamentar?

  • marcelosat disse:

    Enquanto o pais continuar a endeusar o malandro, exibindo-o como o cara que se dá bem, o esperto sobre o resto de nós, os otários, vamos conviver com essa inversão de valores.
    O brasileiro de um modo geral não tem a palavra “consequência” no seu dicionario. Tudo tem consequência… E o tal do Archer sabia delas e escolheu ir em frente mesmo sabendo dos riscos….. É como o cara que anda a 200 km por hora e depois reclama que foi multado….
    O que não dá é pra sermos paternalistas e viver passando a mão na cabeça de quem, sabidamente, faz escolhas de alto risco que dão errado.
    Outra coisa tentar justificar que o pais “A” ou “B” também é corrupto e tem suas mazelas. Ora, todos tem….. é por isso que existem leis. A diferença está e faze-las saltar do papel pra vida e lá, na Indonésia, pelo menos essa saiu – nem que tenha sido pra dar um recado a estrangeiros “festivos” e dar uma satisfação a sua população – aqui nem isso vemos

  • Frederico Dantas disse:

    a. Sou contra a pena capital. Acho que NINGUÉM, nem mesmo o estado, tem o direito de tirar deliberadamente a vida de uma pessoa.

    b. Estou cag@#do e andando para este tal Marco Archer. Deveria apodrecer numa cadeia em qualquer lugar do mundo.

    c. Acho que o estado brasileiro fez o correto ao pedir clemência para um cidadão seu que seria executado no exterior. Como a execução como pena criminal não faz parte do conjunto de valores da leis brasileiras, pelo menos questionar isso deveria ser feito.

    d. O pedido de clemência era para que o bandido não fosse executado e não para que fosse liberado como muito gente andou pensando e falando. Caso o pedido tivesse sido bem sucedido a pena teria sido comutada para prisão perpétua.

    e. Chamar um embaixador para consultas depois de ter o pedido negado também faz parte do mis en-scéne diplomático. A Holanda fez exatamente a mesma coisa que o Brasil. Pediu clemência por não concordar com a pena capital e, depois de ter seu pedido negado, chamou o embaixador para consultas. Isso é normal.

    f. Acredito que, na verdade, o estado brasileiro está pouco se lixando com a negativa do pedido de clemência. Ele apenas cumpriu suas formalidades. Pedido negado? Vida que segue. A imprensa brasileira e bang-bang das redes sociais é que estão transformando este pedido de clemência protocolar numa celeuma.

    g. Não! A Indonésia não é terra da tolerância zero e nem exemplo de mundo civilizado onde o crime não tem vez. Está longe disso. E tem valores, no mínimo, questionáveis, sob a ótica ocidental. Ao mesmo tempo em que foi inflexível negando clemência para um brasileiro e um holandês por tráfico de drogas, está fazendo um pedido de clemência à Arábia Saudita para uma indonésia que foi condenada à morte por assassinar e roubar pessoa que lhe empregava.

  • Stefano Venuto disse:

    Como ser humano e cristão eu acho muito estranho que as pessoas estejam aplaudindo a aplicação da pena de morte ao brasileiro, mas o que se observa nesse cidadão é que ele, como a maioria dos brasileiros, teve sua vida movida pela impunidade. Não são penas mais extremas que diminuem a criminalidade, não é acabar com o bandido, é evitar que eles surjam, e é evitar que eles ao cometerem um crime, não recebam a punição adequada por ele. Podem me chamar e demagogo, mas eu nunca vou aplaudir a pena de morte, principalmente num país como o nosso com tanta desigualdades e exemplos negativos vindos de cima.

  • Julio Cesar disse:

    Bom dia ! La ha corrupção que existe em qualquer buraco do planeta. A diferença é o nivel , o combate e principalmente a punição aplicada !
    Brasil, um pais onde todo tipo de atrocidade é cometido; estimula-se a opção pela malandragem e pelo crime porque as punições são pifias. Principalmente com “menores” que deitam e rolam. E nada, absolutamente nada é feito. Nem ideias e a minha tenho muito clara. Haja punição severa, pelo menos prisão perpetua inclusive e principalmente para “menores”. Sem clemencia. Sem “premio por bom comportamento”. Trabalhando em uma fazenda plantando milho, feijão pra custear sua “diaria” na cadeia com uma tornozeleira limitando ao maximo seu deslocamento e bem monitorado.
    Tinha que ter bom comportamento era antes, fora da cadeia.
    Que moral temos pra questionar a Indonesia ? Ah, o terrorista pegou so 20 anos ! Tambem merecia pena de morte.
    Desculpem o desabafo mas pra mim (que ja passei dos trinta) o resto é mesa redonda, motivo pra conferencias, debates e bla-bla-blas sem nenhum resultado concreto.
    Governantes, juizes e outras autoridades não fazem nada. Estão com escolta, seguranças, carros blindados.