O saudoso Kafunga dizia que no futebol “quem tem, põe; quem não tem, tira”, e que: “o cartola costuma misturar nos bolsos o dinheiro dele com o dinheiro do clube, e daí a pouco não sabe mais qual dinheiro é dele, qual dinheiro é do clube. E o saudoso “mestre” continua atual, porque a legislação brasileira permite.
Só um clube/empresa pode acabar com a farra de muitos dirigentes desonestos, que ficam ricos às custas do dinheiro que vem do torcedor, razão de ser da agremiação.
Agora, uma notícia que vem de Porto Alegre vai mexer com o futebol brasileiro. É um exemplo que deveria ser seguido para que as contas dos clubes ficassem realmente transparentes.
Está no portal do jornal Zero Hora:
* Presidente do Inter receberá salário a partir de 2013
Reforma estatutária transformará o comando do clube em empresa
Uma revolução está para acontecer no Inter. Um projeto de reforma estatutária transformará o comando do clube em empresa. O presidente do biênio 2013/2014 já vai trabalhar recebendo salário. Além dele, todo o primeiro escalão, inclusive o vice de futebol, será remunerado. O projeto deve ser concluído e enviado ao Conselho Deliberativo até 2011.
Hoje, apenas a vice-presidência de marketing e o segundo e terceiro escalões do clube são assalariados. Assim, o Inter pretende trabalhar com gestão profissional, como ocorre com Manchester United (o clube mais rico do mundo, com valor patrimonial de US$ 1,8 bilhão, segundo a Forbes) e com o Barcelona – mas sem ações na bolsa, como os ingleses. As gestões desses dois clubes europeus são usadas como exemplo de organização.
Neste estudo, está prevista a criação de uma empresa com CGC (Cadastro Geral de Contribuintes) para explorar a venda de produtos.
Estacionamento deixou de ser terceirizado e aumentou lucro
Um exemplo é o estacionamento do Beira-Rio, que aumentou quatro vezes o faturamento com o fim da terceirização. E assim será com todas as áreas ainda terceirizadas.
– Segundo o projeto, o presidente e o vice de futebol serão profissionais, com dedicação exclusiva ao clube – afirmou o vice de finanças e primeiro vice-presidente do Inter, Pedro Affatato.
O dirigente argumenta que a ideia da atual gestão, que começou em 2002 com a eleição de Fernando Carvalho, sempre foi deixar o clube com boa saúde financeira.
O Inter encerrou a temporada 2009 com um superávit de R$ 40 milhões. Além disso, conforme levantamento da auditoria Crowe Horwath RCS, o Inter foi o clube que obteve o maior crescimento de receita no futebol brasileiro desde 2003, com a implantação do campeonato por pontos corridos, passando de R$ 30 milhões para R$ 142 milhões (ou um aumento de 360%).
– Nosso modelo é, sim, o Manchester United. Com a mudança de gestão, e com a criação de uma empresa para gerenciar o clube, nossas receitas crescerão pelo menos quatro vezes em pouco tempo – argumentou Affatato.