O América precisa lembrar bem o seu passado recente para não repetir erros que o levaram à segunda divisão mineira.
Quando assumiu a presidência, o bem intencionado, porém inexperiente em futebol Antônio Baltazar, se empolgou com a ideia de inovar na comissão técnica do Coelho.
Alguém disse a ele que havia um treinador “espetacular” no Rio Grande do Sul, que poderia “revolucionar” o futebol brasileiro e que o América seria o clube ideal para o cidadão iniciar essa “revolução”.
O curriculum dele era muito bom, mas na prática não surtiu o efeito desejado.
Foi um fracasso retumbante e o preço pago foi o rebaixamento.
Agora, de repente o Coelho lançou o nome de Vinícius Eutrópio, técnico do Duque de Caxias, do Rio, de curriculum também muito interessante.
Ótimo que iniciou-se uma vasculhada geral no trabalho dele para que o América não corra o risco de entrar em uma nova barca furada.
Com todo o respeito que todo profissional merece, o Coelho precisa de um treinador que conheça bem a sua própria base e os jogadores de ótimo potencial que atuam na terceira, segunda e primeira divisões de Minas.
Por exemplo, há um zagueiro bom demais no Democrata Jacaré, de nome Ciro, que, acredito, tem condição de brigar para ser titular no Galo ou no Cruzeiro. E sabem a quem ele pertence? Ao América Futebol Clube que o emprestou ao Jacaré. Seria um “Bernard” da zaga?
Não sei se tanto, mas joga muito; faz lembrar o Clebão, ex-Atlético, Cruzeiro e Palmeiras.
Assim como ele, há outros em várias posições, de ótimo potencial, que precisam ser bem observados, e para isso, só os treinadores mineiros, que convivem aqui e conversam entre si.
Um técnico de fora vai apresentar lista de “reforços” composta obviamente de jogadores de fora, que custarão muito mais caro e que ninguém das bandas de cá conhece.
Até mostrarem que não jogam nada mais um campeonato estará acabando e o dinheiro do clube idem.
Minas Gerais tem dois grandes nomes no cenário nacional dos treinadores atualmente, que tiveram que sair do estado para serem reconhecidos: Ney Franco e Marcelo Oliveira.
Do jeito que os nossos três maiores clubes agem em termos de contratações de treinadores, jamais revelaremos novos Telê Santana, Carlos Alberto Silva, Martin Francisco e vários outros que saíram das nossas montanhas para fazer sucesso em grandes clubes do mundo e seleção brasileira.
O Superesportes de hoje fez uma ótima reportagem sobre essa ideia do América de importar uma promessa de treinador:
* “Jornalistas analisam trabalho de técnico pretendido pelo América para 2013”
Para repórter que acompanha o Duque de Caxias, Vinícius Eutrópio precisa de mais experiência antes de assumir o América; já jornalista português aprova contratação
Ailton do Vale – Superesportes
O gerente de futebol do América, Jair Albano Félix, confirmou nesta quinta-feira que o técnico do Duque de Caxias, Vinícius Eutrópio, está na mira do clube para a temporada 2013. Para traçar um perfil do possível treinador do Coelho no próximo ano, o Superesportes entrevistou dois jornalistas que acompanharam de perto a carreira de Eutrópio.
De acordo com Guilherme Righetto, do portal Futebol Interior, que faz a cobertura do Duque de Caxias na Série C do Brasileiro, Vinícius Eutrópio ainda precisa de mais experiência. Para o jornalista, a responsabilidade de assumir um grande clube como o América não seria interessante para o treinador no momento.
“Ele tem uma boa campanha no Duque de Caxias na Série C. Mas ele teve a oportunidade de comandar o Barueri, neste ano, na Série B, e não deu certo. Ele ficou pouco tempo e foi demitido. Acredito que o América precisa de algo a mais para voltar à divisão de elite e o Eutrópio necessita de mais experiência”, ponderou.
Em oito jogos sob o comando do treinador, o Duque de Caxias venceu cinco partidas, empatou duas e perdeu apenas uma. Guilherme Righetto explica que Vinícius Eutrópio se destaca por ter um perfil de ‘paizão’: o técnico preza pela união do grupo e consegue extrair desempenho máximo de seus jogadores.
“O Duque de Caxias começou mal a Série C com o técnico Hamilton Oliveira e caiu para as últimas posições. Quando o Vinícius Eutrópio assumiu, tudo mudou. Foi uma mudança mais motivacional. Ele conseguiu unir o grupo mesmo com atraso de salários. O time tem falta de patrocinadores e investidor. Não é um time forte. Mas a equipe conseguiu vencer oito jogos seguidos. Ele parece um técnico mais ‘paizão’ como o Joel Santana. Ele colocou o elenco unido”, concluiu.
Além de Duque de Caxias e Barueri, Vinícius Eutrópio já comandou Ituano, Fluminense e Estoril, de Portugal. No clube portugûes, ele conquistou seu único título como treinador: a Liga Centenário, em 2011. Segundo o jornalista Norberto Lopes, do Jornal de Notícias, da cidade do Porto, Vinícius Eutrópio gosta de aproveitar os talentos da base e pode ser uma boa opção para o América.
“É um treinador que fez um bom trabalho no Estoril embora não tenha subido de divisão com o clube. O Estoril praticava bom futebol, é um treinador que gosta de apostar em jovens e na época passada chegou a ser o único treinador estrangeiro nos dois campeonatos profissionais portugueses. Na época passada, foi despedido depois da quinta jornada, porque o Estoril apenas tinha somado cinco pontos em 15 possíveis”.
Eutrópio jogou profissionalmente por 16 anos e teve passagem pelo América em 1988. Como técnico, seus principais resultados foram o terceiro lugar do Campeonato Paulista com Grêmio Barueri, em 2010, e o título da Liga Centenário com o Estoril.
Antes de se tornar técnico em 2009, Eutrópio trabalhou como assistente em grandes clubes, como Atlético-PR e Fluminense, que, inclusive, chegou a dirigir interinamente. Na Copa do Mundo de 2010, Vinícius Eutrópio trabalhou como observador-técnico de Carlos Alberto Pareira na Seleção da África do Sul, anfitriã daquele Mundial.
Formado em educação física, Eutrópio tem no currículo trabalhos como auxiliar de renomados treinadores, como Abel Braga, Evaristo Macedo, Joel Santana, Antônio Lopes e Lothar Mathaus, durante passagem de seis jogos.