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O dia em que Garrincha jogou pelo Cruzeiro e a diretoria do Democrata de Valadares tomou a maior vaia da história do Estádio Mamudão  

Mané, com a camisa estrelada (Arquivo Pessoal/Luizinho Alves)

Ontem o “craque das pernas tortas” estaria completando 89 anos de idade e foi lembrado na imprensa por gente do mundo inteiro, bem como suas histórias.

Uma delas, escrevi aqui no blog em 2013 e me lembrei dessa, ótima, que tinha lido no livro A Estrela Solitária, do genial Rui Castro, também no blog Toque Di Letra, do jornalista Vinícius Dias, e numa ótima reportagem do Marco Antônio Astoni e Diego Souza, no Globoesporte.com, no dia 13 de janeiro de 2013, quando o Brasil lembrava dos 30 anos da morte do “Mané”.

Vale a pena ler de novo: Garrincha no Cruzeiro: duas assistências, 45 minutos em campo, eterno na história

Em 30 de janeiro de 1973, em Governador Valadares, o craque

da Copa de 58 vestiu a camisa azul e brilhou ao lado de Evaldo

Vinícius Dias

Aquela seria uma das últimas vezes que Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha, percorreria o caminho entre os vestiários e o gramado. O palco era o estádio Magalhães Pinto, atual Mamudão, em Governador Valadares, cidade que completava 35 anos naquele dia 30 de janeiro de 1973. Sob a camisa 7 da seleção, que várias vezes vestira entre 1955 e 1966, Mané trazia o manto celeste. Marcada por controvérsias, a passagem do craque bicampeão mundial pela Raposa durou 45 minutos. Tempo suficiente para ficar guardada na história.

“Garrincha conversou comigo e perguntou como ele jogaria. Eu respondi: ‘da forma como você sempre joga, como você sabe'”. São as palavras de Benecy Queiroz, técnico do Cruzeiro naquele dia. Conforme relata o atual supervisor de futebol celeste ao Blog Toque Di Letra, o ponta-direita, a princípio, defenderia o Democrata, time local. Porém, um desacerto com o treinador da Pantera mudou os rumos daquele amistoso. Aos 39 anos, o ‘Mané’ reforçou o time misto da Raposa.

“Umas duas horas antes do jogo, nós fomos procurados pelo agente do Garrincha. O técnico do Democrata disse que não ia colocá-lo para jogar, porque ele não tinha treinado com a equipe”, rememora Benecy. Quando questionado sobre a possibilidade de ‘Mané’, melhor jogador da Copa do Mundo de 1958, atuar pelo Cruzeiro, foi enfático. “Com prazer, Garrincha será nosso titular absoluto”, respondeu Queiroz.

‘Ele era atração’, diz Evaldo

Principal nome daquela equipe mista da Raposa, o centroavante Evaldo se lembra, com orgulho, da inédita parceria com o avante das pernas tortas. “Mesmo fora de forma, ele era a atração. Garrincha não precisava nem de chutar a bola. Só de ele entrar em campo, já era uma festa”. Ele não se contentou e foi decisivo. Antes de deixar o campo, fez dois cruzamentos que resultaram em dois gols de Evaldo, ambos de cabeça. O meia Aender fez o terceiro do jogo: 3 a 0.

O aniversário era de Governador Valadares. A festa, no gramado, era de Garrincha, que, oficialmente, havia se despedido do futebol um ano antes, com a camisa do Olaria. Mas, Evaldo, uma espécie de convidado especial, jamais se esquecerá. “Foi um prazer. Pelo Fluminense, eu já havia jogado contra ele no Botafogo e sempre o admirei. Era um cara muito simples e dentro de campo era um fenômeno”, diz. “Foi bom que ele ficou do nosso lado e virou história”, completa.

‘Partida que marcou a vida’

Sentimento partilhado por Benecy Queiroz, que, na época, era um jovem preparador físico. “Foi uma emoção enorme. Eu já conhecia o Garrincha e era fã, então foi uma ocorrência excepcional”, conta o atual supervisor de futebol, que está há 45 anos no clube estrelado. “Fiquei felicíssimo com a oportunidade de ter sido treinador do Garrincha por um dia. E o Cruzeiro deu muita sorte de tê-lo nessa partida. Essa é uma daquelas coisas que marcam a vida de um profissional”.

Comentário de leitor:

Poeta Carlos Cunha BH – MG08 janeiro, 2022

Tive o prazer de vê esse time dias depois se apresentar em São Francisco MG e tive com Beneci Queiroz que celebrou vê Mané jogar pelo Cruzeiro e fui carteiro do casarão da Amazonas 2746 nessa ocasião e aquele gigante Cruzeiro máquina de fazer gols c’ Nelinho Joãozinho Palhinha e Jair furacão e a libertadores Inédita 1976!
Evaldo artilheiro da taça Brasil 1966 e aquele quinteto azul ofusca o quinteto do Santos. Dorval Mengalvo Coutinho Pelé e Pepe deixaram marcas profundas no coração de todos os apaixonados torcedores..

Natal, Evaldo, Dirceu, Tostão e Hilton.

Dorval 86 anos (26’2’1935-30 dez 2021)

Evaldo faz 77 anos 9 Jan de 2022

https://toqdiletra.blogspot.com/2014/11/garrincha-no-cruzeiro-eterno-na-historia.html

Democrata-MG nega Garrincha,
e Cruzeiro ganha ídolo por um dia”

Em 1973, bicampeão mundial disputou amistoso com a camisa azul após técnico da equipe de Governador Valadares não aceitá-lo na equipe

Marco Antônio Astoni e Diego SouzaBelo H

19 de janeiro de 2013

Luizinho, capitão do Democrata, poderia ter sido colega de Garrincha por um dia. Mas foi adversário.

– O Cruzeiro contava com jogadores como Vítor, Pedro Paulo, Misael, Aender, Toninho Almeida, Evaldo e Joãozinho. Por uma divergência com versões diferentes na época, Garrincha jogou pelo Cruzeiro, que venceu por 3 a 0, com dois gols de Evaldo e um de Aender – recorda.

Garrincha entrou em campo com a camisa da seleção brasileira e foi ovacionado pela torcida valadarense, que ainda não sabia que ele jogaria pelo Cruzeiro. O craque tirou a camisa amarela, a entregou para Luizinho e revelou a camisa azul com a qual jogaria. O público não perdoou e deu uma longa vaia nos dirigentes do próprio time, já que a negativa da Pantera em ter Garrincha já era noticiada pelas emissoras de rádio.

– Ouviu-se na oportunidade uma das mais estrondosas vaias do torcedor valadarense – lembra Luizinho.

Benecy Queiroz até hoje não entende a atitude do time de Governador Valadares. E comemora que tenha sido assim.

– Não consigo entender por que eles perderam a chance. Quem ganhou foi o Cruzeiro. O Garrincha nos foi apresentado duas horas antes do jogo. Ele nem chegou a almoçar conosco, já foi direto para o estádio. Foi uma surpresa. Na verdade, ficamos gratos por ter um jogador da grandeza de Garrincha no Cruzeiro.

https://ge.globo.com/mg/noticia/2013/01/democrata-mg-nega-garrincha-e-cruzeiro-ganha-idolo-por-um-dia.htm

Ontem, o técnico do Botafogo, o português Luís Castro prestou homenagem a Garrincha em rede social — Foto: Reprodução/Twitter (Globoesporte.com)


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