Os americanos espalhados pelo mundo têm aparecido aos montes. Essa veio de Miami-EUA, do Cacá Tomazzi, que mora lá há anos, mas é mineiro, da nossa querida Conceição do Mato Dentro. Confira:
“Dario José dos Santos, o Dario Peito de Aço, Rei Dadá, ou Dadá Maravilha. Desengonçado, grosso, folclórico e, acima de tudo, goleador. Nascido e criado na pobreza, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, aos16 anos de idade investiu os dividentos de um furto na compra de uma bola. Daí nasceu a amizade que o livrou da Febem e da marginalidade. Compensou a sua pouca intimidade com a bola com esforço e sorte. O destino colocou em seu caminho pessoas que souberam reconhecer sua obstinação. Primeiro Gradim, então treinador do Campo Grande, que aceitou sua proposta de deixá-lo treinar ainda que sem salário, so queria a comida. Gradim abriu os olhos do jovem aspirante a jogador de futebol para uma realidade difícil, quando lhe disse: você, como jogador de futebol, tem 800 defeitos, e só duas qualidades, uma impulsão incrível e muita velocidade. Depois foi para o Atlético Mineiro como contrapeso na venda do meio-de-cancha Carlinhos. Era o popular bonde. No primeiro treinamento no novo time saiu do campo exausto, suando em bicas, de tanto correr, mas não viu a cor da bola. Ainda teve que ouvir de um companheiro de time: é neguinho, você além de feio é muito ruim. Mas no Atlético Dario encontrou o mestre Telê Santana, e desse encontro nasceu um dos maiores jogadores do futebol. Telê viu no desengonçado Dario o parceiro ideal para o ponta esquerda Tião. Tião era presiso nos cruzamentos, especialista em pingar a bola na área adversária, e por essa habilidade recebeu o apelido de Tião Cavadinha. Tião punha a bola onde lhe pediam, e Dario, com a impulsão e velocidade que Deus lhe deu, chegava primeiro que o os beques, por cima ou por baixo. Chegar, chegava, o que fazer com a bola ja era outro problema. E Dario resolvia êsse problema da maneira mais simples, de qualquer maneira. De canela, de peito, na trombada, fôsse como fôsse o resultado era sempre o mesmo, bola na rêde. O faro de gol e tenacidade de matador fizeram de Dario artilheiro nos grandes times por que passou. Fez o gol que deu ao Atlético o campeonato brasileiro de 71, de cabeça num cruzamento do Tião Cavadinha, e em 76 jogando contra o Vasco, subiu mais que Moisés para fazer, tambem de cabeça, o gol que deu ao Internacional o bicampeonato brasileiro.
Tido como simplório, Dario é na verdade dotado de fina inteligencia. Além de goleador, foi marketeiro de primeiríssima linha. Promovia as partidas provocando as torcidas adversárias com classe. Prometia gols e a êles dava nomes.Quem viu nunca se esquecerá de Dario terminando seu aquecimento antes dos jogos com piques em frente à torcida adversária, exagerando ainda mais sua forma desengonçada. E mesmo em dia de clássico, quando a palavra de ordem é seriedade, ainda tentava uma jogada de efeito. O resultado era sempre catastrófico, e o estádio quase vinha abaixo. Teria sido o precursor da pedalada se conseguisse dar uma só sem tropeçar na bola. Fazia a alegria dos repórteres esportivos com respostas de efeito. Perguntado sobre seus gols de canela, respondeu que não existe gol feio, feio é não fazer gols. Explicou sua qualidade de cabeceador comparando-se ao beija-flor e helicoptero: podia parar no ar. Fez parte da seleção brasileira de 70, e cobrado por não ter jogado um só minuto, explicou que prometera a Pelé não jogar para não tomar dêle a condição de Rei do Futebol.
Dario é hoje comentarista esportivo da rede Alterosa de Minas Gerais. Em programa recente, foi provocado por Jair Bala, maior artilheiro da historia do América Mineiro, que lhe disse que, apesar de ter jogado em 16 clubes de futebol, seu currículo não era completo, porque êle não jogou no América. Dario respondeu com a sinceridade e inteligência que lhe são peculiares. Disse que chegou até a treinar no Vale Verde, mas na hora de assinar o contrato tremeu, porque no América as coisas são diferentes. Dario tem razão, as coisas no América são diferentes. Pela simples razão de que o Coelho tem por compromisso levar o futebol ao estado de arte, e desse compromisso não abre mão nunca. Para quem duvidar, é só dar uma olhada no vídeo que acompanha essa mensagem. Se o link não abrir, tente o endereço
http://www.superesportes.com.br/ed_esportes/001/template_esportes_001_132016.shtml
Os que gostam do futebol-arte certamente vão deliciar-se com o drible refinado de Luciano no goleiro adversário para entrar com bola e tudo e fazer o primeiro gol do Coelho. A magia de Irênio na cobrança de falta, dando vida à bola para que ela se livrasse dos jogadores adversários até chegar aos pés de Leandro Ferreira, que concluiu de chapinha, com simplicidade e precisão. E no terceiro gol, o refinamento de Bruno Mineiro ao aplicar graciosa gaúcha no marcador, levar para a direita e definir com a categoria que se espera dos que vestem a camisa do Maior de Minas. Trés golaços do meu América, três obras de arte que quero compartir com os amigos.”