Que os caminhantes, moradores e comerciantes da Praça da Liberdade, Savassi, Santa Tereza, Alto das Mangabeiras, Belverdere, Centro e Pampulha não se assustem quando saírem bem cedo ou abrir as suas portas e depararem com verdadeiras hordas cambaleantes, dormindo ou simplesmente passando numa boa, meio sem destino.
Às vezes vão pedir alguma informação, nos mais diferentes idiomas; às vezes apenas cumprimentar ou nem isso.
Também podem estar entoando algum refrão, bastante barulhento, difícil de entender, mas sempre na paz. Serão os turistas torcedores de alguma seleção que estará em nossa capital ano que vem para a Copa das Confederações e em 2014 para o Mundial.
Quem, como eu, sai para caminhar em torno das seis da manhã, testemunha cenas desse tipo em cidades que abrigam grandes eventos, como a Eurocopa.
Quando os jogos são aos domingos a festa começa na sexta-feira e para a cidade. É puro carnaval, inclusive com grupos fantasiados e muitos instrumentos musicais, de todos os estilos. Para quem investe em ir a um acontecimento como este, a única palavra de ordem é: divertir.
A partir do meio dia os bares, restaurantes, shoppings e comércio em geral, melhor localizados e mais famosos, ficam lotados e rapidamente insuficientes, provocando o deslocamento rápido para outras regiões. O movimento dura enquanto os estabelecimentos estiverem abertos. A primeira boate que se abre lota em questão de minutos e o porteiro informa quais estão ou estarão disponíveis.
Quando o dia amanhece as muitas tribos se encontram ou cruzam pelas ruas, praças e bares remanescentes da noite ou os que estão se abrindo naquele instante.
Já estou imaginando que festas diárias, fantásticas, serão o Mercado Central, a Praça de Santa Tereza, com o “Rochedão” do Bolão e demais bares, já tradicionais em receber notívagos, que vão tomar a saideira e curtir a vida. Sim, porque a boa fama dos melhores lugares se espalha como rastilho de pólvora entre essa gente.
E haja táxis, ônibus, carona e seja lá o que for para levar estes milhares de convidados.
O idioma pouco importa. Com paciência, boa vontade e um sorriso, dá tudo certo e as pessoas se entendem. A Ucrânia é o melhor exemplo que estou tendo disso. Raros ucranianos falam algum idioma diferente, mas nenhum estrangeiro reclamou disso até agora.
Sábado o comércio lotado o dia todo, artesãos vendendo os seus produtos nas praças, artistas de todas espécies vendendo bem o seu peixe.
São U$ milhões em dinheiro novo, de fora, de todas as partes do mundo, passando a circular na economia formal e informal.
No primeiro hotel que procurei, o mesmo papo bem comum no comércio brasileiro: “custa 2 mil hryvnia, mas se for no dinheiro e sem nota fiscal há um desconto de 50%”. Com 1 real se compra 4 hryvnia.
Muitos torcedores dormem em barracas, nas praças, dentro de automóveis ou na casa da amiga que conheceu horas antes na noite.
No dia do jogo a farra continua até umas quatro horas antes do jogo, quando chega a hora de se misturar com os adversários e ir para o estádio. Sempre em festa, com raras exceções!
Depois da partida a farra continua, em menor intensidade, e na segunda-feira, lentamente o circo começa se deslocar até a próxima cidade onde haverá o jogo de interesse.
Depois da festa
Muitos torcedores, como estes dormem nos jardins dos parques, barracas, nas praças, dentro de automóveis ou na casa da amiga que conheceu horas antes na noite, no bar, na balada ou numa conversa informal.
Em Belo Horizonte não será diferente e a população precisa ter paciência, pois toda a cidade ganha.