Senhoras e senhores, o América vendeu os mandos de campo contra Flamengo, Palmeiras e São Paulo para empresários que estão trabalhando nessa atividade no Campeonato Brasileiro. Uma grande contribuição ao descrédito do futebol nacional, que vai se somando. Com isso cada vez mais pessoas vão jogando a toalha. Nem tanto pelo que os times fazem dentro de campo, já que perder, empatar e ganhar faz parte do jogo. Há outros clubes envolvidos na briga pelas primeiras e últimas posições da competição, mas, se aceitaram que houvesse essa brecha no regulamento, fazer o quê? O problema maior é quando os dirigentes não cumprem com o que se comprometem com os seus próprios torcedores. Você se torna “sócio-torcedor”, paga para ter um assento no estádio do seu time em todas as partidas locais e de repente, a diretoria vende o mando de campo para milhares de quilômetros de distância de sua casa. Quando as instituições não se fazem respeitar, perdem o respeito e dão péssimo exemplo.
Leia com atenção dos argumentos do Márcio Amorim, americano sempre presente, de corpo e alma. Os argumentos dele são fortíssimos. Uma porretada, que a diretoria americana precisa se explicar. Pode até gerar ações jurídicas de outros sócios-torcedores que também se sentirem lesados em seus direitos:
* “Caro Chico!
Mais uma vez recorro a você, em nome da confiança adquirida ao longo de anos de amizade, para ajudar no que segue:
“Fomos surpreendidos (talvez nem tanto, por se tratar de onde vem) com a notícia de que o América “está vendendo/vendeu” os mandos de campo contra Flamengo, Palmeiras e São Paulo, para “campo neutro” no norte, nordeste e centro-oeste. Tudo em nome de maior arrecadação.
Devo dizer que, com todo respeito que preciso ter pelas opiniões contrárias à minha, não estou nem aí para os problemas desta diretoria contumaz em cometer erros grotescos e absurdos. Quer nas contratações, quer na política de preços de ingressos, quer em qualquer outra área de atividade. Este será, talvez, apenas mais um equívoco, com a marca da deslealdade.
Na minha modesta opinião, e sei que não é só a minha, estamos sendo vítimas de um calote. Não vou mais amaciar, com eufemismos educados, quem demonstra não ter o menor respeito com torcedores.
A diretoria descobriu uma forma de “obrigar” os mil e poucos remanescentes da imensa torcida que o América tinha a virar sócios-torcedores. Depois criou a benevolência burra de duas cortesias por sócio. ERRADO! Eu e meus dois filhos embarcamos nesta e pagamos a anuidade em parcela única.
Com as duas “cortesias”, bastaria que apenas um fosse sócio-torcedor porque a entrada dos três estaria garantida. O resultado da burrice é que as cortesias são vendidas, a largo, a 20,00 nas ruas, enquanto as bilheterias cobram 100,00 e os caixas ficam jogados às traças. Tanta bobagem merece ser castigada.
Ademais, os jogos contra Botafogo, Flamengo, Palmeiras e São Paulo interessam de perto aos torcedores de Atlético e Cruzeiro. Com ingressos a 20,00, que é o preço da rua, e o valor real do futebol apresentado, se tanto, e em horários que não coincidissem com jogos dos rivais locais, teríamos estádio cheio, lucro garantido, e apoio das torcidas, sem precisar roubar os americanos. É o que estão fazendo.
Sinto-me assaltado, principalmente nos meus sonhos de ver times importantes do cenário nacional, aqui, em casa, independentemente da situação vergonhosa em que nos encontramos. Chacota nacional, resta-nos agarrar a sonhos pequenos e impossíveis, como lutar pela permanência na Série A.
Estão nos roubando este sonho, que já foi pago com antecedência, muito anterior à realidade cruel desta campanha para lá de medíocre. Acreditamos, pagamos e estamos no prejuízo. Este sonho vai, sim, ser sepultado em “campos neutros”.
O campeonato, ainda que pelo simples prazer de ver grandes times – o futuro volta a ser os luverdenses da vida – repito, o campeonato estaria definitivamente encerrado. Restariam peladas homéricas para quem pagou por sonho alto.
Gostaria de encerrar, dizendo que exijo o direito de torcer até o fim, pelo qual paguei. Quero o direito de gastar cada centavo que me usurparam. Encerro, repetindo que não estou nem aí para o problema financeiro da diretoria. Ela foi jogada na lama das dívidas pela própria incompetência. EU FIZ A MINHA PARTE”! Exijo respeito!”
Márcio Amorim