É preciso conhecer o passado para entender o presente. Nós, mineiros temos características elogiadas por brasileiros de todo o país, e outras nada positivas. Se ser desconfiado e precavido é bom, preocupar-se apenas com que o outro vai ganhar numa negociação é péssimo. E é muita gente em Minas que se morde de raiva ao ver que conhecidos, vizinhos, colegas e até parentes estão se dando bem. Concorrente, então! Vixe!
O pensamento pequeno característico de muita gente das nossas montanhas tem origem na época do Brasil colonial, muito bem explicado no livro “1808”, ótima obra do jornalista Laurentino Gomes, que relata a vinda da família real portuguesa para o país. Minas Gerais era um “estado proibido”. Por ser a principal fonte de sustentação da Corte, com seus gêneros alimentícios, ouro, pedras preciosas e outras incontáveis riquezas minerais, era preciso permissão do Imperador para se entrar em nosso território. Os portugueses vigiavam com rigor absoluto as poucas estradas existentes e não admitiam a abertura de novas vias. Isso na época se justificativa porque não era só o Rio de Janeiro, Dom João VI, família e agregados, que dependiam de Minas, mas todo o Império português no mundo. Decadente, já sem o domínio das grandes navegações, Portugal era dependente economicamente das potências de então, como Espanha, França e principalmente Inglaterra. As igrejas, palácios, e monumentos erguidos por esses países usavam ouro, prata, pedras e madeira do Brasil, com destaque para Minas Gerais.
A carne, leite, queijo e principalmente as coxinhas de frango que Dom João e toda a população do Rio consumiam, saíam do nosso estado.
Ouro Preto chegou a ter mais de 100 mil habitantes naqueles tempos; Diamantina era cercada, uma verdadeira fortaleza, onde só entrava quem Portugal permitia, para atender aos seus interesses. Tudo controlado com muita violência por tropas sanguinárias. E mesmo assim, quase 40% dessas riquezas todas
eram contrabandeadas para a Argentina e de lá para a Espanha.
Transportando essa história para o futebol de hoje, dá tristeza ver atleticanos e cruzeirenses preocupados com o que o outro está arrecadando, e agora ambas as torcidas criticando o América porque ele está falando em brigar pelos direitos dele com a Globo e pelo Mineirão.
Aí leio a coluna “Painel”, da Folha de S. Paulo de hoje, sob o título:
O maior do país
“O Corinthians já tem tudo acertado com Hypermarcas para patrocinar o clube em 2010. O valor do patrocínio é o maior do país: R$ 38 milhões. O clube alvinegro só aguarda o término do contrato com a Batavo, em 31 de dezembro, para anunciar. A empresa tem a prioridade na renovação e só conseguirá tirar a Hypermarcas caso iguale a proposta. A Hypermarcas já patrocinou o clube neste ano, usando a marca Bozzano. Até cartolas do Flamengo, que recebeu oferta de R$ 28 milhões, já sabem do valor do Corinthians.”
Palmas para o Corinthians que só consegue negociar valores como esses porque é forte o suficiente para tal.
Lembrando que só agora a nossa dupla conseguiu chegar aos R$ 10 milhões.
É questão de mercado! Precisamos crescer para chegar lá e justificar que algum patrocinador aceite pagar quantias como essas. Nenhuma empresa é instituição de caridade!