O portal IG analisou o balanço do Atlético referente a 2010, que deverá ser aprovado hoje pelo Conselho Deliberativo do clube:
* Atlético-MG corta R$ 17 milhões em gastos e aplica no patrimônio
Despesas operacionais caíram de R$ 49 milhões para R$ 32 milhões. Diferença é investida no time de futebol
Victor Martins, iG Belo Horizonte
Desde que Alexandre Kalil assumiu o Atlético-MG, o clube não tem mais time de futsal, não tem mais departamento de marketing e fez corte de funcionários. De fato, a gestão atual enxugou os gastos para o funcionamento do clube e aplicou no futebol. Em números simples, o Atlético-MG gastou RS 49.083.050,00 em despesas operacionais em 2008 contra 32.208.358,00 no ano passado.
São quase R$ 17 milhões economizados em telefone, salários de funcionários, despesas de manutenção da sede administrativa, enfim, tudo que o clube precisa gastar para funcionar. Fora o futebol. “O Atlético se valorizou, gasta pouco, tem uma sede modesta, poucos funcionários, bem remunerados, mas poucos”, já dizia Alexandre Kalil em janeiro.
A diferença economizada na gestão do clube vai toda para o futebol. Se há três anos o gasto do Atlético-MG com sua equipe profissional era de R$ 44.635.152,00 por temporada, só em 2010 o clube gastou R$ 77.221.596,00.
Com mais dinheiro para investimentos, não foi apenas o futebol que recebeu os recursos. O patrimônio do clube também ganhou um tratamento especial. A Cidade do Galo, Centro de Treinamento do Atlético-MG, foi equipada com uma moderna academia de ginástica e aparelhos de fisioterapia para tratar de jogadores contundidos.
O resultado foi a eleição da Cidade do Galo como o melhor CT do país, além da valorização do imóvel. Seguindo a determinação de ajustar as finanças do clube, a direção atleticana contratou uma empresa especializada para fazer a reavaliação dos imóveis e dos investimentos do clube. Assim, o patrimônio do Atlético-MG passou de R$ 210 milhões para R$ 636 milhões.
Veja com os números como Alexandre Kalil administra o Atlético-MG
iG teve acesso aos balanços dos primeiros anos da atual gestão e revela o que mudou desde 2008
Alexandre Kalil tomou posse como presidente do Atlético-MG em 30 de outubro de 2008. Desde então, o clube passou por uma verdadeira revolução. Se antes era impossível disputar jogadores com os principais adversários do país, por falta de verbas e salários atrasados, o clube mineiro virou referência nos últimos dois anos. O Atlético-MG não só contrata grandes jogadores, vide Diego Tardelli, Diego Souza, Daniel Carvalho, como ainda busca jogadores importantes em outros clubes, caso do zagueiro Leonardo Silva, que era capitão do Cruzeiro.
O que não falta são teorias para o sucesso do Atlético-MG fora dos gramados. A negociação da dívida entre o clube e o banco BMG, do ex-presidente atleticano Ricardo Guimarães, é a mais comum. Venda do shopping Diamond Mall e até doação de dinheiro por parte de donos de supermercados fazem parte do imaginário do torcedor. O iG teve acesso aos balanços da gestão Alexandre Kalil e abre a caixa preta de uma administração que tem dado o que falar até entre dirigentes dos clubes brasileiros, embora os resultados dentro de campo ainda não tenham aparecido.
O balanço vai ser analisado e votado nesta quarta-feira pelo Conselho Deliberativo do Atlético-MG. Quatro pontos chamam a atenção nos números que a diretoria vai apresentar aos conselheiros. O pagamento das dívidas de gestões passadas, o aumento do patrimônio do clube, a redução de gastos para o funcionamento da entidade e maior investimento no futebol, além da supervalorização da marca Clube Atlético Mineiro.
Entre todos os números apresentados, nenhum chama tanto atenção quanto o crescimento do faturamento bruto em dois anos. O clube pulou de R$ 60 milhões em 2008 para R$ 93 milhões em 2010, sendo que o orçamento de 2011 prevê um faturamento de R$ 103 milhões. A valorização da marca fica evidente na comparação entre o que o clube recebia em 2008 com o que recebe agora em patrocínio. No ano do centenário, mesmo com toda a exposição, o total arrecadado foi de R$ 8.099.186,00 com Lotto, Fiat e FPT. Já no passado o valor foi de R$ 28.029.852,00 com Topper, Banco BMG e Ricardo Eletro.
O contrato de renovação para a transmissão do Campeonato Brasileiro deve ser assinado até 19 de maio, prazo estabelecido pela Rede Globo. Assim como Cruzeiro, Internacional, Grêmio, Fluminense e Botafogo, o Atlético-MG vai passar a ganhar R$ 53 milhões por ano. Desde 2009 o clube tem reajuste no que ganha da televisão.
Veja no quadro abaixo tudo que o clube faturou nos últimos três anos:
Arrecadação* |
2008 |
2009 |
2010 |
Bilheteria |
7.568.597,00 |
13.942.097,00 |
8.422.960,00 |
Direitos de transmissão |
20.208.814,00 |
27.579.471,00 |
29.737.834,00 |
Transações de jogadores |
11.714.533,00 |
6.978.695,00 |
10.160.985,00 |
Outras receitas atvidades esportivas |
2.930.229,00 |
2.793.145,00 |
3.209.350,00 |
Projeto torcedor colaborador |
962.549,00 |
822.247,00 |
711.237,00 |
Patrocinadores |
8.099.186,00 |
4.374.232,00 |
28.092.852,00 |
Clubes sociais e esportes amadores |
4.378.461,00 |
4.391.148,00 |
6.996.556,00 |
Receitas Patrimoniais |
4.955.689,00 |
5.245.210,00 |
6.021.268,00 |
Total |
60.818.058,00 |
66.126.245,00 |
93.290.042,00 |
*Valores em Reais (R$)
Curiosidade
No final de 2006 o Atlético-MG lançou o programa Torcedor-Colaborador, por meio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Utilizando o boleto da conta de luz, o torcedor atleticano podia doar R$ 5, R$ 10, R$ 20 ou R$ 30 por mês ao clube, sendo que ao final de 12 meses receberia um diploma do Atlético-MG. Idealizador do projeto, o então presidente Ziza Valadares esperava arrecadar cerca de R$ 800 mil por mês.
“O projeto Cemig é o mais importante da vida do Atlético, se o torcedor contribuir, nós vamos ter o maior time do Brasil”, dizia o dirigente.
O Atlético-MG chegou a ter mais de 20 mil colaboradores, passando dos R$ 300 mil mensais. Mas jamais chegou perto dos R$ 800 mil planejados por Ziza Valadares. Mais de quatro anos depois, o projeto ainda rende dinheiro ao Atlético-MG. Não chega a 1% do que o clube fatura, mas foram R$ 711.237,00 em 2010.
Atlético-MG pagou dívidas e, sem Mineirão, fechou ano no negativo
Faturamento com bilheteria caiu mais de R$ 5 milhões. Já o prejuízo operacional beirou os R$ 500 mil
Quando assumiu o Atlético-MG, o presidente Alexandre Kalil encontrou uma dívida próxima à casa dos R$ 300 milhões. Na época, um valor 500% maior que o faturamento bruto do clube. Um acordo feito com a Justiça Trabalhista, ainda na gestão de Ziza Valadares, e outro feito pelo próprio Kalil com demais credores, faz com que 25% da receita bruta do clube seja convertida em pagamentos de dívidas antigas.
Se o Atlético-MG ainda não conta com 100% do que fatura em mãos, o clube não passa mais o constrangimento de ter contas bloqueadas e nem dinheiro retido para o pagamento de credores. Com dinheiro nas mãos e ciente do que pode gastar, Kalil monta o time de futebol dentro deste orçamento. Mesmo assim o clube fechou 2010 no vermelho: déficit de R$ 474.242,00.
O valor cresce se somado com as dívidas antigas, chegando ao total de R$ 19.966.822,00. Porém, não significa que esse valor deixou de ser pago ou saiu dos cofres do clube. Mesmo assustador, os R$ 19 milhões já representam um grande avanço no pagamento das dívidas, que em 2008 alcançaram os R$ 36.475.721,00.
* http://esporte.ig.com.br/futebol/atleticomg+corta+r+17+milhoes+em+gastos+e+aplica+no+patrimonio/n1300107669727.html