São 570 quilômetros de excelentes rodovias de Johanesburgo a Durban, onde Brasil e Portugal decidem quem será o primeiro do Grupo G. Seis horas de viagem com absoluta segurança, apesar de quase 100 quilômetros de intensa neblina, e um acidente envolvendo duas carretas, com pelo menos dois mortos entre as ferragens.
Mas as quatro pistas de cada lado e a enorme área de escape do canteiro central, possibilitaram que o tráfego continuasse quase normal, apenas com velocidade mais baixa no trecho.
Quatro pedágios, que totalizam 152 rands (R$ 40), os mais prazerosos que qualquer motorista pode pagar. Em todo o percurso, radares e polícia rodoviária cuidam para que não haja abusos, além de balanças que são rigorosamente respeitadas pelos caminhoneiros. Nenhum buraco na pista de rolamento, sensação absoluta de segurança, mesmo quando se entusiasma e se esquece que a velocidade máxima permitida é de 120 km/h.
Parece mentira, mas estamos na África do Sul, cujas estradas, em sua quase totalidade, são assim há muitos anos, sem nada a ver com a Copa do Mundo.
Mas o assunto tem a ver com o Brasil, e é esse tipo de herança, ou “legado”, como gostam de dizer as nossas autoridades, que todo brasileiro gostaria de receber com a nossa Copa em 2014.
Fortunas serão gastas desnecessariamente em reforma ou construção de estádios, mas continuaremos correndo risco de morte e vendo pessoas morrendo em nossas péssimas estradas, em todos os aspectos.
Já sabemos que não teremos metrô, sonho antigo de todo belorizontino; temos certeza que não veremos a BR-040 duplicada até o Rio, ou a Fernando Dias melhorada até São Paulo, e dificilmente a assassina BH/Ipatinga, também duplicada, até 2014.