Blog do Chico Maia

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O maior lateral e batedor de faltas da história completa hoje 73 anos, bem vividos. Parabéns Nelinho!

Em foto que circulou muito na internet ano passado, “resenha” de mitos de verdade no apartamento do Marcelo Oliveira: Nelinho, entre Paulo Isidoro (esq.), Marcelo, Reinaldo, João Leite e Toninho Cerezzo.  

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Quem viu, viu. Quem não viu, só por vídeos que, felizmente, lotam a internet. Vai demorar para o mundo ver em ação novamente um lateral direito e batedor de faltas como o Nelinho.

Tive o privilégio de vê-lo jogando, e privilégio maior ainda de conviver com ele, como repórter setorista. Dentro e fora de campo um ser humano espetacular. De personalidade ímpar, sincero, foi o primeiro jogador a ter coragem de contestar abertamente a imprensa, num tempo em que a palavra de determinados comentaristas soava como lei, para pressionar dirigentes e fazer a cabeça dos torcedores, contra ou a favor de quem não rezasse em suas cartilhas.

Apesar de ser um dos maiores astros do futebol brasileiro enquanto jogou, era de uma simplicidade impressionante, com todos que o abordavam.

Contador de histórias como poucos sabem contar, mantém o carisma dos tempos em que assombrava os adversários quando partia com a bola dominada ou corria para bater uma falta.

Sou fã do “Seu Manoel”, com quem aprendi muito para ser um bom repórter. Dos poucos jogadores que prestavam atenção em todas as perguntas que lhe faziam, palavra por palavra. Se o entrevistador não estivesse preparado, pagava mico, porque ele não perdia a chance de constrangê-lo. E de forma educada, didática, sem arrogância.

Fui procurar textos sobre ele para essa homenagem e fiquei o tempo quase todo em meu próprio blog, em que sempre escrevi demais sobre, sempre citando como referência positiva de alguma coisa.

Destaco a seguir, detalhes da ida dele do Cruzeiro para o Atlético; o exemplo dele de saber a hora de parar de jogar (grande dificuldade de incontáveis craques) e o dia em que ele, Sócrates e Raul, já ex-jogadores, bateram um papo sobre tudo, numa promoção do Jornal Diário de Pernambuco, em Recife. No fim, indico o link do Terceiro Tempo/Uol, do Milton Neves, que mostra vídeos e conta história sensacionais sobre ele:

Começo com o que escrevi no dia 11 de setembro de 2020, quando Victor estava em fim de carreira, teimava em continuar jogando, e o Galo acabava de contratar o Everson:

A possível estreia do goleiro Everson e o grande exemplo do Nelinho na hora de parar

… No futebol brasileiro imperam o paternalismo e saudosismo. E nem todo grande jogador sabe a hora certa de pendurar as chuteiras e partir para outra atividade profissional, no futebol ou fora dele. Nessas situações sempre me lembro do Nelinho, que aos 36 anos jogava muito e continuava sendo o maior cobrador de faltas do nosso futebol. Mas, marcou a data do jogo de despedida e não abriu mão. Mesmo com tantos apelos para que continuasse por mais um ano jogando no Atlético. Numa entrevista a mim, na Band, ele disse: “Vocês que hoje dizem que devo jogar mais um ano, serão os primeiros a me detonarem no primeiro lance em que eu não conseguir acompanhar o ponta e o Atlético tomar o gol”.

Claro que ele tinha razão. No mesmo ano de 1986, jogava e pedia votos para deputado estadual pelo PDT. Foi eleito e no inicio de 1987 fez o jogo de despedida no Mineirão. Um sucesso, casa cheia. Parou por cima…

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24 de dezembro de 2017

Lembranças do dia em que Nelinho trocou a Toca da Raposa pela Vila Olímpica

João Leite, Nelinho, Batista, Elzo, Heleno, João Paulo e o vice-presidente de futebol Ivo Melo (que convenceu ao presidente Elias Kalil a tirar Nelinho do Cruzeiro); Sérgio Araújo, Paulo Isidoro, Tita, Éverton e Edvaldo. Foto – CAM

Ontem pela manhã o Alexandre Simões escreveu uma ótima reportagem no portal do Hoje em Dia, reavivando a memória de todos nós contando a história da troca de lado por um jogador da prateleira de cima, que realmente mexeu com o nosso futebol. Nelinho saindo do Cruzeiro e indo para o Atlético.

Eu era repórter da Rádio Capital e tive o privilégio de cobrir o dia a dia do Galo naquela época. Só não concordo com a pergunta que o Alexandre faz no título da reportagem: “Fred no Cruzeiro: um troco depois de três décadas e meia?”.

Não dá pra comparar. Nelinho era, simplesmente, o maior lateral direito do país, um dos mais badalados do mundo.

Confira:

* “Foram 105 gols em 410 jogos. Isso lhe garante a 13ª posição no ranking dos principais artilheiros da história do clube. Mas num determinado momento da carreira, já veterano, ele agitou a maior rivalidade mineira trocando de clube em Belo Horizonte. Não é de Fred que estou falando. O personagem é Nelinho, o maior lateral-direito da história cruzeirense e que encerrou a carreira vestindo a camisa atleticana.

A troca de lado de Nelinho aconteceu em 1982, logo após a disputa do Campeonato Brasileiro, que naquela época era a primeira competição do ano. Considerado “laranja podre” pelo técnico Yustrich, que assumiu o time após a eliminação precoce na competição nacional, ele deixou a Toca da Raposa e foi para a Vila Olímpica.

No Atlético, em cinco anos, foram quatro títulos mineiros, três semifinais de Campeonato Brasileiro e 52 gols em 274 partidas. Inicialmente, o cruzeirense comprou a ideia do novo treinador e da diretoria. Mas esse sentimento logo se transformou em depressão, pois o antigo ídolo logo se transformou num dos destaques do rival.

O último jogo de Nelinho pelo Cruzeiro foi em 20 de março de 1982, uma derrota de 1 a 0 para a Anapolina, de Goiás, no Mineirão, que decretou a eliminação do time comandado pelo técnico Brito do Brasileirão daquele ano.

Em 2 de maio do mesmo ano, um jogo pela Taça dos Campeões, torneio criado para manter em atividade os clubes eliminados do Brasileirão, levou 52.328 pagantes ao Mineirão. A atração era justamente a estreia de Nelinho num time quase reserva do Atlético, pois Luizinho, Toninho Cerezo e Éder já estavam treinando na Seleção Brasileira, para a disputa da Copa do Mundo da Espanha, e Reinaldo estava machucado..

Foto: Placar

Luís Antônio, Nelinho, Mundinho, Marquinhos, Zézinho Figueroa e Luís Cosme. Agachados: Eduardo, Eli Carlos, Tião, Erivelto e Joãozinho.

Afinal, Nelinho não era laranja podre. Muito pelo contrário. Era o maior lateral-direito da história do futebol mineiro. E o cruzeirense, acostumado com sua qualidade e gols por quase uma década (1973 a 1982) foi obrigado a seguir acompanhando o seu sucesso com camisa rival…”

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20 de janeiro de 2012

Início de temporada muita gente gosta de partir para o oba-oba e encher a bola de jogadores contratados.

Na ânsia de agradar a dirigentes, mesmo sabendo que o torcedor pode estar sendo iludido, falam em “reforços” que chegam e nem tomam o cuidado de alertar que todo contratado pode dar certo ou não.

Como repórter, um dos jogadores que eu mais gostava de entrevistar era o Nelinho, que nunca falava asneira, nem ficava na mesmice da maioria dos jogadores.

Como ouvinte, sempre gostei dos seus comentários. Era um dos melhores comentaristas da Rede Globo. Pena que durou pouco, pois se cansou rápido da vida de imprensa, que trabalha bastante e ganha pouco.

Felizmente Nelinho sempre soube administrar o que ganhou e vive vida de empresário bem sucedido, que não precisa de trabalhos paralelos para completar sua renda.

Foto: Superesportes

Esta semana ele foi homenageado pelo Cruzeiro, no Hall da Fama da Toca da Raposa, e deu a seguinte resposta sobre o Cruzeiro para esta temporada:
“A montagem do grupo é sempre atrelada à realidade do clube e quem conhece essa realidade é a diretoria. Não adianta ficar pensando em grandes jogadores, atletas de nível de seleção, se não tem dinheiro para pagar. Você não consegue fazer com que esses jogadores venham e se sintam bem financeiramente. Dentro da realidade do Cruzeiro, o que a diretoria conseguiu fazer foi isso.

O material humano do Cruzeiro, no momento, não é melhor nem pior do que o de outros clubes do Brasil. Com os jogadores que estão aqui, o Cruzeiro pode chegar a uma final de Copa do Brasil, à ponta de um Brasileiro ou alcançar a Libertadores tranquilamente. Basta planejar-se da forma correta”.

21 de agosto de 2015

Foto: @Cruzeiro

Marcelo Mineiro perguntou aqui no blog: “Nelinho foi escorraçado do Cruzeiro, alguém poderia me responder?”

Foi uma situação parecida com a que o Marcos Rocha vive no Atlético. A torcida pegava demais no pé dele e achava que ele era o culpado pelos péssimos resultados do time, que entretanto, só tinha ele e o Joãozinho como “diferenciados”, craques mesmo. As outras feras pararam ou foram negociados de forma equivocada pela diretoria que em menos de um ano acabou com o time que era chamado de “velho” por grande parte da imprensa. O saudoso Aldair Pinto, grande radialista, fundador e comandante da charanga do Cruzeiro cansou-se de alertar ao presidente Felício Brandi, no ar, pela Rádio Capital:

__Presidente, não vá na onda de muitos comentaristas que estão fazendo a cabeça da torcida, dizendo que o time está velho. Isso é conversa.

Mas Felício não ouviu o Aldair e também acreditou que as críticas eram corretas. Piazza foi um dos primeiros a sair e ali começava um dos piores períodos da história do Cruzeiro.

Thiago Prado Oliveira comentou sobre o Nelinho:

Foto: Globo Esporte – Manoel Rezende de Mattos Cabral em foto recente quando comentava no Globo Esporte

…”excelente comentarista, pena que as emissoras não deem oportunidade pra ele…”

Não é isso caro Thiago; é exatamente o contrário: Nelinho é que, gentilmente, recusa todos os convites. Ele chegou a ser comentarista da Globo por alguns meses mas se cansou logo. Nem tanto pelo cachê que era baixo, mas por ter que ir para estádio de futebol nos meios de semana, sábados e domingos, além de não poder almoçar todos os dias com a esposa e filhas, coisa que ele não abre mão. Aguentou concentrações e viagens a vida toda e depois de realizado profissionalmente só quer saber de curtir a família, os amigos e fugir de estresse.

É realmente uma figura diferente!

***

11 de dezembro de 2011

Agradeço ao colaborador do blog, Evandro, que enviou este ótimo texto do Cassio Zirpoli, jornalista do Diário de Pernambuco, relatando um evento onde Sócrates e outros grandes nomes do futebol brasileiro abriam o coração e contavam histórias da melhor qualidade.

Entre os ex-craques, Nelinho, o maior chutador que vi, um dos melhores laterais do mundo e uma figura humana sensacional.

Vale a pena ler:

Leitura de fim de semana: uma cerva e um papo com Sócrates, Nelinho e cia.

* “Cerveja, futebol, medicina e política

Sócrates nunca negou que gosta de uma boa cerveja gelada. Aos 54 anos, ele admite que gostaria de parar de fumar, mas ainda não conseguiu largar o vício. Carismático, o ex-craque do Corinthians e da Seleção Brasileira roubou a cena ontem à noite, durante o evento Toque de Classe, que aconteceu nos Aflitos, e que também contou com a participação dos ex-craques Paulo Cezar Caju, Nelinho e Raul Plassmann. Zé do Carmo e Lúcio Surubim foram os convidados especiais.

Bastava um dos amigos começar a falar na palestra para “Magrão”, como o doutor também era conhecido nos gramados, começar a provocar, com muito bom humor.

Paulo Cezar Caju, organizador do evento, abriu a palestra, após um vídeo com grandes momentos de sua carreira, no futebol carioca.

“Essa idéia surgiu quando eu estava no Rio de Janeiro, lançando a minha biografia”, dizia PC, até que…

“Mas você está gordo, hein?!”, gritou Sócrates, que ainda não havia sequer sentado à mesa de debate. O ex-meia aproveitava os últimos instantes para pedir mais uma cerveja no balcão.

Paulo Cezar tentou conter o riso e seguiu falando. Passou a apresentar os demais integrantes do Toque de Classe.

Tranquilão, Sócrates finalmente subiu no palco armado no bar Spirit Hall.

Olhou para a platéia (mesas lotadas), e comentou de leve:

“Mas só tem homem aqui… Não tem jeito. As mulheres gostam mesmo é do Raí”, numa clara referência ao irmão mais novo, ídolo do São Paulo nos anos 90.

Quando Zé do Carmo brincou com a fama de boêmio de Paulo Cezar Caju (“Ele era o negão das louras”), Sócrates completou: “Eu adoro uma loura também. Gelada”.

Entre um chope e outro, Sócrates relembrou alguns ‘causos’ que marcaram a sua carreira. Em um deles, contou sobre a excursão do Timão ao México, na década de 1980, com a companhia de Paulo Cezar Caju, já veterano na época.

“Numa folga lá, fomos para um bar e começamos a beber cerveja. Paulo chegou falando francês e pediu champanhe. Olhei desconfiado, mas a diversão do grupo seguiu. Depois, ele pediu mais uma taça. Minutos depois, Paulo foi para o banheiro. E nunca mais voltou. Estava sem dinheiro. Os outros jogadores tiveram que pagar a conta dele. E ali nascia a ‘Democracia Corintiana’”, disse Sócrates, contextualizando o episódio com o movimento que entrou para a história do clube paulista, no qual todas as ações eram decididas no voto, entre todos os funcionários.

Apesar das brincadeiras, também houve espaço para seriedade, como no momento em que falou sobre o jogador brasileiro.

“O jogador brasileiro é uma criança, e é fácil de ser manipulado. Um jogador só deveria se profissionalizar se tivesse pelo menos o ensino fundamental. Mas não… O cara nasce na favela e quer sair do buraco jogando bola, como o ídolo dele, que nunca estudou também. Ele precisa estudar, porque se não der certo no futebol, já teria um caminho para conseguir outra formação”.

Depois, criticou o modelo de gestão da maioria dos clubes brasileiros (após ser questionado sobre a situação do Santa Cruz).

“Não existe um modelo padrão para comandar um clube. O que existe é uma boa gestão. Não tem mais espaço para aquele dirigente cego pelo time, que faz tudo pelo seu clube do coração, mas que não é preparado para a função. O dirigente precisa ser profissional e responsável. A legislação precisa passar a punir de vez os responsáveis pelas grandes crises nos times”.

Finalizou comentando sobre o gol mais bonito. A resposta foi curiosa…

“Não lembro de um gol mais bonito. O que eu tinha mais prazer mesmo era dar o passe para o gol. E aí, todos foram bonitos”.

http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/?p=1276

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Terceiro Tempo/UOL

Na seleção brasileira de 1974, Copa da Alemanha

https://terceirotempo.uol.com.br/que-fim-levou/nelinho-1461


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Comentários:
5
  • Martens disse:

    Foto pesada !! So craques de minha infância, Falta o eterno Presidente Kalill, pai ou filho !!

  • João Brás disse:

    A Maria ficou revoltada!

  • Marlon Brant disse:

    Olá Chico, bom dia conterrâneo. O maior e melhor lateral direito do Brasil, e um dos quatro maiores do mundo. Manoel Resende de Matos Cabral, o Nelinho, cujo futebol me levou ao Mineirão pela primeira vez em 1.975 para velo jogar ao lado dos outros ídolos celestes. Somente ele pode dizer o que fez trocar o Cruzeiro pelo seu time, mas minha admiração por ele nunca mudou. E quem não gosta dele, não gosta de futebol. Trocar de clube do mesmo estado é ao normal, nós que queremos criar problemas onde não se tem. Lembra do Eder Aleixo, em 1.993 foi um dos destaques na Copa do Brasil ganho pelo Cruzeiro. Se não me engano é o maior titulo de sua carreira e sempre falou com carinho do clube, igual Antônio Carlos Cerezzo, Luizinho e tantos outros. O resto é conversa fiada de torcedor lero lero………abraços !!!!

  • Rodrigo Couto disse:

    Meu Deus é duro eu que tive a minha primeira camisa com o número 4, estrelas bordadas na maquina de costura, este Lixo foi meu idolo de infância vi Cerezo, vi Eder e vi Reinaldo usarem nossa camisa, e nunca se disseram Cruzeirenses diferente deste canalha que disse que adora a gaylo, graças a Deus Joãozinho bateu aquela fakta!!!

  • Raul Otávio da Silva Pereira disse:

    Me cansei de tentar imitar as batidas de falta do Nelinho. Com o lado de fora do pé direito, buscando o ângulo esquerdo do goleiro adversário. E forte. Claro que nunca consegui, muito menos cheguei perto, mas era o exemplo a ser seguido, e não só por mim. Todo mundo queria bater faltas como o Nelinho.

    Me lembro de uma ocasião em que ele se lesionou “gravemente”, acho que por volta de 1973 ou 1974. Na época se falava qual era o tempo de recuperação (aliás, não entendo até hoje porquê essa bobagem de não informar o tempo previsto), e foram definidos dois lonnnnngos meses (diferentemente de hoje em dia, quando qualquer pisão no pé deixa o cabôco 3 ou 4 meses fora do time). Foi um sufoco, o Cruzeiro dependia demais dele.

    Atualmente a diferença de idade entre eu e ele não é importante; somos ambos representantes da “melhor idade”. Mas há cinquenta anos atrás, tratava-se de um garoto e seu maior ídolo.

    Vida longa. E muito obrigado por todas as alegrias que me proporcionou.

    (Se estiver ainda batendo aquela pelada semanal com meu amigo Toninho Gesualdi, abraços a ele também)